Sacanas do asfalto

21 junho 2025

Enrosquei no começo do livro; mas enrosquei mesmo. A leitura não ia, sei lá... não fluía. Melhorou depois, a partir do meio da obra, mas tive que ser persistente. Na minha opinião o excesso de diálogos entre os personagens abordando, muitas vezes, assuntos desinteressantes, do tipo ‘coisas’ cotidianas que não tinham nada a ver com a trama principal acabaram travando o desenvolvimento da história. Acho que poderia definir esse contexto da seguinte maneira: diálogos desnecessários e situações convenientes vividas pelos personagens. E já que toquei no assunto personagens, eles, também, não me cativaram no início.

Tudo isso acabou atravancando a leitura. Por isso mesmo, apesar de ser um livro curto, com pouco mais de 260 páginas, custei muito para termina-lo. Culpa do seu início frio. E olha que eu estava com muita vontade de ter esse livro em mãos; literalmente “babando” para ler “Sacanas do Asfalto” após ter visto a sua sinopse nas redes sociais.

Se você conseguir “vencer” esse início ou para ser mais exato, essa primeira metade da obra, com certeza, conseguirá deslanchar a sua leitura porque a segunda e última metade tem características bem distintas. Apesar de alguns diálogos desnecessários persistirem, a entrada de novos personagens como Samuel, o “Sr. Lobo”, além de uma gang de motoqueiros comandada por um punk ‘mutcho loko’ acabam dando um “Up” no enredo e a partir daí a leitura começa a fluir.

Colaboram muito para esse “Up” alguns segredos envolvendo três personagens principais que são revelados por Robson Gundim. O segredo da personagem Daisy tem “ares” de plot twist; melhor ‘dizendo’: é um verdadeiro plot twist porque muda tudo o que leitor imaginava ser verdadeiro na personagem. Outra reviravolta diz respeito a Samuel ou simplesmente “Sam”. Acredito que leitor irá se surpreender quando descobrir os motivos que levaram “Sam” a seguir um caminho não muito digno em sua vida. Quanto ao terceiro plot – esse bem menor do que os outros dois – acho que está mais para um pequeno segredo do que para um twist, é relacionado ao Sr. Lobo e ao punk mutcho loko. Todas essas novidades conseguem dar uma inflada no enredo.

Gostei também da entrada das “Três Furiosas” nesta segunda metade da trama. Foi uma participação relâmpago dessas “panteras” mas valeu muito a pena. O autor até poderia explorar um pouco mais a presença dessas garotas. Até fiquei imaginando e torcendo por um confronto entre a líder das Furiosas e o Punk mutcho loko, mas fiquei apenas na torcida.

Como Gundim é fã declarado de Quentin Tarantino, “Sacanas do Asfalto” traz muitas referências sobre o renomado diretor de cinema. Na trama, três jovens estudantes, com a chegada das férias, decidem viajar para se divertirem no melhor festival de rocxk da ilha de Vera Cruz. Movidos por uma harmonia e amizade indestrutíveis, eles tomam a estrada e chama a atenção de todos por onde passam. Porém, nem tudo parece ser tão agradável como supunham, sobretudo quando o líder de um grupo de motoqueiros resolve desafiá-lo, mexendo com seus medos e feridas, em uma implacável perseguição.

Enfim galera, é isso aí: um livro com início frio, muita enrolação, muitos diálogos e situações desnecessárias, mas que melhora muito depois da metade. Detalhe final: as gravuras que marcam o início de alguns capítulos foram desenhadas pelo próprio Gundim e ficaram ótimas, com um clima bem “Tarantino”.

Valeu!

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