Oito livros infantis que encantaram as crianças dos anos 70 e 80; além... de mais uma divagação

30 agosto 2025

Praticamente 10 dias sem postar nada, né galera? Foram 10 dias ‘complicated’ com alguns elementos propícios para formar a chamada “tempestade perfeita”, aquele tipo de tempestade que enfrentamos em determinados períodos das nossas vidas – algumas pessoas com mais frequência e outras com menos. Pois é, a minha tempestade perfeita veio nesses dez dias quando acumularam problemas de saúde e também no trabalho formando uma conjunção de fatores que travaram os ponteiros do meu relógio.

Até pensei em parar com o blog, mas depois de uma conversa com Lulu – sempre ela, né pessoal? – chegamos a conclusão que esse não seria o melhor caminho a seguir. – O blog é a sua válvula de escape, justamente nesses momentos. Ele não atrapalha, pelo contrário; ele ajuda e muito. Você escreve sobre o que mais gosta e, isso, é o sol nos períodos de tempestade – disse ela. – Além disso, pense nos seus seguidores; poucos mas fiéis, sempre acompanhando as suas postagens - concluiu.

Obrigado Lulu, mais uma vez; você tinha toda a razão. Depois desse papo, o hábito pela leitura e o ânimo para criar uma nova postagem foi voltando aos poucos, bastando para isso, dar um tempo nos problemas, pegar um livro e iniciar a sua leitura. Já a vontade de escrever retornou aos poucos, como um carro antigo com o motor frio que reluta em pegar, mas quando pega, consegue rodar centenas de quilômetros; o meu pegou. E cá estou eu.

Sempre tiramos lições das nossas “tempestades perfeitas”; e a lição que eu e Lulu tiramos da nossa – principalmente da minha tempestade – é que a nossa cruz é leve em comparação com as cruzes de outras pessoas. Acho que é por aí... sempre vamos encontrar alguém com cruzes mais pesadas do que as nossas (alguns até com cruzes de concreto - rs). Não vejo isso como conformismo, mas como realidade.

Mais uma vez, obrigado Lulu e obrigado ao meu Deus lindo e maravilhoso que sempre indica os melhores caminhos que devemos seguir para deixarmos para trás as nossas tempestades.

Bem galera, na realidade pretendia fazer desse post uma divagação, mas pensando melhor, vou aproveitar e engatar um assunto literário porque acredito que a maioria dos nosso seguidores querem ler postagens sobre livros e não sobre momentos de minha vida, afinal o “Livros e Opiniões” é um blog literário.

Portanto, vamos lá. Na semana passada enquanto organizava alguns livros antigos, acabei descobrindo vária preciosidades que marcaram a minha infância. Obras que trouxeram uma nostalgia gostosa demais; entre elas, A Horta do Juquinha e As Aventuras de Robson Crusoé. Elas foram o ponto de partida para a produção desse post. Por “falar” nisso, vocês não acham emocionante apresentar um livro novo para uma criança e ver seu encantamento e envolvimento com a história? Agora imaginem encontrar um livro que fez parte da sua infância, além de ter marcado várias gerações?! 

Neste texto selecionei 8 livros infantis que marcaram as gerações de leitores dos anos 70 e 80. Quem sabe você não tenha devorado alguns deles na sua infância. Vamos a lista.

01 – A Horta do Juquinha (Renato Sêneca Fleury)

Apesar de ter lido esse livro com oito ou nove anos, até hoje o trago guardado em meu armário. A pequena obra do educador, pedagogo e poeta Renato Sêneca Fleury, com certeza, contribuiu para criar em milhares de crianças o gosto pela leitura.

No meu caso, foi graças à estória do pequeno Juquinha e de sua famosa horta que descobri, precocemente, a magia dos livros. Apesar de curto, apenas 28 páginas, o texto de Fleury consegue seduzir qualquer criança. Além do mais, as ilustrações são fantásticas e tem o poder de mexer com o subconsciente do leitor mirim, fazendo com que ele realize uma viagem no mundo de Juquinha.

O enredo simples, mas que encantou milhares de “adultos de hoje-crianças de ontem” conta a história de um garoto chamado Juquinha que resolve fazer uma horta no seu quintal. Para isso capina, prepara os canteiros, semeia, cuida e colhe hortaliças.

Fantástico! É muita nostalgia!

