“A Morte do Demônio (Evil Dead)” foi um dos filmes
de terror que marcou a minha geração. Lembro que, nessa época, tinha apenas 22 anos de idade e todos os finais de semana
saía da locadora de minha cidade com duas sacolas cheias de VHS para assistir
em casa. Quantos finais de semana com os amigos, namorada, bebidas e curtição
foram deixados de lado em troca de multi-sessões de filmes regadas à muito VHS
na tranqüilidade de meu quarto.
Posso garantir que de todos os clássicos de terror
que assisti nesse período especial de minha vida, excetuando “O Exorcista” (é
evidente), “A Morte do Demônio” foi aquele que mais mexeu comigo e com a minha ‘tchurma’.
Presença constante em minhas manjadas sacolinhas de VHS; o filme de Sam Raimi
era o tema preferido em nossas rodinhas de amigos. Um dos comentários mais
constantes era o de que o filme possuía cenas tão impressionantes que não era
aconselhável assistir sozinho e muito menos à noite. Enquanto vou redigindo
esse post, as lembranças do passado vão sendo reativadas em minha memória e me
lembro, agora, de que eu e minha turma decidimos assistir “A Morte do Demônio” numa
madrugada, na casa dos meus pais, após chegarmos do que vocês chamam hoje de
balada . Uhauauaua!! E que balada foi aquela! Já era bem tarde da noite e
colocamos a fitona no saudoso videocassete que tinha no quarto e pimba!
Começamos assistir. Caraca, quase mijei de medo. O Silva, um colega nosso,
metido a valentão, na cena em que o demônio caminha pela floresta – que tem um
impacto muito grande no filme – soltou um miado de pavor. Hahahahaha...Hahahahahaha...
Hahahahahahaha... Pera um pouquinho aí pessoal, ainda estou me esborrachando de
ir... Hahahahahahahahahaha!!! É só lembrar daquilo que eu não consigo segurar a
gargalhada. Logo o Silva! O mais valente e destemido dos colegas do passado.
Logo o Silva! O escoteiro que tinha o hábito de acampar em matas virgens, fosse
de noite ou de dia, ao lado de cobras, aranhas e escorpiões. Logo ele!!
Mesmo após quase 30 anos, o miado de medo do Silva
ficou gravado em minha mente. Sabem aquele miado sofrido sem a vogal “a”. Coisa
do tipo: Mi__uuuuuuuuuu!!!!! Com o “u” sumindo aos poucos no final? É assim que
me lembro do Silva que hoje ocupa um cargo importante na Polícia Militar da
capital.
Depois que o Silva soltou o miado de medo, tivemos
de suspender temporariamente a “sessão videocinematográfica” para que
soltássemos toda a risada do peito. Então depois, mais relaxados, recomeçamos a
ver o filme de Raimi e garanto que eu e meus amigos (estávamos em cinco, se não
me engano) não miamos como o Silva, mas abafamos muitos gritos e exclamações de
medo.
Acredito que até hoje, “A Morte do Demônio” ainda
provoque calafrios. O filme nunca perderá a sua atualidade, pois já entrou para
o rol das produções antológicas, mesmo sem nunca ter sido lançado nos cinemas
brasileiros. O filme estreou em 1981 nos Estados Unidos, mas só chegou em
terras tupiniquins dois anos depois e direto em vídeo.
Nós da geração VHS não éramos presenteados com cenas
extras, entrevistas e muito menos making of no final do filme, como acontece
nos dias de hoje. A brontossáurica fitinha não dispunha de recursos que possibilitassem
essa tecnologia. Por isso, tão logo terminava o filme ficávamos chupando o
dedo, morrendo de vontade em saber como teria sido gravada aquela cena que nos
deixou vidrados na tela ou então, a opinião de diretores e atores sobre o
roteiro. Podem acreditar, há quase três décadas já tínhamos essa curiosidade ‘pós
filme’ ou você achava que esse interesse só surgiu com a geração DVD? (rs)
Cena do filme de Raimi lançado diretamente em video no Brasil em 1983 |
Eu e meus amigos, incluindo o amedrontado Silva
ficamos morrendo de vontade de ouvir a opinião do Raimi e principalmente do
ator Bruce Campbell que interpretou o impagável Ash. Então, quando soube que “A
Morte do Demônio” havia sido lançado em
DVD, não pensei duas vezes, comprei logo o meu, mas quando verifiquei as
informações na capa... Cadê os extras??? Só havia uma breve biografia e a sinopse
do filme!!!! Cara, fiquei derrubadaço! O golpe foi certeiro e atingiu o queixo
me levando à nocaute.
Só fui me recuperar do golpe há pouco tempo, quando
soube que a editora carioca DarkSide já havia definido qual seria o filme a ser
abordado no segundo volume da coleção “Dissecando – Filmes Clássicos de Terror”.
E adivinhem qual foi a produção selecionada? Fácil né? O próprio: “A Morte do
Demônio!” Ihauuuuuuu!! Cara, vibrei muito, pois agora tinha a certeza de que
iria ‘ ficar por dentro’ de tudo, absolutamente tudo o que rolou nos bastidores
das filmagens. Sem contar as entrevistas e fotos inéditas. Caraca! Demaisss!
Fiquei eufórico e confiante porque já conhecia a
qualidade do primeiro volume da série que dissecou outra produção fantástica do
cinema de terror: “O Massacre da Serra Elétrica”. Pensei comigo: “- Lógicamente
o pessoal da DarkSide vai querer manter a qualidade inicial”. Não marquei
bobeira e já reservei a obra que está em pré-venda nas principais livrarias
virtuais.
O livro “ A Morte do Demônio” foi escrito por Bill
Warren que é um conceituado crítico de cinema. De acordo com a DarkSide, Warren
que teve acesso total ao arquivo de Raimi e também das três produções -‘A Morte
do Demônio’ (Evil Dead 1), ‘Uma Noite Alucinante (Evil Dead 2) e ‘Uma Noite
Alucinante 2 (Evil Dead 3) – revela detalhadamente em sua obra o making of dos
filmes, incluindo entrevistas exclusivas com o elenco e equipe de produção. O
livro ainda promete trazer uma miscelânea de fotos raras e inéditas da
filmagem; o storyboard; esboços dos concepts e figurinos dos demônios;
histórias dos bastidores das filmagens e mais isso e aquilo. Enfim, um oceano
de informações sobre a obra-prima de Raimi.
A previsão é de que o segundo volume da coleção “Dissecando
– Filmes Clássicos de Terror: A Morte do Demônio” chegue às livarias no dia 30
desse mês. Por isso, paciência galera que já está chegando a hora.
PS: Não fiz citações ao remake do filme no post,
porque ainda não assisti. E para ser sincero... nem sei se assistirei.
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