Lançaram-me um desafio e para não enfiar o ‘rabinho’
no meio das pernas, pelo menos, tentei cumpri-lo e acho que consegui. Ufa! Após
ter lido o post sobre livros de aventura que viraram filmes (confira aqui),
Lulu olhou para mim e com aquele sorriso que eu amo disse: “Quero ver você
escrever algo semelhante sobre livros e filmes de faroeste”. E como diz o velho
ditado popular: “Missão dada, missão cumprida”. Aqui está a postagem. E vamos
fazer justiça; quero agradecer à Lulu por ter lançado esse desafio porque
acredito que tenha “saído” um post bem diferente, fugindo do convencional.
Como escrevi na publicação anterior, os livros de
aventura não são um gênero assim... tão popular, mas por outro lado, muitos
deles deram origem a verdadeiros blockbusters que arrastaram multidões aos
cinemas. Pois é galera, posso afirmar com toda certeza de que o mesmo vale para
os livros do gênero faroeste: “desconhecidos nas páginas, mas famosos nas
telas”. O que estou querendo “dizer” é que muitos filmes conhecidos e até mesmo
cultuados foram adaptados de livros que tanto cinéfilos quanto leitores não
sabiam que existiam.
Portanto, um dos objetivos desse post – além é claro,
de sugerir novas leituras e filmes – é o de prestar uma homenagem a esses
livros que apesar de desconhecidos para muitos deram origem a produções
cinematográficas maravilhosas; e por isso mesmo, eles também não deixam de ser
maravilhosos.
Vamos a nossa relação.
01
– Bravura Indômita (Charles Portis)
Filmes:
“Bravura Indômita” (1969), “Bravura Indômita (2010)
O segundo livro escrito por Charles Portis,
considerado o seu maior sucesso, deu origem a dois filmes homônimos muito
elogiados pela critica especializada e também pelos cinéfilos. O filme de 1969
deu a John Wayne (uma das lendas de Hollywood) o seu primeiro e único Oscar. Já
o filme dos irmãos Joel e Ethan Coen que chegou aos cinemas em 2010 recebeu 10
indicações, incluindo a de melhor filme, mas não ganhou nenhuma. Apesar disso,
a produção recebeu ‘rasgados’ elogios e juntamente com o filme de 1969 acabou
se tornando uma referência no gênero faroeste.
Quanto ao livro de Portis publicado originalmente nos
Estados Unidos em 1968, só chegou ao Brasil, dois anos depois do lançamento do
filme dos irmãos Coen. A edição de Bolso lançada pela editora Ponto de Leitura
em 2012 traz a capa do filme de 2010 com Jeff Bridges.
Considerado uma obra excêntrica e, sobretudo, cômica, Bravura indômita conta a história de
Mattie Ross, uma menina de Dardanelle, Arkansas, que aos 14 anos decide
abandonar a fazenda natal para caçar o homem que matou traiçoeiramente seu pai
e roubou os seus poucos pertences. Com a ajuda de Rooster Cogburn - o mais
inclemente dos agentes federais à sua disposição - e de um homem da lei texano,
ela parte numa jornada em território desconhecido à procura de vingança. Com
uma incrível personalidade, a jovem protagonista tem de enfrentar homens
violentos e a própria inconstância de seus aliados. Sua obstinação, no entanto,
tem a capacidade de enfraquecer toda e qualquer resistência ao seu redor.
02
– Valdez vem aí (Emore Leonard)
Filme:
“Quando os bravos se encontram” (1971)
Livro desconhecido para muitos leitores brasileiros,
mas que deu origem a um filmaço ‘mais do que conhecido’ com Burt Lancaster em
1971. O premiado ator realiza uma performance marcante em “Quando os Bravos se
Encontram”. Este filme recria com maestria a fronteira do oeste americano, um
lugar onde a vida às vezes não vale nada...mas a honra nunca tem preço.
O livro de Elmore Laonard mostra um Velho Oeste sem
lei, onde o homem que o representa só tem poder na medida em que sabe atirar
bem. Neste universo brutal, Valdez Vem Aí
conta uma profunda história de moralidade e justiça.
No enredo, um pistoleiro chamado Valdez tenta impedir
que um homem negro, casado com uma índia seja morto por um grupo de cowboys
comandados por um homem muito poderoso chamado Frank Tanner. Ele é acusado
injustamente de um crime que não cometeu. O pistoleiro não consegue impedir a
morte do homem que acaba deixando uma viúva grávida.
Valdez sabe que a pessoa que deu início ao mal
entendido que culminou na morte do negro foi Frank Tanner. Por isso, decide
então ir conversar com ele, a fim de pedir quinhentos dólares para ajudar a índia
grávida. Tudo o que consegue é ser rebaixado e humilhado por Tanner e seus
inúmeros capangas. Tenta recorrer ao diálogo novamente e acaba ainda mais
humilhado, sendo enxotado da fazenda com uma cruz presa às costas.