02 – Robson Crusoé (Daniel Defoe)

Lida por milhões de crianças e jovens, a história de Robinson Crusoé é uma exaltação do espírito de aventura, e transmite uma visão otimista do ser humano. Certamente, muitas crianças e jovens se encantaram com o enredo escrito por Daniel Defoe. Eu fui um desses jovens. 

As Aventuras de Robson Crusoé nos meus 10 ou 12 anos de idade e até hoje trago guardada na mente essa recordação especial.

Defoe narra a saga do jovem marinheiro inglês Robinson Crusoé, o único sobrevivente de um naufrágio. Ele consegue chegar a uma ilha deserta do Caribe onde durante mais de 27 anos é obrigado a enfrentar as dificuldades de uma existência primitiva.

O livro publicado originalmente em 1719 aborda numa linguagem acessível temas como autossuficiência, fé e as relações de poder entre colonizador e colonizado.

03 - Coleção Monteiro Lobato (Monteiro Lobato)

Tenho quase a certeza de que 9 em cada 10 leitores que estiverem lendo esse post, quando crianças, já pegaram em mãos essa coleção de oito livros em capa dura, tamanho A 4 e ricamente ilustrados, escrito por Monteiro Lobato. Uma coleção, de fato, antológica.

A série literária com as aventuras contagiantes de Emília, Pedrinho, Narizinho, Visconde de Sabugosa, Dona Benta e Cia foi lançada nos anos 70 pela editora Brasiliense.

Monteiro Lobato criou um universo para a criança enriquecida pelo folclore, buscou o nacionalismo na ação das personagens que refletiam na brasilidade, na linguagem, comportamentos e na relação com a natureza. Um de seus personagens que representa o mesmo ideal dos contadores de história da antiguidade, por exemplo, Visconde de Sabugosa, que é o intelectual contador de histórias.

Sem dúvida, Monteiro Lobato criou uma obra diversificada, com personagens que unificam o universo ficcional. No Sítio do Picapau Amarelo, vivem Dona Benta, Tia Nastácia, Tio Barnabé (personagens adultos) que orientam as crianças (Pedrinho e Narizinho), bem como outras criaturas fantásticas que vivem no sítio, como: Emília, Visconde de Sabugosa, Quindim e Rabicó. Todos eles estão presentes nessa coleção marcante de oito livros da editora brasiliense publicada originalmente em 1970.

04 – A Ilha Perdida (Maria José Dupré)

Muitas crianças e adolescentes dos anos 70 e 80 adquiriram o gosto pela leitura graças a uma coleção de livros lançada pela Editora Ática, a Coleção Vaga-Lume. Devorei várias histórias dessa série literária em minha infância quando estava próximo de ingressar na minha puberdade.

Um dos livros da Vagalume que marcou a minha infância e acredito que a infância de muitos leitores do blog foi A Ilha Perdida da escritora brasileira Maria José Dupré que também assinou algumas de suas obras como Sra. Leandro Dupré.

Com uma narrativa envolvente e cheia de suspense, A Ilha Perdida desperta no leitor a emoção das grandes expedições, incentivando o gosto pela leitura e pelo espírito aventureiro. Além disso, o livro traz reflexões importantes sobre a relação do ser humano com a natureza e a necessidade de preservação ambiental.

Este clássico da literatura juvenil brasileira narra as peripécias de Eduardo e Henrique, dois garotos em férias na casa do padrinho, que resolvem explorar uma ilha e acabam descobrindo que ela é habitada por um estranho eremita. A narrativa ágil, enfática na ação e no suspense, fisga o leitor logo nas primeiras páginas. Lançado há mais de 40 anos.

05 – A Ilha do Tesouro (Robert Louis Stevenson)

O livro do escocês Robert Louis Stevenson é leitura obrigatória para crianças e adolescentes há gerações. A Ilha do Tesouro foi outra obra que mercou a minha infância.

Publicado originalmente em fascículos, entre 1881 e 1882, na revista infantil Young Folks, A Ilha do Tesouro é uma trama sobre piratas, viagens marítimas e mapas que apontam fortunas escondidas. Sua primeira edição como livro ocorreu logo depois, em novembro de 1883.

