Nunca fui fã de biografias e autobiografias. Só leio
se me interessar e olha lá! Mas, confesso que algumas – bem poucas, é verdade –
me agradaram, entre elas destaco “O Outro Lado de Mim” e “Elvis e Eu”. Li esses
dois livros porque sou fã ao limite de Sidney Sheldon e também do eterno Rei do
Rock, por isso fiquei interessado em conhecer alguns detalhes sobre as suas
vidas. Digamos que tenha sido um ataque de fã tresloucado que me levou a tomar
essa atitude. Mas... mas... bem, sempre tem as exceções, como por exemplo,
aquelas saborosas biografias não autorizadas que ‘volta e meia’ aparecem
forrando as prateleiras das livrarias, deixando muitas pessoas de cabelo em pé
e com a pressão arterial nas nuvens, principalmente os personagens desses
enredos reais. Caraca! De repente aquele sujeito que faz pose de santinho, do
tipo protetor dos pobres e oprimidos - mas que entre quatro paredes é um
verdadeiro cão - vê os seus pecados expostos por algum guarda-costa despedido,
um jornalista desaforido ou então por uma mulher traída e escanteada. Pronto! A
coisa ferve!
Podem me taxar de curioso, sensacionalista e até
mesmo de leitorzinho sem qualidade. Tudo bem eu aceito; mas não venha querer
dar uma de santinha ou santinho e dizer que nunca teve vontade de conhecer os
bastidores da vida de Elvis Presley, Roberto Carlos, Michael Jackson, Tina
Turner ou até mesmo Getúlio Vargas? Claro que sim! Até mesmo aqueles que não
são fãs desse gênero literário, assim como eu.
Em homenagem a galera dos curiosos resolvi escrever
um post sobre cinco biografias apimentadas que renderam muita dor de cabeça
para as “vítimas” e também para os autores. Os primeiros tiveram a vida
inteiramente vasculhada e com isso, segredos que vinham sendo guardados a sete
chaves acabaram se tornando públicos; os segundos tiveram que “brigar” contra
processos que exigiam o pagamento de verdadeiras fortunas por calúnia e
difamação.
Vamos às obras!
01
– “Lampião – O Mata Sete” (Pedro de Morais)
E se alguém lhe falasse que Virgulino Ferreira, o
temido e famoso Lampião, rei do cangaço era gay? Pois é, Pedro Morais, juiz
aposentado e autor da polêmica obra “Lampião – O Mata Sete”, garante que sim. O
autor afirma que o seu livro foi escrito baseado em pesquisas sólidas, tendo
colhido, inclusive depoimentos de remanescentes de Virgulino e Maria Bonita.
Um dos pontos do livro de Pedro Morais que mais causou
barulho foi o triângulo amoroso entre Lampião, Maria Bonita e Luiz Pedro. Confiram
o que disse o escritor numa de suas entrevistas:
- “Desde 1960, estudo sobre Lampião. Estudo e fui a
lugares por onde ele andou. Tenho depoimentos de remanescentes, de parentes de
Maria Bonita, de Lampião. Que ela era adúltera, está em todos os livros. O que
eu digo e mostro é que havia no cangaço um trio amoroso, envolvendo Lampião,
Maria Bonita e Luiz Pedro, o amor dos dois. Luiz Pedro era um cangaceiro,
namorado de Lampião, e trocaram juras de amor eterno. Certa vez, Luiz Pedro
matou o irmão de Lampião, que era a coisa que Lampião mais queria bem, e, em
troca, Lampião, que nunca foi de clemência, absolveu Luiz Pedro, exigindo dele
juras de que jamais se separariam. Isso não me parece coisa de macho.”
PQP! PQP novamente! PQP um milhão de vezes! PQP
quantas vezes for necessário!! Caramba, estou babando de estarrecimento! Cara,
desde criança, eu considerada Lampião o cabra mais macho do mundo e agora,
querem retratá-lo com a “Flor do Sertão”!
Em sua obra, Morais também desmistifica a fama de
justiceiro de Lampião e o retrata como um verdadeiro facínora, capaz de
executar verdadeiras monstruosidades por puro capricho.
