Com certeza muitos internautas e blogueiros que passam por
aqui com frequencia, ao lerem esse post, irão exclamar: -“ Putz, lá vem ele,
novamente, com o Touro!!”. Para essa galera eu peço desculpas, mas não posso
ficar calado com o que acabei de presenciar há alguns minutos atrás, antes de
começar a redigir esse texto. A cena que vi foi antológica e merece entrar para
os anais da comédia da vida real. O que escutei do Touro, então, é digno de
registro; digno de risos.... risos não; gargalhadas. Isto mesmo; gargalhadas e
daquelas bem esculachadas.
Galera, ao chegar em casa, me respondam o que é que eu vejo
na sala de estar que fica anexa ao meu quarto?? O Tourão dormindo e roncando ao
lado de uma outra mulher... que, por sua vez, também estava dormindo e
roncando!!! Acontece que eu percebi que o ronco do Kid Tourão era meio
estranho; sei lá, meio artificial. O da mulher não; esse sim, parecia um ronco
original... genuíno.
Quando o Tourão ouviu a minha voz exclamando: “Meu Deus! O
que está acontecendo!!??”; ele imediatamente abriu os olhos, fez um sinal de
psiuuu com o dedo indicador colocado nos lábios e falou com a voz meio
agoniada: “Ajuda euuu!”. Depois fez um sinal para que eu dispensasse a mulher
que roncava o ronco dos anjos. Depois disso, voltou a fingir que estava
dormindo. Bem, entendi a mensagem e após, educadamente, acordar a senhora
dorminhoca e roncadora e agradecê-la pela visita, fui esclarecer o fato com o
vovô arteiro. Queria saber o que ele havia aprontado. Ah! Antes que me esqueça.
A mulher que dormia sentada na cadeira ao lado do sofá onde estava o Tourão é a
dona Dirce, um antiga amiga de solteira de minha saudosa mãe, a Toura (verdade,
esse era o apelido de mamãe... Putz que saudades me bateu agora...), e muito
conhecida da família. Dona Dirce chegou se sentou na cadeira e começou a
conversar com o Tourão, relembrando os histórias engraçadas do passado. O
problema é que a dona Dirce fala pelos cotovelos e após mais de uma hora e meia
só escutando e pouco falando, o velhinho que ainda não está andando - por isso
deixa o seu ‘papagaio’, o qual ele chama de ‘purunguinha’ sempre por perto, ao
lado de um lavatório móvel – sentiu uma vontade insuportável de fazer xixi, por
causa dos diuréticos que vem tomando no pós-operatório. “- Meu filho, eu queria
fazer xixi, mas ela não parava mais de falar. Eu estava desesperado prá tirar
prá fora o ‘pingolin” (é assim mesmo que ele chama o dito cujo) mas a Dirce só
matraqueava e matraqueava... Jesus amado! Como ela falava! Então não me restou outra coisa se não fingir
que estava dormindo para ela se tocar e ir embora”, disse ele.
Então galera o que é que acontece?? Ok, eu respondo. O plano
do Tourão foi completamente implodido pela dona Dirce, porque ao ver a sua
“vitima” cair no sono, ela deve ter pensado: - “Bem vou puxar um ‘rango’ também
e depois continuo com o assunto!!!” Kkkkkkk!!! Resultado: um dormiu de
mentirinha e a outra... de verdade!! O Tourão me disse depois que jamais iria
se aliviar ao lado de uma visita, mesmo que ela estivesse dormindo. “Santa
madre de Deus!! Isso é falta de respeito!!”, bradou ele. Depois mais
descontraído disse: “Meu pingolin é educado”.
Cara! Estou aqui redigindo essa ‘comédia’ e chorando de rir.... Pronto. Me desculpem a
enrolação e a fugida do tema desse post, mas não deu prá segurar. Prometo que
nos próximos posts serei mais cometido. Pelo menos, vou tentar.
Mas agora,vamos ao que interessa: escrever sobre esta beleza
de obra literária que se chama “Hospital”, de Arthur Hailey, o mesmo criador de
outra obra-prima chamada “Aeroporto”.
Sabem de uma coisa galera; às vezes os leitores da nova
geração, cometem as maiores injustiças com aquelas obras velhinhas das décadas
de 50, 60 ou 70. E observem que eu deixei de ir fundo, pois caso contrário
poderia ainda citar aquelas das décadas de 20 ou 30! Quase sempre, preferimos menosprezar
as tais obras, deixando que elas fiquem esquecidas no fundo das nossas
prateleiras. Acredito que alguns de vocês já “bateram” os olhos na capa super
brega e mal feita da edição brasileira de 1966 de “O Hospital” lançada pela
Nova Fronteira e desistiram, na mesma hora, de lê-la. Mais do que isso,
chegaram a sentir ojeriza de encostar as mãos naquele “produto”. Então, após
algumas horas, você se depara em, outra livraria, com a capa ultra-trabalhada
de um “Fallen”, “Sussurro”, “Despertar” ou então, outros livrinhos descartáveis
escritos por escritores e escritoras novatas e desconhecidas e que... me
perdoem... escrevem muito mal.
Lanço aqui um desafio para você que fugiu ao ver o livro de
Hailey. Que tal voltar aquele sebo e comprar a obra?. Vamos lá! Pode fazer isso
sem medo. Leia e depois me conte se gostou ou não. Combinado?
Gente, não tem como falar mal de um livro em que o autor
demorou aproximadamente quatro anos para escrever, sendo dois anos só de
pesquisas. E foi isso que aconteceu com “Hospital”, lançado nos Estados Unidos
em 1959.
