Já escrevi sobre os livros dos anos 70, 80, 90 e...
faltou publicar algo sobre os anos 60. Aliás cheguei a me referir a década de 1980
como os loucos anos 80 (ver aqui) devido as suas mudanças inovadoras (para
aquela época) promovidas pela chamada “Geração Y”. Mas acredito que mais loucos
ainda, foram os anos 60 vividos pelas gerações “Baby Boomers” e “X”.
Cara, foi uma geração bem maluquete aquela (rs), bem
mais do que a dos anos 80. Foi a geração movida a sexo, drogas e rock’n’roll,
ao amor livre, aos cabelos compridos, às calças jeans, aos tênis e camisetas,
ao flower power, ao “paz e amor”, à cultura pop, à contracultura, à contestação
do establishment e do sistema, à admiração pelo socialismo e por figuras como
Che Guevara e que recomendava não confiar em ninguém com mais de 30. Mas como nada
é eterno ou se preferirem, tudo e todos envelhecem um dia; essa geração com os
seus hábitos envelheceu, mas não podemos negar que apesar dos anos que rolaram,
muitas coisas boas vividas por essa geração rebelde conseguiram vencer o tempo
e ainda continuam sendo lembradas, algumas delas chegaram a ganhar o status de
cult ou seja, passaram a ser cultuadas por gerações posteriores, incluindo
aqueles da “Geração Alpha” que nasceram a partir de 2010. Temos músicas
marcantes que faziam a alegria dos babyboomers e dos X que continuam sendo ouvidas
– muito ouvidas, aliás – e respeitadas pela “Geração Alpha”; e temos ainda os
livros que continuam sendo lidos e amados.
Como o nosso blog é um portal literario, resolvi selecionar
seis livros marcantes dos loucos anos 60 que renderam filmes também marcantes
naquela época. Vamos nessa?
01
– Um Estranho no Ninho (Ken Kesey)
Tudo bem que o filme com Jack Nicholson foi lançado em
1976, mas o livro de Ken Kesey foi publicado pela primeira vez em 1962 e fez a
alegria da geração de leitores rebeldes daquela época. Aliás, ninguém melhor do
que o personagem Randle McMurphy - um meliante que após ser preso, se finge de
louco para ir para um hospital psiquiátrico e assim esquivar-se de uma porção
de trabalhos forçados na prisão – para representar a altura a geração rebelde
dos anos 60.
Os “babyboomers” e os “X” foram premiados com dois
grandes presentes: o livro de Kesey e o filme dirigido por Milos Forman. Ambos
fizeram tanto sucesso que continuam sendo lembrados até hoje.
Querem saber como Kesey teve a ideia de escrever esse
livro? Ok; eu conto. A ideia brotou quando ele nem sonhava ser um escritor
famoso.
Tudo começou quando Kesey resolveu de se inscrever
para ser monitor de um hospício em San Francisco. Ele queria ter uma noção de
como os internos daquela instituição se sentiam ficando ali isolados do mundo.
Foi nesse momento que esse autor desconhecido começou a imaginar como seria a
vida de uma pessoa excêntrica e normal, mas considerada louca por causa de sua
excentricidade, se fosse parar num hospício. Como ela se sentiria? Como seria o
seu relacionamento com os outros internos? ‘Entonce’, ele resolveu colocar essa
ideia no papel. Pronto! Nascia assim, o livro Um Estranho no Ninho e ao mesmo tempo começava a surgir um escritor
famoso chamado Ken Kesey.
02
– O Planeta dos Macacos (Pierre Boulle)
O Planeta dos Macacos pelo autor francês, Pierre Boulle foi
publicado em 1963; cinco anos depois seria lançado nos cinemas o filme homônimo
baseado na obra literária e que se tornaria um clássico da ficção científica. O
filme com Charlton Heston – um ator já consagrado naquela época – lotou as
salas exibidoras de todo o país e ganhou o status de antológico. Prova disso é
que rendeu mais nove filmes, além de duas séries de TV.
Quanto ao livro de Boulle se tornou uma das obras mais
comentadas pelas gerações dos loucos anos 60. Uma obra que nunca perdeu a sua
atualidade; prova disso é que continua sendo relançada com novos layouts até
hoje; os mais recentes pela editora Aleph.
Dando uma pequena pincelada no enredo da obra: no ano
de 2.00, o professor Antelle, o físico Levain e o jornalista Ulysse Mérou
resolvem deixar a Terra. Eles embarcam numa espaçonave cósmica, em direção ao
sol vermelho Betelgeuse, na constelação de Órion. O destino encontra-se a 300
anos-luz e até atingi-lo passam-se, em nosso planeta, cerca de três séculos e
meio, enquanto os viajantes, devido a dilatação do tempo, tem a sensação de
passarem apenas dois anos. Finalmente, eles se surpreendem ao aterrissar em um
planeta com cidades, casas, florestas, enfim, um planeta igual a Terra. Quer
dizer, quase. Existe uma diferença: neste planeta, os macacos reinam e os
homens vivem em estado selvagem, quando não estão enjaulados e escravizados.
