Atualmente, se você pretende encontrar qualquer livro da série James Bond escrito por Ian Fleming esqueça as livrarias convencionais, tanto as físicas quanto as virtuais. A única solução é apelar para os sebos e torcer para localizar alguns exemplares. Com muita sorte, talvez, no portal da Estante Virtual (www.estantevirtual.com.br), que agrega centenas e mais centenas de sebos, você consiga se inteirar de todos os livros escritos por Fleming, ganhando assim, a oportunidade de completar a sua coleção.
Não sei porque, a Editora Record parou de relançar as obras escritas por Fleming. Lembro-me que há oito anos, essa mesma editora pretendia relançar os 12 livros do autor com nova capa, tradução atualizada, títulos em alto relevo, enfim, um “projetaço”, mas a idéia não vingou e o tal do projetaço acabou morrendo no segundo livro. Realmente, uma pena, pois a idéia tinha tudo para dar certo, mas por motivos desconhecidos só acabou saindo do prelo as obras: “Moscou contra 007” e “007 contra o Satânico Dr. No”. Dois excelentes livros que estarei comentando brevemente neste blog.
Depois do fracasso da Record em tentar reeditar a obra do escritor britânico, nenhuma outra editora tentou proeza semelhante e assim, ficou enterrada a esperança de muitos fãs do agente secreto inglês em ver as suas histórias originais relançadas com uma nova roupagem.
Doía no coração e na alma presenciarmos os lançamentos em abundância de coleções de DVds em box ultra-luxuosos contendo todos os filmes de 007, de Sean Connery a Pierce Brosnan ou então CDs com encartes “xique nu úrtimo” com a trilha sonora de toda a série cinematográfica. Digo que doía no coração porque nós leitores sempre éramos protelados a um segundo, terceiro, quarto ou quinto plano... melhor dizendo escrevendo: éramos esquecidos e humilhados, pois enquanto os cinéfilos e amantes da boa música se lambuzavam com as suas coleções recém saídas do forno; nós, leitores, tínhamos de nos transformar em ratos de sebos e vasculharmos aqui e acolá para encontrarmos o livro sobre 007 que queríamos ter. E muitas vezes quando encontrávamos tínhamos de apelar para os durex e fitas adesivas para os remendos de praxe, pois a obra tão sonhada estava se desmantelando ao ser folheada ou então com a capa má conservada.
Mas agora, após tantos anos, parece que essa situação vai começar a mudar, pois poderemos ter o relançamento das estórias originais de James Bond escritas por Ian Fleming. Digo Escrevo que “vai começar a mudar” e não que “mudou” porque trata-se apenas de um ‘pequeno início’, já que serão publicadas apenas duas edições de bolsos, também conhecidas por “Pocket”.
A Record – novamente ela – anunciou, através de seu departamento de marketing – que pretende colocar no mercado ainda este ano os ‘Pockets’: “Goldfinger” e “Octopussy”.
Olha, juro que eu preferia ver esses dois títulos serem lançados em tamanho standard e com todo o requinte que merecem e não num simples e xôxo formato Pocket. Aliás, esperava muito mais do que isso; esperava ver o relançamento da obra completa de Fleming sobre o imbatível agente à serviço de Sua Majestade. Todos os 12 livrinhos, ali, ‘bunitinhus’ num Box de fazer inveja. Mas, paciência... antes ter duas histórias de 007 relançadas no formato “Pocket” do que não ter nenhuma.
Mas falando agora, bem rapidamente, sobre os dois “livrinhos”(rs) que serão lançados até o final do ano pela Record; é importante frisar que, à exemplo da maioria dos livros escritos por Fleming, diferem muito dos filmes. Posso afirmar que são tão diferente como a água e o vinho. O contraste maior fica com a personagem Pussy Galore, do livro e do filme “Goldfinger”. Enquanto no cinema, Galore acaba sendo seduzida por James Bond caindo em seus abraços, amassos e beijos; no livro, a personagem é declaradamente lésbica chefe de uma gangue de ladras, preferindo se manter bem longe do carinho dos homens. Esqueça também o embate entre James Bond e o capanga de Goldfinger, aquele chinês de chapéu côco com uma aba capaz de cortar qualquer coisa, inclusive cabeças de pessoas. No filme, Bond enfrenta o brutamontes chinês no interior do Fort Knox; já no filme, a luta ocorre dentro de um avião. Enquanto no filme, o capanga de Goldfinger morre eletrocutado ao tentar pegar o seu chapéu que ficou preso numa haste de metal; no livro, ele morre, digamos que de uma forma bem diferente. É claro que não vou estragar a surpresa daqueles que ainda não leram o livro de Fleming.
Quanto a “Octopussy”, as diferenças são ainda mais acentuadas. A personagem das páginas não vive numa mansão cercada por um exército de mulheres; mais do que isso, ela não existe no enredo que se resume extritamente ao Major Dexter Smythe, acusado de roubar ouro nazista.
O livro “Octopussy and The Living Daylights” foi lançado originalmente no Brasil como “Encontro em Berlim” e é o 14º livro sobre James Bond. Escrito por Fleming em 1966 é na realidade um livro de contos com quatro histórias curtas: “Octopussy” (na tradução original: “James Bond Acusa”), “The Living Daylights”(na tradução original: “Encontro em Berlim”), “The Property of a Lady”(na tradução original: “A Propriedade de uma Senhora”) e “007 in New York”(na tradução original: “007 em Nova York”)
“Encontro em Berlim” foi lançado após a morte de Fleming e dos quatro contos presentes no livro, apenas dois (“Octopussy” e “The Living Daylights”) viraram filmes.
Suei muito para encontrar esse livro; só consegui depois de procurar muito, mas muito mesmo. Outra obra que me deu uma baita dor de cabeça foi “O Homem do revólver de Ouro”. Encontrá-lo foi uma missão quase impossível, mas também consegui. Hoje, tenho a coleção completa de livros sobre 007 escritos por Fleming. Mas confesso que se alguma editora resolvesse lançar um box luxuoso com a obra completa do pai de 007, não pestanejaria em comprá-la... Quanto aos Pokets “Goldfinger” e “Octopussy”, já decidi que não vou adquiri-los...prefiro ficar com os meus velhinhos.
Abraços e até já!
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