Quando assisti “Jasão e os Argonautas”, nos anos 70, ainda era uma criança; um pirralhinho que a pesar da pouca idade, preferia trocar os indiozinhos e soldados dos Fort Apaches e os carrinhos de corrida dos autoramas por um filme ou livro. A magia dos enredos de histórias fantásticas que eram mostrados nas telas ou nas páginas tinha o poder de fazer com que esse blogueiro viajasse para um mundo especial de aventuras mil vezes melhores do que aqueles soldadinhos, índios e carrinhos de plástico.
Os meus filmes preferidos e que
me obrigavam a pedir para o ‘pápi’ e a
mámi o adiantamento da minha mesada eram os da série “As Viagens de Simbad”,
depois vinham os vários Hércules; um outro chamado “Os Filhos do Trovão”, com o
Giuliano Gemma ou então qualquer um que tivesse algo relacionado às Mil e Uma
Noite ou então à mitologia grega em seu enredo.
“Jasão e os Argonautas”, uma
superprodução de 1963 que assisti no cinema da minha cidade quase oito anos
depois – naquela época era normal os cinemas das pequenas cidades passarem
filmes ‘velhos’ – pode ser considerado um dos meus preferidos, senão “o meu
preferido”. Os monstros e criaturas mitológicas criados por Ray Harryhuasen me
faziam roer as unhas, chutar a próxima cadeira da fileira ou então derrubar
pipocas no chão. Cara, como torci por Jasão e os seus argonautas!
Bem, o tempo passou, mas o
filme sobre o herói mitológico não. Pelo contrário, muitas cenas ficaram
guardadas em minha memória. Recentemente zapeando pelas livrarias virtuais, dei
de cara com um livrinho da Editora Odysseus chamado “Jasão e os Argonautas”,
escrito por Menelaos Stephanides. A obra tinha todas as características de ser
direcionada para o publico infanto-juvenil, desde a capa, tamanho e
principalmente as ilustrações que funcionavam como ‘marcadores’ de capítulos.
Por estar morrendo de vontade
de reviver a história de Jasão e dos seus valentes tripulantes do navio Argo,
não pestanejei e comprei o livro, mesmo tendo certeza de que iria encontrar
pela frente uma adaptação bem ‘levezinha’ seguindo os padrões da literatura
direcionada aos leitores pré adolescentes. Já respondo logo de cara: enganei-me
e redondamente. Stephanides narra esse conhecido capítulo da mitologia grega de
uma maneira profunda, não se esquecendo
das traições, mortes, sofrimentos, enfim, toda a tragédia que envolveu essa
passagem da história pré-helênica. Tudo isso numa linguagem simples, sem
eruditismo e por isso mesmo de fácil compreensão. E o mais importante:
g-o-s-t-o-s-a! Isto mesmo. Tão gostosa que você acaba lendo as 174 páginas da
obra numa tacada só. Mas prepara-se. Se você estiver decidido a ler o livro do
autor grego, irá encontrar pela frente uma leitura atrativa, mas também trágica
aos extremos.
Enganam-se aqueles –
geralmente, as pessoas que assistiram apenas ao filme – que a história de
“Jasão e os Argonautas” é básicamente um livro de aventuras e só. As páginas
finais da obra que retrata de maneira completa o relacionamento de Jasão e
Medéia - a feiticeira que ajudou o herói a roubar o famoso velo de ouro na
distante Cólquida, após enganar um feroz
dragão, considerado o guardião do precioso tesouro – obrigam o leitor a parar a leitura para tomar
um fôlego. Stephanides narra em detalhes o plano diabólico da
poderosa feiticeira para se vingar de todos aqueles que queriam expulsá-la,
juntamente com os seus filhos, da região de Tessália, onde passou a morar
com Jasão, após as aventuras em busca do velocino dourado.