03
– À Sangue Frio (Truman Capote)
Truman Capote narra a história a história do
assassinato da família Clutter, uma das mais influentes na pequena cidade de Holcomb,
no Kansas, onde residiam apenas 270 habitantes.
Poucos crimes na história chocaram tanto a população
como o massacre dos quatro membros dessa família. Em 1959, na casa dos Clutter,
onde estavam o casal Herbert e Bonnie e os filhos adolescentes Nancy e Kenyon,
os ladrões Eugene Hickcock e Perry Smith, após invadir a residência, decidiram
matar os quatro membros da família para não deixar testemunhas.
Capote passou seis anos levantando informações e
investigando passo a passo tudo o que ocorreu em Holcomb. Depois de muito
trabalho, em 1965, ele publicou a sua obra prima A Sangue Frio, livro que
criaria um novo estilo literário com uma onda de seguidores que ficou conhecida
como “new journalism”.
O autor narra o crime da sua concepção à execução,
além de fazer com que os leitores entrem na cabeça dos criminosos e conheçam os
motivos que os levaram a cometer tal assassinato. Em 1967, o livro seria
adaptado para s telonas.
A
Sangue Frio conseguiu vencer a barreira do tempo e
assim continuar despertando o interesse de outras gerações, mas tudo começou
com os nossos rebeldes “babyboomers” e “X”.
04
– O sol é para todos (Harper Lee)
O livro da escritora americana Harper Lee, publicado
em 1960, sobre a segregação racial no sul dos Estados Unidos marcou gerações de
norte-americanos.
A obra foi um sucesso instantâneo, tornando-se um dos
maiores clássicos da literatura norte-americana moderna dos anos 60. Deu origem
a um filme homônimo, vencedor do Oscar de melhor roteiro adaptado em 1962.
O
Sol é para Todos foi publicado na era da luta pelos
direitos civis e se transformou em algo mais do que um romance. A obra literária
fez tanto sucesso que acabou recebendo o prêmio Pulitzer, vendendo mais de 30
milhões de exemplares.
A história é ambientada no Sul dos Estados Unidos da
década de 1930, região envenenada pela violência do preconceito racial. Harper
mostra através de sua narrativa, um mundo de grande beleza e ferozes
desigualdades vista pelos olhos de uma menina de inteligência viva e
questionadora, enquanto seu pai, um advogado local, arrisca tudo para defender
um homem negro injustamente acusado de cometer um terrível crime.
A prova de que esse livro que conquistou a “Geração
Paz e Amor” - nascida nos anos 60 - é que ele continua sendo lido, hoje, inclusive
nas escolas.
05
– O Poderoso Chefão (Mário Puzo)
O livro de Mario Puzo foi lançado no crepúsculo dos
anos 60 se tornou a sensação da dos “babyboomers” e também de parte da “Geração
X”. Fez tanto sucesso que acabou adaptado para o cinema em 1972. A produção
cinematográfica com Marlon Brando e Al Pacino renderia ainda mais dois filmes,
transformando-se numa das trilogias mais famosas da sétima arte.
Em seu romance (ver resenha aqui), Puzo narra a saga sobre
uma família de mafiosos de origem siciliana que imigra para os Estados Unidos. O
livro ficou na lista literária do The New York Times Best Seller durante 67
semanas entre 30 de março de 1969 e 5 de julho de 1970 e vendeu mais de nove
milhões de cópias em dois anos.
A obra foi o primeiro romance a introduzir a realidade
da máfia, tornando usuais termos como omertà, consigliere, e outros, típicos da
Cosa Nostra.
06
– A Fantástica Fábrica de Chocolate (Roald Dahl)
Encerro a nossa lista com o livro de Roald Dahl. A
história de A Fantástica Fábrica de
Chocolate (no original, Willy Wonka
& the Chocolate Factory) tem suas raízes nos loucos anos 60, tanto no
livro de Dahl publicado em 1964, como no filme de Mel Stuart lançado no final da década de 60
e início dos anos 70. A geração dos anos 60, marcada por movimentos sociais e
culturais, também viu a popularidade do livro e do filme crescer.
A história e a atmosfera da fábrica de chocolate do
personagem Willy Wonka, com suas cores vibrantes e inventos tecnológicos,
ressoaram com a geração dos anos 60, que estava aberta a novas experiências e
ideias.
A história do menino pobre que ganha um bilhete
dourado e entra na fábrica de chocolate tornou-se icônica. Ela transmite
valores como a importância da família, a valorização da honestidade e a busca
por um futuro melhor, que ressoam com os valores da época.
Tanto livro quanto filme continuam populares e recordados
com carinho pela geração dos anos 60, que viu a história pela primeira vez e se
apaixonou pelo enredo e seus personagens.
Taí galera! Que tal devoramos esses livros e filmes
que bombaram nos anos 60?
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