Familiares do cangaceiro entraram com um pedido na
Justiça para proibir as vendas da obra. Eles acabaram ganhando em primeira
instância e assim, “Lampião – O Mata Sete” havia entrado para o rol das obras
censuradas, mas agora, após três anos de brigas nos tribunais, o escritor e
juiz aposentado teve autorização para lançar o livro.
No processo, o desembargador Cezário Siqueira Neto
aponta que, no caso de familiares se sentirem ofendidos pelo conteúdo “podem se
valer dos meios legais cabíveis”. Para o jurista, impedir a publicação seria
“medida de censura”. A outra parte do processo é a neta de Lampião, Vera
Ferreira.
O livro, de 306 páginas, ainda não tem data para ser lançado. Segundo o autor, há mil exemplares prontos e uma tiragem de 10 mil livros encomendada.
O livro, de 306 páginas, ainda não tem data para ser lançado. Segundo o autor, há mil exemplares prontos e uma tiragem de 10 mil livros encomendada.
Aguardemos, mas com certeza Lampião deve estar se
remexendo no fundo da cova; tenha sido ele um cangaceiro ou uma florzinha do
sertão, não importa.
02
- Roberto Carlos em Detalhes (Paulo César de Araújo)
O livro escrito por Paulo César de Araújo, lançado
em 2006, foi recolhido no ano seguinte, após um acordo entre o músico, a
editora Planeta e o autor. Resumindo: autor e editora se borraram inteiros
temendo levar um processo nas costas. O tal Roberto deve ter caprichado nas
ameaças, já que Araújo e a Planeta “colocaram” o rabinho no meio das pernas e
concordaram que os livros fossem recolhidos das bancas.
Por causa dessa briga, “Roberto Carlos em Detalhes”
ganhou o status de livro raro, já que nem todos os leitores que pretendiam adquiri-lo
foram rápidos o suficiente. Pois é man, se você tem o livro, sinta-se um
felizardo.
Araújo afirma que demorou 16 anos para escrever
“Roberto Carlos em Detalhes”. Foram inúmeras pesquisas e entrevistas com
pessoas ligadas ao “Rei” que concordaram em passar informações importantes
desde que fosse mantido sigilo sobre os seus nomes.
Na obra o autor conta em detalhes como foi o
acidente sofrido por Roberto Carlos numa estação ferroviária, quando foi
atropelado por uma locomotiva a vapor. Na época, ainda criança, a sua perna
direita teve de ser amputada até pouco abaixo do joelho. Araújo revela que o
Roberto e a coleguinha de escola Fifinha estavam na plataforma da estação. Quando
o trem se aproximava, a professora puxou repentinamente a menina com medo que
ela caísse. Roberto, que estava de costas para os trilhos, assustou-se e acabou
caindo. Ele usou muletas até os 15 anos, quando colocou a sua primeira prótese
– essa parte de sua perna é mecânica.
Outra revelação polêmica foi a briga existente entre
Roberto e Erasmo perto do final da jovem guarda. O tremendão teria ganhado o
troféu de melhor compositor e no momento de receber a premiação acabou se
esquecendo de se referir ao parceiro inseparável. De acordo com a obra, eles
ficaram sem conversar por mais de um ano, mas por questões contratuais eram
obrigados a fingir que eram amigos em público.
Há ainda muitas outras passagens interessantes, mas
como a venda do livro está proibida, acredito que elas continuarão conhecidas por
poucos privilegiados que conseguiram adquirir “Roberto Carlos em Detalhes”
antes do seu recolhimento.
Ok, ok, fique triste não, porque nem tudo está
perdido. Se você ‘dormiu no ponto’, basta acessar o portal da Estante Virtual (www.estantevirtual.com.br).
Há vários exemplares por lá. O problema é o preço que varia de R$ 298,00 a R$ 1.299,98.
Alguém se arrisca??
03
– Marilyn e JFK (Francois Forestier)
Os familiares de JFK cuspiram marimbondos de fogo
quando tomaram conhecimento dessa biografia não autorizada, mas de nada
adiantou, porque após acirradas batalhas nos tribunais, a Justiça americana
acabou optando pela liberação da obra.
