Seis antologias de ficção científica para combater a sua Depressão Pós Leitura

16 agosto 2025

Se alguém me perguntasse se existe um antídoto para ressaca literária, eu responderia: leia uma antologia de contos. Acredito que por serem mais curtos, eles tornam a leitura fluida, porque cá entre nós: “após levarmos uma bordoada nos neurônios por causa de um enredo que amamos ou odiamos, a nossa cabeça não tem forças para encarar, logo depois, um enredo de 300 páginas ou mais. Temos que dar um refresco. É aí que entram os contos.

Além do mais, podemos ter sorte de encontrarmos histórias tão boas quanto aquela que acabamos de ler ou então melhores do que a bomba que nos levou a uma DPL (Depressão Pós Leitura).

Nesta postagem selecionei seis antologias de contos de ficção científica muito elogiadas tanto por leitores quanto por críticos. Se você aprecia o gênero, certamente, eles irão lhe proporcionar viagens incríveis. E se você, também, estiver enfrentando uma DPL, garanto que essas antologias farão com vocês melhore muito, ficando apto para encarar novos romances.

E vamos para as nossas oito antologias de histórias curtas de Sci-fi. Livraços hein galera; garanto.

01 – Sonhos Elétricos (Philip K. Dick)

Sonhos Elétricos reúne 10 contos de Philip K. Dick que inspiraram a série “Electric Dreams”, da Amazon Prime e que conquistou o público e a crítica.

Philip K. Dick é um dos nomes mais importantes da ficção científica e um dos autores com mais textos adaptados para o cinema. Suas obras inspiraram filmes como “Blade Runner”, “Minority Report”, “O Vingador do Futuro”, “Agentes do Destino”, “O Pagamento”, entre outros.

Dick publicou seus primeiros contos no início dos anos 1950, e neles já se notava a natureza inquietante de toda a sua obra. Ao questionar incessantemente o que está por trás das aparências e o que nos define como seres humanos, o autor sobrepôs realidades, subverteu o tempo, vislumbrou autômatos e mundos extraterrestres enquanto mergulhava a fundo na mente humana.

Dessa perturbadora mistura nasceram textos incríveis e cheios complexidade, que há décadas vêm inspirando o universo do cinema e da tevê. Os textos publicados em Sonhos Elétricos abordam realidades paralelas e distópicas, a relação entre homens e máquinas, além de outras temáticas ao gosto desse mestre da ficção científica. Um reflexo da maneira muito pessoal e desconfiada que Dick tinha de ver o mundo.

02 – Mundos Apocalípticos (Vários autores)

A antologia selecionada por John Joseph Adams e que reúne grandes “feras” da ficção científica reúne 22 histórias pós-apocalípticas. São narrativas sobre o fim dos tempos, explorando o científico, o psicológico e o filosófico do que é permanecer humano diante do Armagedom.

A obra reúne autores consagrados do gênero tais como: Octavia E. Butler (Kindred), Stephen King (O iluminado, It: a coisa), George R.R. Martin (As crônicas de gelo e fogo) e outros.

Fome, Morte, Guerra e Peste: os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, o presságio do Fim dos Dias. Esses são os pilares das histórias contidas nesta coletânea. Desde “Blade Runner” a “Mad Max”, passando por Um Cântico para Leibowitz e “Black Mirror”, escritores e roteiristas de todos os cantos se dedicaram a especular a respeito do fim do mundo. Ao longo de muitos anos, imaginaram cenários catastróficos, onde imperam o caos, o desespero e a calamidade. “Mundos Apocalípticos” explora com perfeição esse gênero.

Sem dúvidas, Joseph Adams selecionou uma grande seleção de histórias que remontam a 1973, mas também outras que foram publicadas nos últimos cinco anos. Ele também oferece um índice super útil de histórias e livros pós-apocalípticos para leitura adicional, caso os leitores comecem a querer mais. Os destaques ficam para O povo da areia e da escória de Paolo Bacigalupi, Quando os Sysadmins dominaram a terra de Cory Doctorow, Depois do juizo final de Jerry Oltion, Inercia de Nancy Kress, Sons da fala de Octavia E. Butler e O Fim do Mundo como nós o Conhecemos de Dale Bailey.

03 – Eu, Robô (Isaac Asimov)

Pensem num clássico da literatura de ficção científica; mas pensem num dos maiores clássicos daqueles com capacidade para abalar todas as estruturas do gênero. Ok, se você pensou no livro Eu, Robô de Isaac Asimov, pensou certo. 

A obra foi publicada originalmente em 1950. O livro serviu como base para o roteiro do filme homônimo de 2004, no qual Will Smith interpretou o protagonista, um detetive chamado Del Spooner. Porém, a obra é bastante diferente da história apresentada nas telonas.