Hailey chegou ao ponto de cometer uma loucura para buscar
subsídios que deixassem a sua obra ainda mais completa. Sabem o que ele fez?
Pasmem: o autor se disfarçou de médico e se infiltrou numa grande clínica nos
Estados Unidos, com o objetivo de conhecer melhor o drama dos profissionais que
por lá trabalhavam. Não me perguntem como Hailey conseguiu fazer isso. Com
certeza deve ter contado com a ajuda de um “padrinho” poderoso, mas a verdade é
que ele conseguiu e pronto. Dessa forma, pôde entender como funciona um “novo
mundo”, bem diferente daquele mundo em que nós vivemos. Hailey se tornou um
expert no mundo onde homens e mulheres vivem por apenas um ideal: salvar outras
vidas. E como será que é a vida desses médicos e enfermeiras na intimidade?
Como é um hospital na sua intimidade, longe dos olhos dos pacientes? Todos
estes questionamentos são discutidos de maneira profunda e sem meias verdades
no romance de Hailey.
Cara! Parece coisa de cinema, mas pelo que pesquisei, o
autor se passou despercebido nessa clínica ultra conceituada, sem que ninguém
descobrisse que ele fosse um escritor. Não deu outra: o espertalhão acabou se
passando por um cara da turma de branco, conseguindo ouvir revelações e
confidências importantes.
“Hospital” pode ser considerado um romance referencia na
área médica. Por isso, médicos, enfermeiros, provedores e diretores de
hospitais de todo o mundo tem o dever e a obrigação de lerem a obra. Quanto aos
leigos no assunto, também devem ler, pois duvido que nunca tenham sido
obrigados a fazer uma visitinha para alguém num hospital.
O livro aponta abertamente e sem meias palavras os problemas
enfrentados por médicos, diretores e pacientes num grande hospital, tendo como
pano de fundo o romance cheio de reviravoltas envolvendo um jovem médico e uma
enfermeira.
O enredo desenvolvido por Hailey é tão detalhista que mostra
ao leitor os riscos de uma contaminação alimentar num hospital. Isso mesmo!
Contaminação alimentar!! Eu já ouvi falar de pessoas que sofreram o diabo em
hospitais ou clínicas após terem contraído infecções urinárias e – Deus me
livre!!! – septicemia; mas infecção alimentar??!! Pois é, já na década de 50, Hailey mostrava
aos seus leitores que isso era possível. Mas como isso acontece? Jura que quer
mesmo saber?? Tudo bem; então você que conseguiu chegar até aqui e agora está
se preparando para almoçar, jantar ou lanchar, eu aconselharia que... bem... primeiramente
comesse e depois do tradicional “kilo” recomeçasse a leitura.
Você já imaginou como um grande hospital consegue lavar
centenas de pratos onde são servidas refeições aos seus pacientes? É evidente
que essa limpeza não é feita manualmente, devido a grande quantidade de pratos
e talheres, mas por meio de lavadores de louças e talheres. Mas... e se esses
equipamentos não estiverem funcionando adequadamente, deixando de eliminar
grande parte dos resíduos? Quantas pessoas com doenças graves e contagiosas utilizam
esses pratos que passam de boca e boca numa grande rotatividade? E se houverem
resquícios alimentares nos pratos ou talheres mal lavados? Acho melhor parar
por aqui. Hailey aborda com detalhes esse assunto. E pensar que naquela época,
os hospitais americanos e ingleses já se preocupavam com esses detalhes
ignorados pela maioria dos grandes centros médicos.
Há ainda muitos outros segredos que acontecem entre quatro
paredes de um hospital e que são desvendados por Hailey ao longo do enredo.
O leitor terá a oportunidade de conhecer um pouco mais o
drama dos patologistas que trabalham nos laboratórios dos hospitais, camuflados
de microscópios, tubos de ensaio e outros equipamentos. “O médico que o paciente nunca vê” – é assim
que muitas pessoas se referem ao patologista que tem a missão de realizar sombrias autópsias e freqüentemente é
consultado para o diagnóstico final que pode salvar uma vida. Em “Hospital”, O
Dr. Joseph Pearson, é um áspero patologista de meia-idade, dirigente
autocrático em seu pequeno império no Hospital Três Condados, transformando-se
no desespero de seu novo cirurgião-chefe, Kent O´Donnel que já vinha percebendo
que os padrões do hospital estavam caíndo muito, ameaçando a vida de seus
pacientes. Dr. Pearson se recusa a
adotar métodos modernos e dirige sua equipe de maneira autocrática, surgindo
assim, um verdadeiro embate entre os dois profissionais de saúde. O legal nesse
conflito é que ambos, apesar de suas diferenças, reconhecem a capacidade um do
outro. Essa queda de braço envolvendo Pearson e O’Donnel atinge o clímax quando
um diagnóstico errado, um julgamento clinico incompleto pode ameaça modificar a vida de um paciente...
para pior.
Enfim, “Hospital” mostra para o leitor um mundo que os
pacientes desconhecem. Vale a pena
procurar o livro num sebo e devorá-lo, apesar da capa (rsss).
2 comentários
E eu achando que o Seu Tourão já estava dando umas escapulidas.
ResponderExcluirParece que durante a recuperação pós-operatória, eles - os pais - ficam engraçadinhos...
http://gatosmucky.blogspot.com.br/2010/10/tragicomico.html
Abraço.
A época das escapulidas já se foram. As quase nove décadas estão pesando e muito. O Tourão está mais prá comer, beber e dormir (rsss)
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