Enrosquei no começo do livro; mas enrosquei mesmo. A leitura
não ia, sei lá... não fluía. Melhorou depois, a partir do meio da obra, mas
tive que ser persistente. Na minha opinião o excesso de diálogos entre os
personagens abordando, muitas vezes, assuntos desinteressantes, do tipo ‘coisas’
cotidianas que não tinham nada a ver com a trama principal acabaram travando o
desenvolvimento da história. Acho que poderia definir esse contexto da seguinte
maneira: diálogos desnecessários e situações convenientes vividas pelos
personagens. E já que toquei no assunto personagens, eles, também, não me
cativaram no início.
Tudo isso acabou atravancando a leitura. Por isso
mesmo, apesar de ser um livro curto, com pouco mais de 260 páginas, custei
muito para termina-lo. Culpa do seu início frio. E olha que eu estava com muita
vontade de ter esse livro em mãos; literalmente “babando” para ler “Sacanas do
Asfalto” após ter visto a sua sinopse nas redes sociais.
Se você conseguir “vencer” esse início ou para ser
mais exato, essa primeira metade da obra, com certeza, conseguirá deslanchar a
sua leitura porque a segunda e última metade tem características bem distintas.
Apesar de alguns diálogos desnecessários persistirem, a entrada de novos
personagens como Samuel, o “Sr. Lobo”, além de uma gang de motoqueiros
comandada por um punk ‘mutcho loko’ acabam dando um “Up” no enredo e a partir
daí a leitura começa a fluir.
Colaboram muito para esse “Up” alguns segredos envolvendo
três personagens principais que são revelados por Robson Gundim. O segredo da
personagem Daisy tem “ares” de plot twist; melhor ‘dizendo’: é um verdadeiro
plot twist porque muda tudo o que leitor imaginava ser verdadeiro na
personagem. Outra reviravolta diz respeito a Samuel ou simplesmente “Sam”.
Acredito que leitor irá se surpreender quando descobrir os motivos que levaram “Sam”
a seguir um caminho não muito digno em sua vida. Quanto ao terceiro plot – esse
bem menor do que os outros dois – acho que está mais para um pequeno segredo do
que para um twist, é relacionado ao Sr. Lobo e ao punk mutcho loko. Todas essas
novidades conseguem dar uma inflada no enredo.
Gostei também da entrada das “Três Furiosas” nesta
segunda metade da trama. Foi uma participação relâmpago dessas “panteras” mas
valeu muito a pena. O autor até poderia explorar um pouco mais a presença
dessas garotas. Até fiquei imaginando e torcendo por um confronto entre a líder
das Furiosas e o Punk mutcho loko, mas fiquei apenas na torcida.
Como Gundim é fã declarado de Quentin Tarantino, “Sacanas
do Asfalto” traz muitas referências sobre o renomado diretor de cinema. Na
trama, três jovens estudantes, com a chegada das férias, decidem viajar para se
divertirem no melhor festival de rocxk da ilha de Vera Cruz. Movidos por uma
harmonia e amizade indestrutíveis, eles tomam a estrada e chama a atenção de
todos por onde passam. Porém, nem tudo parece ser tão agradável como supunham,
sobretudo quando o líder de um grupo de motoqueiros resolve desafiá-lo, mexendo
com seus medos e feridas, em uma implacável perseguição.
Enfim galera, é isso aí: um livro com início frio,
muita enrolação, muitos diálogos e situações desnecessárias, mas que melhora
muito depois da metade. Detalhe final: as gravuras que marcam o início de alguns
capítulos foram desenhadas pelo próprio Gundim e ficaram ótimas, com um clima
bem “Tarantino”.
Valeu!
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