Cinco biografias não autorizadas que deram um bafafá danado

08 novembro 2014

Nunca fui fã de biografias e autobiografias. Só leio se me interessar e olha lá! Mas, confesso que algumas – bem poucas, é verdade – me agradaram, entre elas destaco “O Outro Lado de Mim” e “Elvis e Eu”. Li esses dois livros porque sou fã ao limite de Sidney Sheldon e também do eterno Rei do Rock, por isso fiquei interessado em conhecer alguns detalhes sobre as suas vidas. Digamos que tenha sido um ataque de fã tresloucado que me levou a tomar essa atitude. Mas... mas... bem, sempre tem as exceções, como por exemplo, aquelas saborosas biografias não autorizadas que ‘volta e meia’ aparecem forrando as prateleiras das livrarias, deixando muitas pessoas de cabelo em pé e com a pressão arterial nas nuvens, principalmente os personagens desses enredos reais. Caraca! De repente aquele sujeito que faz pose de santinho, do tipo protetor dos pobres e oprimidos - mas que entre quatro paredes é um verdadeiro cão - vê os seus pecados expostos por algum guarda-costa despedido, um jornalista desaforido ou então por uma mulher traída e escanteada. Pronto! A coisa ferve!
Podem me taxar de curioso, sensacionalista e até mesmo de leitorzinho sem qualidade. Tudo bem eu aceito; mas não venha querer dar uma de santinha ou santinho e dizer que nunca teve vontade de conhecer os bastidores da vida de Elvis Presley, Roberto Carlos, Michael Jackson, Tina Turner ou até mesmo Getúlio Vargas? Claro que sim! Até mesmo aqueles que não são fãs desse gênero literário, assim como eu.
Em homenagem a galera dos curiosos resolvi escrever um post sobre cinco biografias apimentadas que renderam muita dor de cabeça para as “vítimas” e também para os autores. Os primeiros tiveram a vida inteiramente vasculhada e com isso, segredos que vinham sendo guardados a sete chaves acabaram se tornando públicos; os segundos tiveram que “brigar” contra processos que exigiam o pagamento de verdadeiras fortunas por calúnia e difamação.
Vamos às obras!
01 – “Lampião – O Mata Sete” (Pedro de Morais)
E se alguém lhe falasse que Virgulino Ferreira, o temido e famoso Lampião, rei do cangaço era gay? Pois é, Pedro Morais, juiz aposentado e autor da polêmica obra “Lampião – O Mata Sete”, garante que sim. O autor afirma que o seu livro foi escrito baseado em pesquisas sólidas, tendo colhido, inclusive depoimentos de remanescentes de Virgulino e Maria Bonita.
Um dos pontos do livro de Pedro Morais que mais causou barulho foi o triângulo amoroso entre Lampião, Maria Bonita e Luiz Pedro. Confiram o que disse o escritor numa de suas entrevistas:
- “Desde 1960, estudo sobre Lampião. Estudo e fui a lugares por onde ele andou. Tenho depoimentos de remanescentes, de parentes de Maria Bonita, de Lampião. Que ela era adúltera, está em todos os livros. O que eu digo e mostro é que havia no cangaço um trio amoroso, envolvendo Lampião, Maria Bonita e Luiz Pedro, o amor dos dois. Luiz Pedro era um cangaceiro, namorado de Lampião, e trocaram juras de amor eterno. Certa vez, Luiz Pedro matou o irmão de Lampião, que era a coisa que Lampião mais queria bem, e, em troca, Lampião, que nunca foi de clemência, absolveu Luiz Pedro, exigindo dele juras de que jamais se separariam. Isso não me parece coisa de macho.”
PQP! PQP novamente! PQP um milhão de vezes! PQP quantas vezes for necessário!! Caramba, estou babando de estarrecimento! Cara, desde criança, eu considerada Lampião o cabra mais macho do mundo e agora, querem retratá-lo com a “Flor do Sertão”!
Em sua obra, Morais também desmistifica a fama de justiceiro de Lampião e o retrata como um verdadeiro facínora, capaz de executar verdadeiras monstruosidades por puro capricho.