Eu, Robô é um conjunto de nove contos que relatam a evolução dos autômatos através do tempo. É neste livro que são apresentadas as célebres Três Leis da Robótica: os princípios que regem o comportamento dos robôs e que mudaram definitivamente a percepção que se tem sobre eles na própria ciência. A história inicia-se com uma entrevista com a Dra. Susan Calvin, uma psicóloga roboticista da U.S Robots & Mechanical. Ela é o fio condutor da obra, responsável por contar os relatos de seu trabalho e também da evolução dos autômatos. Algumas histórias são mais leves e emocionantes como Robbie, o robô baba, outras, como Razão, levam o leitor a refletir sobre religião e até sobre sua condição humana.

Eu, Robô é composto de 10 contos e traz um posfácio escrito pelo próprio autor sobre sua história de amor com os robôs, tão comuns em sua obra.

04 - Os Melhores Contos de Ficção Científica Brasileira (Vários autores)

E quem disse que brasileiro não sabe escrever ficção científica? Saibam que temos escritores incríveis de Sci-fi, não só contemporâneos, mas também de décadas passadas. Aliás, a ficção científica faz parte do cardápio dos escritores tupiniquins desde a época de Machado de Assis. Verdade! O próprio Joaquim Maria Machado de Assis escreveu alguns contos excelentes do gênero. Podemos conferir isso no livro Os Melhores Contos de Ficção Científica Brasileira lançado pela editora Devir em 2008. Lembrando que a exemplo de Mundos Apocalípticos, essa coletânea de historietas com autores, aqui da terrinha, foi lançada em dois volumes.

O volume 1 que muitos leitores acreditam ser o melhor estão onze histórias, de Machado de Assis, o maior nome da literatura nacional, até o desconhecido Ricardo Teixeira. São contos variados em tom e atmosfera, que dão conta da diversidade temática e de estilos da ficção científica, e do seu potencial para combinar-se com outras formas literárias. Apesar da diversidade que marca a antologia, o medo da guerra atômica e do pós-holocausto formam um certo núcleo temático, definindo um dos aspectos centrais da ficção científica brasileira da década de 1960, no auge da Guerra Fria.

A ficção científica espacial também está presente, assim como histórias de contatos com alienígenas, mostrando que nossos autores não se furtaram a escrever uma Sci-fi mais característica. A postura pacifista, a crítica ao consumismo, o comentário sobre o próprio ato da escrita e a sátira dos clichês, a fusão com outras tradições brasileiras, estão presentes nos onze contos da antologia.

05 – As Crônicas Marcianas (Ray Bradbury)

Taí outro clássico dos clássicos da ficção científica mundial. A obra de Ray Bradbury foi publicada originalmente em 1950. A partir daí vem ganhando sucessivas reedições deixando evidente o seu enorme sucesso através dos tempos.

O tem central de As Crônicas Marcianas é a colonização de Marte por humanos com problemas e eventualmente vindos de uma Terra sob a iminência de ser devastada pela Guerra Atômica. Há também conflitos entre aborígenes marcianos com os novos colonizadores.

O estilo do livro varia de contos a novela episódica, com histórias de Bradbury originariamente publicadas nos anos de 1940 em revistas de ficção científica. A obra é similar em sua estrutura a outro livro de contos de Bradbury, chamado O Homem Ilustrado que também usa uma história para ligar várias outras entrelaçadas.

Os leitores vão encontrar de tudo um pouco. Por exemplo, há algumas crônicas se passam em Marte e outras na Terra, em algumas o sonho de partir, em outras o desejo de voltar e a espera e a capacidade do ser humano de se superar e surpreender tanto pelo lado bom como pelo mal. Temos alguns personagens que aparecem em mais de um conto, mas o protagonista da história é o próprio planeta Marte.

06 – Realidades Adaptadas (Philip K. Dick)

Abrimos e também fechamos a nossa lista de Sci-fi com o gênio Philip K. Dick. Realidades Adaptadas é uma edição inédita que apresenta ao grande público os contos originais de Philip K. Dick que serviram de base a filmes como “O Vingador do Futuro”, “Minority Report” e “O Pagamento”. Com certeza, poucos leram os contos e novelas que deram origem a esses filmes, campeões de bilheteria.

Realidades Adaptadas contém sete contos que, como escrevi acima, foram adaptados para as telonas, abordando questões interessantes e instigantes, como a ideia do tempo e da realidade, o livre-arbítrio, o bem e o mal.

Dick nunca chegou a ver nenhum dos filmes baseados em sua obra. Ele faleceu três meses antes da estreia de “Blade Runner – O Caçador de Androides”, que foi o primeiro de vários filmes inspirados em suas histórias.

Entre os destaques da obra estão Lembramos para você a preço de atacado escrito em 1966 e que deu origem ao filme “O Vingador do Futuro” (1990),  O Relatório Minoritário de 1956 que originou a produção cinematográfica com Tom Cruise chamada “Minority Report – A Nova Lei” (2002) e O Homem Dourado (1954) que foi parar nos cinemas em 2007 com o título: “O Vidente” tendo Nicolas Cage e Jéssica Biel nos papéis principais.

Taí galera, escolham a sua antologia para combater aquela horrível DLP.

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