Cena do filme de 1963: Os argonautas enfrentam Talos, o gigante de bronze |
Acredito que a história de
Jasão e Medéia, juntamente com a dos argonautas é uma das mais trágicas da
mitologia grega. E Stephanides expõe, sem nenhuma reserva, toda essa
tragicidade aos seus leitores.
O último capítulo do livro
denominado “O Trágico Fim” é muito forte, não tendo nada a ver com literatura
infanto-juvenil (rs). Neste capítulo, a vingança e somente ela se torna a alma
da trama, fazendo com que os leitores conheçam a verdadeira personalidade de...
vamos dizer assim... alguns personagens. É evidente que não vou escrever qual
ou quais, se bem que os estudiosos de mitologia grega, principalmente sobre a
história de “Jasão e os Argonautas” vão saber de quem estou falando
escrevendo.
Fiquei tão fã de Stephanidades
que já estou planejando comprar os demais
livros da coleção “Mitologia Helênica” que é composta pelas obras:
“Jasão e os Argonautas”, “Hércules”, “Édipo”, “A Odisséia”, “Ilíada: A Guerra
der Tróia”, “Os Deuses do Olimpo”, “Prometeu, os homens, e outros mitos” e
“Teseu, Perseu e outros mitos”. Todos os oito livros escritos por ele.
Em “Jasão e os Argonautas”, os
leitores também terão a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a história de Hércules,
antes de ter se tornado um famoso herói, após a execução do seus 12 trabalhos.
O semi-deus, protegido de Zeus, é um dos 50 argonautas que participam da
perigosa expedição para a Cólquida em busca do Velo de Ouro. E mais: Peleu, pai
de Aquiles; Orfeu e sua harpa encantada; Teseu; Castor e Pólux; Eufemo, etc.
Quanto a Medéia, com toda a
certeza é mais um personagem que se encaixa muito bem naquele famoso jargão
popular: “Me ame ou me deixe”.
2 comentários
Oi J.A.
ResponderExcluirColoquei na minha lista dos desejados "Stephanides". Confesso pra tu que não conheço esse autor, o nome parece grego então deve ser por isso que ele envolve de modo empolgante a literatura fantástica da mitologia grega. Leitura fluída e que pelo número de páginas dá para ler em dois dias.
Owwwwwnnnnn onde já se viu enganar o dragão ?????
Sou absolutamente apaixonada por dragões, do tipo "Como treinar um dragão", "Seraphina" e "Kora, pressentimento de dragão".
Uiaaaa que me deu vontade de dar uns petelecos na Medeia =/
Pensei mtooo num livro para Sir Touro e fiquei em dúvida c/ A Pousada Rose Harbor (mas pensei que é pq amo a diagramação do livro e poderia ser "chic-lit", mas não é não viu??? é sobre superação)
decidi-me por "O Pão da Amizade" com cheirinho de pão assando no forno e café quentinho.
abraçooo
Luna, se quiser conhecer um pouco mais sobre Menelaos Stephanides acesse aqui (http://www.skoob.com.br/autor/1775). O cara é muito conceituado na Grécia, famoso, de fato. Um grande estudioso sobre mitologia grega.Creio que irá gostar de "Jasão e os Argonautas". E aquela feiticeira, a qual vc estava querendo dar uns petelecos, por causa do dragão (rs), como já disse no Facebook,ela vive na ambiguidade. Coisa do tipo: "Me ame ou me deixe". Mas saiba que o 'dragãozinho' que ela enganou era uma verdadeira fera que já havia feito várias vítimas; candidatos à ladrões do velo de ouro- tudo bem - mas não deixam de ser vítimas.
ExcluirQto ao Touro quando expliquei à ele o significado da palavra "Sir",(risos, risos e mais risos)ele deu um grande, autentico e bonito sorriso de satisfação e mandou lhe agradecer mil vezes. "Agradece a menina por mim. Diga que ela é muito gentil" Pronto: palavras do "Tourão".
Abcs!!