Familiares do cangaceiro entraram com um pedido na Justiça para proibir as vendas da obra. Eles acabaram ganhando em primeira instância e assim, “Lampião – O Mata Sete” havia entrado para o rol das obras censuradas, mas agora, após três anos de brigas nos tribunais, o escritor e juiz aposentado teve autorização para lançar o livro.
No processo, o desembargador Cezário Siqueira Neto aponta que, no caso de familiares se sentirem ofendidos pelo conteúdo “podem se valer dos meios legais cabíveis”. Para o jurista, impedir a publicação seria “medida de censura”.  A outra parte do processo é a neta de Lampião, Vera Ferreira.
O livro, de 306 páginas, ainda não tem data para ser lançado. Segundo o autor, há mil exemplares prontos e uma tiragem de 10 mil livros encomendada.
Aguardemos, mas com certeza Lampião deve estar se remexendo no fundo da cova; tenha sido ele um cangaceiro ou uma florzinha do sertão, não importa.
02 - Roberto Carlos em Detalhes (Paulo César de Araújo)
O livro escrito por Paulo César de Araújo, lançado em 2006, foi recolhido no ano seguinte, após um acordo entre o músico, a editora Planeta e o autor. Resumindo: autor e editora se borraram inteiros temendo levar um processo nas costas. O tal Roberto deve ter caprichado nas ameaças, já que Araújo e a Planeta “colocaram” o rabinho no meio das pernas e concordaram que os livros fossem recolhidos das bancas.
Por causa dessa briga, “Roberto Carlos em Detalhes” ganhou o status de livro raro, já que nem todos os leitores que pretendiam adquiri-lo foram rápidos o suficiente. Pois é man, se você tem o livro, sinta-se um felizardo.
Araújo afirma que demorou 16 anos para escrever “Roberto Carlos em Detalhes”. Foram inúmeras pesquisas e entrevistas com pessoas ligadas ao “Rei” que concordaram em passar informações importantes desde que fosse mantido sigilo sobre os seus nomes.
Na obra o autor conta em detalhes como foi o acidente sofrido por Roberto Carlos numa estação ferroviária, quando foi atropelado por uma locomotiva a vapor. Na época, ainda criança, a sua perna direita teve de ser amputada até pouco abaixo do joelho. Araújo revela que o Roberto e a coleguinha de escola Fifinha estavam na plataforma da estação. Quando o trem se aproximava, a professora puxou repentinamente a menina com medo que ela caísse. Roberto, que estava de costas para os trilhos, assustou-se e acabou caindo. Ele usou muletas até os 15 anos, quando colocou a sua primeira prótese – essa parte de sua perna é mecânica.
Outra revelação polêmica foi a briga existente entre Roberto e Erasmo perto do final da jovem guarda. O tremendão teria ganhado o troféu de melhor compositor e no momento de receber a premiação acabou se esquecendo de se referir ao parceiro inseparável. De acordo com a obra, eles ficaram sem conversar por mais de um ano, mas por questões contratuais eram obrigados a fingir que eram amigos em público.
Há ainda muitas outras passagens interessantes, mas como a venda do livro está proibida, acredito que elas continuarão conhecidas por poucos privilegiados que conseguiram adquirir “Roberto Carlos em Detalhes” antes do seu recolhimento.
Ok, ok, fique triste não, porque nem tudo está perdido. Se você ‘dormiu no ponto’, basta acessar o portal da Estante Virtual (www.estantevirtual.com.br). Há vários exemplares por lá. O problema é o preço que varia de R$ 298,00 a R$ 1.299,98. Alguém se arrisca??
03 – Marilyn e JFK (Francois Forestier)
Os familiares de JFK cuspiram marimbondos de fogo quando tomaram conhecimento dessa biografia não autorizada, mas de nada adiantou, porque após acirradas batalhas nos tribunais, a Justiça americana acabou optando pela liberação da obra.