O livro de Forstier foi lançado em 2009 e narra
informações chocantes sobre os hábitos nada salutares do ex- presidente dos EUA
John Fitzgerald Kennedy. Segundo a publicação ele dormia com dezenas de
prostitutas, estrelas do cinema e mulheres de amigos. O autor descreve também o
consumo de diversas drogas por Kennedy como maconha, anfetaminas, cocaína e
LSD. E relata o amor secreto e trágico entre Marilyn
Monroe e John e a luta para manter em segredo um relacionamento de dez
anos. Por trás da imagem da loira fatal havia uma pobre moça à beira da
loucura, ninfomaníaca, viciada em drogas e apaixonada.
Forestier relata ainda que o affair entre as figuras
públicas durou anos, enquanto Kennedy era casado com Jackie Kennedy,
e em meio ao romance, Marilyn teria chegado a se envolver com o irmão mais novo
do presidente, Robert Kennedy.
Outra passagem interessante do livro é aquela em que
Marilyn teria cantado “Happy Birthday, Mr.
President” de maneira tão animada e provocativa, o que teria despertado
a ira da primeira dama Jackie Kennedy Onassis. A partir daí, ela deu um ultimato para que Kennedy se afastasse da
amante. O aniversário teria sido a última vez em que os amantes se viram.
O livro pode ser encontrado em vários “sebos da vida”.
04
– Angelina (Andrew Morton)
Esta biografia não autorizada é trucão pesado!
Pudera que os advogados da atriz tentaram mover céus e terra para proibir o seu
lançamento, mas não conseguiram. Escrita por Andrew Morton, o mesmo que causou
uma bafafá danado ao revelar segredos sobre a vida de personalidades com Lady
Di e Tom Cruise, “Angelina” traz detalhes sobre o vício da atriz em heroína, as
festas sadomasoquistas, as passagens por hospitais psiquiátricos e, até mesmo,
a tentativa de contratar um assassino profissional para que a matasse.
Morton afirma que Angelina sempre teve uma certa
tara por homens casados, tanto é que já planejava roubar Brad Pitt dos braços
de Jennifer Aniston mesmo antes de conhecê-lo pessoalmente. E isso teria se
repetido com os atores Johnny Depp e Willem Dafoe.
Mas o que teria levado Brad Pitt a se envolver com
Angelina Jolie? No livro, o autor conta que Pitt já estava cansado do jeito
carente de Jennifer Aniston e teria se encantado com a maneira rebelde e
independente de Jolie o que o levou a dar um ‘chega pra lá’ na esposa. Essa
possível atração por homens comprometidos seria, segundo Morton, ligada ao fato
de Jon Voight, pai de Angelina, ter traído a mãe da atriz.
O livro trata Angelina Jolie como uma devoradora de
homens casados e consumidora padrão de heroína e cocaína. Como já disse, uma
biografia ‘trucão pesado’.
05
– Sinfonia Minas Gerais – A Vida e a Literatura de João Guimarães Rosa (Alaor
Barbosa)
Em 2008, a Justiça autorizou a retirada do livro
sobre a vida de Guimarães Rosa de todas as livrarias do País, acatando um
pedido de Vilma Guimarães Rosa, filha do famoso poeta. Além de ser contra o
livro que não havia autorizado, Vilma acusava a obra de possuir trechos
plagiados de seu livro “Relembramentos: João Guimarães, Meu Pai”. Por outro
lado, alaor Barbosa se defende
dizendo que não está plagiando ninguém. "Este é um livro que ela chama de
biografia, mas que traz documentos, cartas, discursos de Guimarães", explicou
recentemente ao jornal O Estado de São Paulo. Ele diz que usou o conteúdo de tais
trechos em seu livro, mas em quantidade menor do que a apontada por Vilma.
"Além do mais, são trechos que não são da autoria dela."
Pelo pouco que pesquisei, o texto escrito por
Barbosa não tem conteúdo polêmico ou ofensivo contra Guimarães Rosa; o problema
se restringe a acusação de plágio movida por Vilma.
Agora, a boa notícia para os leitores que desejam
ler a obra é que numa decisão inédita no Brasil, um tribunal acaba de permitir
que uma biografia não autorizada pelos herdeiros do biografado seja lançada. E
com isso, “Sinfonia Minas Gerais – A Vida e a Literatura de João Guimarães Rosa”
está de volta às livrarias.
Fui!
Postar um comentário