A obra foi responsável por popularizar o papagaio no ombro, o “X” do mapa do tesouro, a perna de pau e as batalhas épicas nos navios piratas. Sem dúvida, um dos maiores clássicos da literatura infantojuvenil, o livro conquistou o imaginário popular e tornou-se um ícone da literatura mundial, chegando a ser adaptado para o cinema.

Afinal, me respondam qual é a criança que não gosta de um livro de aventura e de uma boa história de pirata?

06 – O Pequeno Príncipe (Antoine Saint-Exupery)

O Pequeno Príncipe é uma novela elegantemente ilustrada sobre um menino que parte em uma jornada para visitar outros planetas, abordando temas que vão do amor e da solidão à amizade e à perda. A história continua popular em todo o mundo, atraindo crianças e também adultos.

Em O Pequeno Príncipe, o narrador da história é o próprio autor. Ele encontra um príncipe loirinho no meio do Deserto do Saara, depois que seu avião tem um piripaque e é obrigado a pousar. O moleque diz que vem de um planetinha do tamanho de uma casa (e que para o aviador é o asteroide B612), com três vulcões (dois ativos, ótimos para esquentar o almoço) e uma rosa que no começo é meio metida, mas que depois acaba se tornando seu grande amor.

Enquanto o piloto tenta arrumar seu avião, o Principezinho narra suas aventuras por outros planetas até chegar ao planeta Terra. No nosso mundo, ele só conhece uma raposa muito sabida. Mas, no meio do caminho, ele encontra um monte de habitantes doidos em cada um deles: um rei mandão, um homem que se acha, um bêbado, um velho geógrafo, um homem de negócios, um acendedor de lampião. Quando seu avião está quase pronto, o piloto se dá conta de que não pode mais viver sem a amizade do Príncipe.

Um livro leve, inocente e emocionante que vem encantando gerações de crianças e adultos desde 1943, ano de sua primeira publicação.

07 – O Menino Maluquinho (Ziraldo)

Obviamente não poderia faltar o mestre Ziraldo nessa lista. A história do O Menino Maluquinho do escritor mineiro Ziraldo marcou época e atravessou gerações. Hoje, 45 anos depois do lançamento do livro, ainda é lembrado como símbolo de identidade nacional e retrato de muitas crianças espalhadas pelo país. 

Lançado em 1980, teve 129 edições e vendeu quatro milhões de exemplares. Além de duas adaptações para o cinema, versões para o teatro, ópera e histórias em quadrinhos.

Maluquinho é um menino alegre, cheio de imaginação e que adora aprontar e viver aventuras com os amigos. Uma de suas manias é usar um panelão na cabeça, o que o diferencia dos demais. As histórias misturam um humor por vezes ingênuo (ainda que com uma certa escatologia típica da infância) com um certo gosto de nostalgia.

08 - As Aventuras de Hans Staden (Monteiro Lobato)

Fecho a nossa lista com mais um livro escrito por Monteiro Lobato. As Aventuras de Hans Staden, lançado pela Editora Brasiliense, em 1968, foi uma das obras do icônico escritor de Taubaté que mais marcou a minha infância. Ele já havia publicado em 1925 o livro Meu cativeiro entre os selvagens do Brasil, escrito pelo europeu Hans Staden, relatando o período em que havia sido prisioneiro dos índios tupinambás, no início do século XVI. Lobato então lançou, em 1927, o livro “As aventuras de Hans Staden”, versão do mesmo livro, só que as aventuras eram narradas por Dona Benta para os seus netos.

Após o descobrimento do Brasil, muitos foram os navegadores, viajantes e mercenários que aportaram por aqui. Mas poucos viveram peripécias como as do aventureiro alemão Hans Staden (1525-1576), que, após naufragar, viveu meses – sob a ameaça de ser devorado – entre os índios tupinambás e testemunhou o costume da tribo de canibalizar os prisionei­ros.

Neste livro de Monteiro Lobato publicado originalmente em 1927, Dona Benta reconta esta que é uma das primeiríssimas aventuras acontecidas em terras brasileiras – e deixa de queixo caído a turma do Sítio do Picapau Amarelo.

A obra teve zilhões de edições, mas como já disse a que mais marcou – pelo menos para mim - foi a publicada pela Brasiliense que traz o desenho do personagem principal agarrado a um tronco no meio do mar. Recordo que essa edição tinha a capa dura e cada capítulo trazia uma gravura das peripécias de Staden.

Valeu galera! Por hoje é só.


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