13 livros para falar sobre temas difíceis com as crianças

04 fevereiro 2024

Eu e Lulu temos muitos amigos que são pais de crianças e sabemos o quanto eles pelejam para bordar temas “espinhosos” com os pequenos. Em nossas conversas que acontecem durante os happy hours ou então nas reuniões de finais de semana sempre surgem algumas colocações sobre esse assunto. Pode ser o pai que se separou e foi embora, a morte de um avô querido, o bullying sofrido na escola, entre tantos outros questionamentos.

Por isso, tive a ideia de escrever essa postagem com a intenção de ajudar alguns pais que acompanham o blog e estejam passando por situações ‘digamos’ que... um tanto ‘complicated’ e estão em dúvida sobre como abordá-las para os seus filhos menores de idade.

Escolhi 13 livros que certamente serão úteis para esses pais encontrarem a melhor maneira de conversar com as crianças e fazê-las entender a situação difícil, complicada ou dolorosa pela qual estão passando.

01 – Morte de alguém que amamos

Livro: A Árvore das lembranças (Britta Teckentrup)

É muito difícil superarmos a morte de alguém. Para as crianças não é diferente. Não é segredo para ninguém de como os pequenos são ligados com os seus avôs, não é verdade? A situação se complicada ainda mais quando a mãe ou o pai acaba falecendo. A Árvore das lembranças da escritora alemã Britta Teckentrup mostra para as crianças como podemos lembrar daqueles que se foram.

Tudo bem que seja um livro sobre morte, um tema considerado pesado, mas ele é escrito de uma maneira tão bonita e delicada, além de conter lindas ilustrações, que a narrativa acaba se tornando leve e até mesmo poética. As crianças irão adorar e passar a entender melhor essa situação tão delicada.

A autora conta a história de uma raposa que levou uma vida longa e feliz na floresta. Mas quando se sentiu muito, muito cansada, entendeu que era hora de partir. Tristes, os animais da floresta reúnem-se em volta da amiga para relembrar os momentos felizes que viveram junto com ela. Mas uma agradável surpresa irá aquecer o coração de cada um deles e transformar a dor da saudade em um alegre farfalhar de folhas ao vento. Um livro delicado e tocante, que celebra a vida e nos ajuda a resgatar as doces lembranças daqueles que amamos.

Livro: O Passeio (Pablo Lugones)

A história trabalha de uma forma muito bonita o ciclo da vida, a morte e as mudanças que isso significa e como esse ciclo sempre continua, no caso o passeio. 

O autor aborda o relacionamento de uma menina e seu pai. A narrativa é linda e triste pela passagem em que o pai dela falece, mas por outro lado, também é uma história muito bonita porque mostra o ciclo de vida, morte e vida para as crianças. Após algum tempo, depois do falecimento do pai da personagem, ela tem o seu filho e, assim, começa o ciclo da vida novamente, sempre tendo o passeio de bicicleta compartilhado como analogia do caminhar junto na vida.

Livro: O Livro do Adeus (Todd Parr)

Como já escrevi no início dessa postagem, compreender a morte como um processo natural e aceitá-la de forma serena é uma tarefa difícil até para gente grande. Imagina para a criança que, de uma hora para outra, se vê obrigada a dizer adeus a um bichinho de estimação ou a um membro da família? 

A fim de descomplicar essa delicada situação, o renomado autor e ilustrador norte-americano Todd Parr criou O livro do adeus. Com seus coloridos desenhos, a obra traz uma comovente e esperançosa história sobre dizer adeus a alguém que a gente ama. O autor, conhecido por abordar de forma simples e educativa questões que povoam a imaginação e as dúvidas dos pequenos, garante que este foi o livro mais difícil que já escreveu.

A obra é uma ótima opção para crianças pequenas, de até 6 anos, As páginas, educativas e cheias de cores, também auxiliam na missão de transformar o tema do luto em algo mais natural.

02 – Separação dos pais

Livro: O reino partido ao meio (Rosa Amanda Strauz)

A separação dos pais sempre foi um processo complicado para nós adultos, imagine para as crianças. A autora carioca Rosa Amanda Strauz descomplica esse processo em seu livro que recebeu críticas favoráveis de leitores e também de críticos literários. Vale destacar também as ilustrações de Natália Colombo que são fantásticas.

Em O reino partido ao meio, a escritora e jornalista explica que existem coisas na nossa vida que parece que nunca vão mudar. Mas às vezes, quando menos esperamos, um acontecimento repentino tira tudo do lugar. É o que se passa com o pequeno príncipe desta história. Por culpa de um dragão raivoso, de uma hora para outra, seu reino e as coisas que existem nele são partidos ao meio. No começo, a situação parece assustadora e é difícil de encarar. Mas com o tempo, o príncipe acaba descobrindo novos arranjos e percebendo que não existe apenas um jeito de viver.

É um livro que trata da separação de pais, mas também serve para qualquer mudança difícil em nossas vidas e principalmente na vida das crianças, ou seja, qualquer processo de desconstrução. Mostra que quando estamos passando por um momento difícil fica complicado estudar, comer, dormir... mas com amor, paciência e com uma rede de apoio conseguimos superar aos poucos e tudo vai ficando melhor.

Livro: Brincar de ser feliz (Libby Rees)

Brincar de Ser Feliz foi escrito pela autora quando ela tinha 9 anos! Após o divórcio de seus pais, que aconteceu quando ela tinha 6 anos, Libby Rees resolveu escrever uma lista de ações para saber enfrentar o problema de um jeito prático. A ideia acabou virando livro.

