Livro lançado pela BestSeller em 1965 |
Comprei “Goldfinger” num sebo, já que a obra de Ian
Fleming, na época, estava esgotada e sem nenhuma previsão de relançamento por
parte de alguma editora. Hoje o panorama mudou, já que o título foi relançado
em 2013 pela Alfaguara e ainda pode ser encontrado com facilidade em qualquer
livraria ou sebo.
Fiquei muito feliz ao ter fisgado a edição capa
branca da BestSeller lançada em 1965: uma verdadeira preciosidade. O livro, a
exemplo do filme, é muito bom e devorei as suas páginas em pouco tempo.
Acho “Goldfinger”, juntamente com “Dr. No”, “Moscou
Contra 007”
e “Viva ou Deixe Morrer” os melhores de toda a série original escrita por
Fleming.
A maioria dos posts que li comparando livro e filme
são quase unânimes em afirmar que não há muita diferença entre eles, com os
roteiristas da produção cinematográfica de 1964 optando por manter as
características do romance escrito por Fleming.
Eu concordo com essa colocação, mas até certo ponto.
De fato, o enredo do livro se parece muito com o roteiro do filme, mas o pouco
do livro que não faz parte do filme, faz com que o livro se torne muito melhor
do que filme. Viche! Acho que promovi um
festival de redundâncias por aqui! Mas, paciência, esta foi a melhor maneira
que encontrei para explicar que por mais que se pareçam, o livro sempre irá
superar o filme com Sean Connery.
Para começar, a Pussy Galore do cinema – vivida pela
competente Honor Blackman –
não chega aos pés da Pussy Galore das páginas.
Apesar de viver numa época cheia de preconceitos e tabus – principalmente
sexuais – Fleming foi ousado ao criar uma personagem declaradamente lésbica. Ele
foi ainda mais longe ao incluir no enredo um relacionamento homossexual entre
duas mulheres. A Galore idealizada por Fleming é o máximo. Tão ousada quanto o
seu criador. Ela domina todos os trechos do enredo onde aparece.
Edição mais recente lançada pela Alfaguara |
Os diálogos entre a personagem e James Bond são
imperdíveis. Bem que no início, o agente inglês ainda tentou jogar o seu charme
e conversa fiada para cima da ‘moça’, mas dançou bonito.
Deixando de lado as suas preferências sexuais,
Galore é uma personagem carismática ao extremo, daquelas que conquista os
leitores logo de cara pela sua força, coragem e sinceridade, mesmo sendo uma
ladra pertencente ao time de capangas do vilão, mas que no final acaba trocando
de lado.
Toda essa complexidade da personagem foi podada nas
telas. Com medo de ousar, os produtores decidiram amenizar – e muito - o homossexualismo de Galore, matando assim,
toda a sua essência, ambigüidade e consequentemente o interesse do cinéfilo.
Outro momento marcante do livro completamente
modificado no filme foi o confronto entre 007 e a montanha de músculos chamada
Oddjob, o guarda-costas de Auric Goldfinger. Nas telas, o confronto acontece no
interior do Fort Knox, onde o grandalhão morre eletrocutado ao tentar retirar o
seu ‘chapéu voador’ com aba de navalha que havia ficado grudado num cabo de
alta tensão. Nas páginas, o ‘pega-pra-capá’ é muito mais tenso, já que acontece
no interior de um avião em pleno vôo.
Fleming descreve uma luta de tirar o
fôlego, só decidida no último momento.
Honor Blackman como Pussy Galore no filme 007 Contra Goldfinger |
Quanto aos diálogos entre Bond e Goldfinger durante
uma partida de golfe que muitos acharam cansativos no livro; eu simplesmente,
os devorei. Eles exprimem toda a tensão existente entre os dois rivais; tensão
que vai aumentando a cada novo lance e troca de palavras entre os rivais.
Portanto, o que se passa rapidamente nas telas, acaba sendo amplamente
detalhado no livro.
A participação do agente da Cia, Felix Leiter, no clímax
final da história é outro trecho imperdível da obra. Sou fã do cara nos livros.
Ao contrário daquele Félix chato e sisudo dos cinemas interpretado por Jack
Lord, o personagem das páginas é gozador ao extremo e dono de um humor ácido.
Cara, com certeza, o filme é muito bom, mas o livro
é melhor. E como é!
Um comentário
Concordo. Na minha opinião está no "Top Five" dos melhores filmes de James Bond. A musica de abertura na interpretação de Shirley Bassey é simplesmente memorável.
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