O livro de Forstier foi lançado em 2009 e narra informações chocantes sobre os hábitos nada salutares do ex- presidente dos EUA John Fitzgerald Kennedy. Segundo a publicação ele dormia com dezenas de prostitutas, estrelas do cinema e mulheres de amigos. O autor descreve também o consumo de diversas drogas por Kennedy como maconha, anfetaminas, cocaína e LSD. E relata o amor secreto e trágico entre Marilyn Monroe  e John e a luta para manter em segredo um relacionamento de dez anos. Por trás da imagem da loira fatal havia uma pobre moça à beira da loucura, ninfomaníaca, viciada em drogas e apaixonada.
Forestier relata ainda que o affair entre as figuras públicas durou anos, enquanto Kennedy era casado com Jackie Kennedy, e em meio ao romance, Marilyn teria chegado a se envolver com o irmão mais novo do presidente, Robert Kennedy.
Outra passagem interessante do livro é aquela em que Marilyn teria cantado  Happy Birthday, Mr. President” de maneira tão animada e provocativa, o que teria despertado a ira da primeira dama Jackie Kennedy Onassis. A partir daí, ela deu  um ultimato para que Kennedy se afastasse da amante. O aniversário teria sido a última vez em que os amantes se viram.
O livro pode ser encontrado em vários “sebos da vida”.
04 – Angelina (Andrew Morton)
Esta biografia não autorizada é trucão pesado! Pudera que os advogados da atriz tentaram mover céus e terra para proibir o seu lançamento, mas não conseguiram. Escrita por Andrew Morton, o mesmo que causou uma bafafá danado ao revelar segredos sobre a vida de personalidades com Lady Di e Tom Cruise, “Angelina” traz detalhes sobre o vício da atriz em heroína, as festas sadomasoquistas, as passagens por hospitais psiquiátricos e, até mesmo, a tentativa de contratar um assassino profissional para que a matasse.
Morton afirma que Angelina sempre teve uma certa tara por homens casados, tanto é que já planejava roubar Brad Pitt dos braços de Jennifer Aniston mesmo antes de conhecê-lo pessoalmente. E isso teria se repetido com os atores Johnny Depp e Willem Dafoe.
Mas o que teria levado Brad Pitt a se envolver com Angelina Jolie? No livro, o autor conta que Pitt já estava cansado do jeito carente de Jennifer Aniston e teria se encantado com a maneira rebelde e independente de Jolie o que o levou a dar um ‘chega pra lá’ na esposa. Essa possível atração por homens comprometidos seria, segundo Morton, ligada ao fato de Jon Voight, pai de Angelina, ter traído a mãe da atriz.
O livro trata Angelina Jolie como uma devoradora de homens casados e consumidora padrão de heroína e cocaína. Como já disse, uma biografia ‘trucão pesado’.
05 – Sinfonia Minas Gerais – A Vida e a Literatura de João Guimarães Rosa (Alaor Barbosa)
Em 2008, a Justiça autorizou a retirada do livro sobre a vida de Guimarães Rosa de todas as livrarias do País, acatando um pedido de Vilma Guimarães Rosa, filha do famoso poeta. Além de ser contra o livro que não havia autorizado, Vilma acusava a obra de possuir trechos plagiados de seu livro “Relembramentos: João Guimarães, Meu Pai”. Por outro lado, alaor Barbosa se defende dizendo que não está plagiando ninguém. "Este é um livro que ela chama de biografia, mas que traz documentos, cartas, discursos de Guimarães", explicou recentemente ao jornal O Estado de São Paulo. Ele diz que usou o conteúdo de tais trechos em seu livro, mas em quantidade menor do que a apontada por Vilma. "Além do mais, são trechos que não são da autoria dela."  
Pelo pouco que pesquisei, o texto escrito por Barbosa não tem conteúdo polêmico ou ofensivo contra Guimarães Rosa; o problema se restringe a acusação de plágio movida por Vilma.
Agora, a boa notícia para os leitores que desejam ler a obra é que numa decisão inédita no Brasil, um tribunal acaba de permitir que uma biografia não autorizada pelos herdeiros do biografado seja lançada. E com isso, “Sinfonia Minas Gerais – A Vida e a Literatura de João Guimarães Rosa” está de volta às livrarias.
Fui!



Postar um comentário

Instagram