O que seus inimigos não lembram é que depois da
crucificação vem a hora da ressurreição.
Bob Valdez revira o fundo do armário e reaparece como
o pistoleiro que ninguém via há anos.
Escrito em 1970, este livro foi o oitavo romance de
Elmore Leonard e uma de suas investidas de maior sucesso no gênero faroeste.
Repleto dos diálogos afiados, o livro agrada em cheio os fãs de um bom western.
A obra de Elmore chegou ao Brasil em
2004 através da editora Rocco.
03
– O Último Pistoleiro (Glendon Swarthout)
Filme:
“O Último Pistoleiro” (1976)
“O Último Pistoleiro” - baseado no livro de Glenon
Swarthout publicado no Brasil em 1975 pela Record – foi o último filme do
eterno cowboy das telas John Wayne que viria a morrer três anos depois.
Reunindo veteranos atores, o filme é considerado uma
verdadeira homenagem à velha Holywood e à mitologia do faroeste que marcou a
despedida de Wayne como um tributo à glória do ator.
O filme conta o final da vida de John Bernard (J.B.)
Books, um veterano e famoso pistoleiro apelidado de "shootist", que
no passado já havia matado mais de trinta homens. O lendário pistoleiro, agora
com cerca de 60 anos, descobre que sofre de um câncer em estágio terminal e que
lhe restam poucos meses de vida. Ele então decide voltar para a cidade onde
nasceu, e sua chegada não demora a se tornar o assunto na boca de todos da
região. Embora Books buscasse tranquilidade na cidade, ele logo percebe que
terá de enfrentar alguns pistoleiros que desejam um último duelo.
Quanto ao livro de Swarthout no qual o filme foi
baseado se tornou uma obra rara no Brasil, mesmo assim e por incrível que
pareça, ainda pode ser encontrado a preços módicos em alguns sebos. Basta ter
paciência e torcer para que nenhum outro leitor tenha chegado a sua frente.
04
– Dança com Lobos (Michael Blake)
Filme:
Dança com Lobos (1990)
Dança
com Lobos conta a história de John J. Dunbar, um jovem tenente
do Exército dos EUA durante a Guerra Civil, que recebe o posto que escolheu
após uma investida suicida, porém corajosa, contra os Confederados. A caminho
do remoto posto avançado de Fort Sedgwick, que ele pretende reconstruir, o
herói de guerra logo se depara com os nativos americanos da tribo Sioux. Embora
inicialmente hostis, eles se afeiçoam a ele à medida que ele os ajuda,
conhecendo a tribo e fazendo amizade com seus membros. No entanto, quando o
exército chega, as coisas se complicam e a lealdade de Dunbar é posta à prova.
O livro de Michael Blake vendeu mais de 3,5 milhões de
cópias e foi traduzido em 15 idiomas diferentes. Devido ao sucesso de seu
livro, ele foi convidado pelos produtores do filme a fazer a adaptação do
roteiro para as telonas. Resultado: “Dança com Lobos” ganhou 7 de 12 indicações
para o Oscar (melhor filme, melhor diretor, melhor fotografia, melhor montagem,
melhor trilha sonora, melhores efeitos sonoros e melhor roteiro adaptado), além
de 3 de 7 indicações ao Globo de Ouro (melhor filme, melhor diretor e melhor
roteiro).
05
– Um homem chamado Cavalo (Dorothy M. Johnson)
Filme:
Um homem chamado Cavalo
Existem filmes que são tão bons, tão marcantes que
chegam a desafiar a nossa mente. Está mais do que provado pela ciência que os
neurônios do nosso cérebro vão envelhecendo e com isso, também vamos esquecendo
muitas lembranças, menos aquelas que mais marcaram a nossa vida. O filme “Um
homem chamado Cavalos” tem esse poder, pelo menos em mim. Assisti a produção
cinematográfica quando tinha 9 ou 10 anos e acredite... ela continua viva em minha memória. Filmaço!
Gostei tanto do filme que já o revi várias vezes, mas
faltava ler o conto no qual ele havia sido baseado, um conto publicado em 1950
e que não chegou a ser publicado no Brasil. Mas num “belo dia” descobri um
livro chamado Os Melhores Contos de Faroeste publicado em 2004 pela editora José Olympio o qual trazia esse
conto escrito por Dorothy M. Johnson e, então, adivinhem? Corri, aliás, me transformei
num velocista para comprar a obra.
Um Homem Chamado Cavalo, do diretor Elliot
Silverstein, é um conhecido western norte-americano realizado no ano de 1970 e
baseado no conto homônimo presente no livro Indian Country, de Dorothy M.
