- “Hã, tá bom”.
- “Me desculpa, foi sem querer”.
- “Tá”.
- “Sim”.
Cara, Joan Goodwin é uma das personagens mais chatas
da literatura. Juro que fiquei admirado com a composição dessa personagem por
Taylor Jenkins Reid. Puxa vida, afinal de contas ela criou duas personagens
antológicas da literatura de ficção: Evelyn Hugo e Daisy Jones. E por “falar”
nisso, como eu amei essas duas mulheres de OsSete Maridos de Evelyn Hugo e Daisy
Jones & The Six: Uma História de Amor e Música. Mas tudo bem, o assunto do post, agora, é a nada
inspiradora Joan Goodwin e Atmosfera.
Joan concorda com tudo, aceita tudo e como não
bastasse ainda é capacho de Bárbara, a sua irmã mais nova e intragável. Tudo o
que Bárbara manda, ela faz: “cuida da minha filha”, “faz isso”, “faz aquilo”,
“hoje eu não estou afim disso, por isso, você faz”. Galera, é o tipo do diálogo em mão única”: eu
mando e você faz.
Me desculpem aqueles que gostaram da personagem; aqueles
acharam Joan de uma poesia pura, educada, inteligente e outras coisas mais. Eu
não gostei. Para mim foi uma personagem sem sal e sem açúcar e que contribuiu
para transformar Atmosfera num
romance sem sal e sem açúcar. Cara, não acredito que estou escrevendo isso de
um livro de Jenkins Reid, pois é, mas infelizmente estou.
A personalidade que falta em Joan Goodwin, por outro
lado, sobra em Vanessa Ford. Esta personagem sim, fantástica. Adorei Vanessa.
Firme quando tem que ser firme, carinhosa quando tem que ser carinhosa, educada
quando tem que ser educada, e chutar o balde quando esse balde tem que ser
chutado. Pena que ela é somente uma personagem de apoio; tudo bem que seja uma
personagem importante para a trama, mas sem direito ao protagonismo que foi
parar “nas mãos” de... Arghhhhh!... Joan.
Como já expliquei acima, esta falta de empatia com
Joan foi um dos pontos principais de não ter gostado de Atmosfera, mas tiveram outros, também.
O plot principal da história é o romance entre dois
personagens; um romance, diga-se de passagem, bem complicado e desafiador.
Complicado e desafiador porque acontece dentro do contexto da Nasa dos anos 80,
por isso, um relacionamento onde os personagens principais enfrentam muitos
obstáculos.
As subtramas que giram em torno desse plot são muito
fracas e não prendem a atenção do leitor que fica dependente da trama principal,
torcendo pela sua chegada nas páginas – e quando digo torcendo pela sua chegada,
estou querendo ‘dizer’ torcendo pela chegada das atitudes de Vanessa Ford...
esqueça a patética Joan Goodwin.
Fazem parte dessas subtramas o relacionamento
conflituoso de Joan com a sua irmã Bárbara; o relacionamento amorfo de Joan com
a sua sobrinha Frances; o núcleo de personagens amigos de Joan e Vanessa que
estão na mesma turma de treinamento de astronautas na Nasa e os seus conflitos
familiares; o treinamento dos astronautas novatos e por fim, a viagem espacial da
qual participará grande parte desses personagens. O problema é que esses plots
paralelos não conseguem prender a atenção dos leitores.
O livro é escrito em dois tempos: presente e passado. Atmosfera começa com tudo: uma perigosa
e arriscada missão espacial que não saiu como o previsto, colocando em perigo a
vida de todos os participantes. Este capítulo “turbinado” é mesclado com outros
capítulos bem mornos e que apresentam as ações que acontecem no passado dessa
turma de astronautas amigos, bem antes dessa missão espacial. Estres trechos que
ocupam ‘graaaaannnnde’ parte da obra, envolvem o treinamento desses mesmos
astronautas e os seus conflitos familiares.
Quando li o primeiro capítulo, pensei comigo: “Uhauu!
Esta história vai pegar!!”; mas não pegou. Ela só voltou a “pegar” no epílogo
quando a autora retoma a ação inicial vivida no tempo presente; ação que também
aparece em “conta-gotas” em capítulos curtos e esporádicos no meio da trama.
Para finalizar, creio que a história terminou de uma
maneira abrupta deixando desamarrado o relacionamento dos dois personagens
principais. Creio que a maioria dos leitores ficou com aquela pergunta
trradicional presa na garganta: - “Mas o que aconteceu depois?”
Ok; vamos com um pequeno resumo de Atmosfera. Joan Goodwin é obcecada pelo
Universo desde que se entende por gente. Atenciosa e reservada, está satisfeita
com a vida de professora universitária até deparar com o anúncio da Nasa à
procura de mulheres cientistas interessadas em participar do projeto do
primeiro programa de ônibus espacial. De repente, o que Joan mais quer é ser
uma das poucas pessoas a ir para o espaço.
Entre milhares de candidatas, ela acaba sendo selecionada
e assim, inicia o seu treinamento. Dentro da Nasa ela faz amizade com um grupo
de pessoas que também foram selecionadas. Enquanto os astronautas aprofundam os
laços de amizade e se preparam para os primeiros voos, Joan descobre uma paixão
e um amor que nunca imaginou viver.
Agora, para fechar mesmo, só uma pequena observação: novamente o "menino", aqui, nadou contra a maré porque a maioria das pessoas que leram o novo livro de Jenkins Reid amaram a história. Basta consultar o Skoob e outras plataformas literárias. Mas acho que a diversidade de opiniões, sem extremismo e intolerância, é bem-vinda porque nos conduz a escolhas melhores.
Por hoje é só.
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