Johnson, escrito em 1968.
O filme homônimo possui duas continuações com o mesmo
ator no papel principal, no caso: Richard Harris. São elas: “O Retorno do Homem
Chamado Cavalo” (1976), dirigido por Irvin Kershner, e “O Triunfo de Um Homem
Chamado Cavalo” (1983), dirigido por John Hough. Ambos os filmes não obtiveram o
mesmo sucesso que o primeiro da série.
O filme original de 1970 adapta a história de um
aristocrata inglês, John Morgan, que é capturado por uma tribo Sioux e forçado
a viver seu modo de vida, eventualmente sendo aceito pelos índios como um
deles.
06
– Onde os velhos não tem vez (Cormac McCarthy)
Filme:
Onde os fracos não tem vez (2007)
O filme "Onde os Fracos Não Têm Vez" é uma
adaptação direta do romance Onde os
velhos não tem vez de 2005, escrito por Cormac McCarthy. Os irmãos Coen,
Joel e Ethan Coen, dirigiram a adaptação, que recebeu aclamação da crítica e
ganhou o Oscar de Melhor Filme em 2008.
Geralmente, quando um filme é adaptado de um livro,
por uma série de razões, a versão cinematográfica tende a omitir muita coisa do
livro ou até mesmo alterar eventos significativos, porque as duas mídias são
muito diferentes (obviamente). "Onde os Fracos Não Têm Vez" é, na
verdade, uma exceção a essa regra. Quando os irmãos Coen assumiram a adaptação,
eles mudaram muito pouco em sua versão para as telas.
Livro e filme contam a história de um caçador que
encontra por coincidência uma grande quantia de dinheiro numa cena de um crime,
desencadeando uma perseguição por parte do receptor original do dinheiro na
região desértica do oeste do Texas em 1980.
Além do Oscar de Melhor Filme, a produção baseada no
livro de McCarthy ‘papou’ outras estatuetas: Melhor Diretor, Melhor Roteiro
Adaptado e Melhor Ator Coadjuvante (Javier Bardem).Al ém disso, o filme ganhou
três British Academy Film Awards (BAFTA), incluindo o de melhor diretor, e dois
Globos de Ouro.
07
– O Regresso (Michael Punke)
Filme:
O Regresso (2015)
Filme de 2015 que rendeu a Leonardo DiCaprio o Oscar
de Melhor Ator. “O Regresso” é considerado um clássico moderno. O longa-metragem
é inspirado no romance escrito por Michael Punke, que por sua vez é baseado na
história real de um caçador que viveu por volta de 1823. A trama segue Hugh
Glass, um especialista em peles que é atacado por um urso e abandonado por seus
companheiros, sendo dado como morto. Movido pela sede de vingança, ele luta
contra a natureza para sobreviver e buscar justiça contra o homem que o traiu.
Uma determinação cega toma conta de Glass tornando-o capaz
de atravessar quase cinco mil quilômetros de terras intocadas e selvagens,
fugindo de predadores, sobrevivendo à fome e à agonia dos ferimentos mais
terríveis, a fim de concluir seu objetivo.
Tanto livro quanto filme foram muito elogiados pela
crítica e também pelo público. A obra literária foi publicada originalmente em
2002, mas só chegou no Brasil em 2016, após o lançamento do filme, através da
editora Intrínseca.
08
- O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford
(Ron Hansen)
Filme:
O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford (2007)
O livro de Ron Hansen foi publicado originalmente em
1983 e, no Brasil, chegou a ser lançado com a capa do filme, após o sucesso da
produção cinematográfica.
Hansen, afirmou em entrevistas que grande parte dos
diálogos e da narração do longa-metragem foi extraída diretamente de sua obra
literária, que recria os eventos reais da vida e morte do famoso fora-da-lei do
Velho Oeste.
O
Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford
narra a história de Robert Ford, cuja admiração pelo fora da lei Jesse James o
leva a se juntar ao bando. No entanto, à medida que suas aventuras se
transformam em violência e assassinatos, e os defeitos de James se tornam mais
evidentes, Ford se desilude com sua escolha. A partir daí, o filme culmina no
assassinato que dá título ao filme, do qual Bob e seu irmão, Charley, tentam
lucrar.
O filme de 2007 foi subestimado em comparação com
outros filmes da mesma época, como “Os Indomáveis!” e “Onde os Fracos Não Têm
Vez”, que roubaram a cena.
Enfim galera, é isso ai! Prato cheio para os amantes
das histórias de faroeste, sejam leitores ou cinéfilos inveterados. Leiam o
livro e depois assistam ao filme.
Inté!










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