Trata-se de uma obra repleta de pequenas ideias originais que estimula os pequenos leitores a vencer as dificuldades típicas da infância. Com maturidade emocional, a autora compartilha suas estratégias simples e prova que o caminho para a felicidade é muito divertido.

03 – Racismo

Livro: As cores do mundo (Rafael Calça)

Os livros infantis sobre racismo são fundamentais para estimular a educação antirracista tanto na escola quanto em casa. É importante frisar que as famílias não pretas são fundamentais nesse processo, pois quanto mais crianças brancas forem educadas a respeito da importância de combater o racismo, mais a luta antirracista alcançará novos lugares de fala, promovendo mudança e progresso.

O livro As cores do mundo do premiado autor Rafael Calça – vencedor do Prêmio Jabuti -  pode ser personalizado com o nome e o personagem da criança. O escritor leva os pequenos em um divertido passeio para aprender sobre empatia, respeito e a capacidade que cada um tem de mudar o mundo. Com uma narrativa lúdica, ele mostra para as crianças que cada cor existente no mundo carrega uma história, uma cultura, um jeito de pensar, vestir e falar que deve ser respeitado e valorizado.

Livro: Sulwe (Lupita Nyong’o)


Cara, as ilustrações desse livro são m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a-s. Crianças e adultos irão amar! 

Escrito pela atriz e vencedora do Oscar, Lupita Nyong’o, o livro conta a história de Sulwe, uma garotinha preta que desejava brilhar como o sol. Sulwe tem a pele da cor da meia noite. Ela é mais escura que todos de sua família. Ela é mais escura que todos de sua escola. Por isso, Sulwe se sentia deslocada. Só queria ser bonita, ser igual aos outros, ser aceita. Até que um fato a ensina a perceber o brilho que ela sempre teve.

Uma história linda e delicada para falar sobre amor-próprio e aceitação. A obra é de uma beleza ímpar, não só o capricho das ilustrações, a qualidade do papel, da capa, mas sobretudo a mensagem que é de uma sinceridade e sensibilidade profundas. É uma história que deve cativar a qualquer pessoa.

A autora escreveu no Twitter que Sulwe é um espelho que reflete todas as crianças pretas e uma janela para todas as outras.

04 - Gordofobia

Livro: Andréia baleia (Davide Cali)

Na aula de natação, Andreia é o alvo das brincadeiras de suas colegas. Isso porque ela é gorducha. Tanto que as meninas a chamam de Baleia. A garota Andreia sofre com as provocações e falas desrespeitosas dos colegas. Por isso, todas as quartas-feiras, Andreia caminha cabisbaixa para a aula de natação.

As provocações e os gritos das colegas não param: “Andreia é uma baleia!”, só porque ela provoca uma grande onda quando mergulha na piscina.

A protagonista se sente pesada demais para esse esporte e acha que não nada bem. Mas, ao conversar com seu professor, amplia seu olhar diante das formas e dos pesos das coisas. Então, Andreia experimenta pensar diferente diante das situações perigosas ou embaraçosas, como diz seu professor, “somos o que pensamos ser”.

Com o incentivo e as orientações de seu professor, o corpo de Andréia deixa de ser pesado demais para um corpo que realiza feitos extraordinários, pois tudo é uma questão de mente, de cabeça. Assim, a sua autoestima e confiança, aumentam, e muito!

Livro: Carlota bolota (Cristina Porto)

Você já teve um apelido? Alguns são carinhos, outros inofensivos, mas há aqueles que machucam. E quanto mais você se incomoda e reclama, mais as pessoas usam. Carlota ganhou um apelido: Bolota. Mas ela vai aprender que as vezes aquilo que te chateia pode se transformar naquilo que te faz feliz.

A história é narrada por Carlota, uma menina que sofre bullying por causa de sua obesidade, começando pelo apelido de “Carlota Bolota” colocado pelo seu irmão. Ela conta sua vida, do nascimento até se tornar craque de um time de futebol.

A autora começa a narrativa contando a história de vida de Carlota e de sua família e como ela reage ao escutar esse apelido dado a ela pelo seu irmão. Tudo começa a mudar quando uma família se muda na esquina de sua casa com a qual Carlota fez amizade. Ela aprendeu com essa família que uma pessoa é muito mais do que a sua aparência exterior.

As ilustrações são de Sonja Bougaeva que também ilustrou Andréia Baleia.

Livro: Laís, a fofinha (Walcyr Carrasco)

O livro Laís, a fofinha aborda o drama da personagem-título, que passa a sofrer bullying na nova escola por ser gordinha. Desanimada com a vida, Laís inventa dietas malucas que colocam sua saúde em risco e se torna uma criança triste, até que vê a oportunidade de superação. 

O livro traz uma importante lição sobre aceitação própria e mostra como questões estéticas se revelam tão sem importância no decorrer da vida.

Para o autor, conhecido por ter escrito novelas como “Verdades Secretas” (2015), “O Outro Lado do Paraíso” (2017) e “A Dona do Pedaço (2019) – ambas na Globo –, é preciso falar sobre o preconceito com as diferenças. “O bullying nas escolas é um assunto muito debatido e, hoje, não se pode pensar na formação da criança sem combatê-lo de forma orgânica e bem estruturada”, afirma ele. “Quando escrevo, minha primeira intenção é sempre criar uma trama cativante, seja no universo infantil ou adulto. Mas esses livros, em especial, aliam a trama à questão do bullying. Cada um deles fala sobre o ‘ser diferente’ e a inclusão”.

05 – Inclusão social

Livro: Rodrigo enxerga tudo (Markiano Charan Filho)

O livro infanto-juvenil conta a história de Rodrigo, um garoto com deficiência visual que acaba virando um amigo de escola de André. Ele foi transferido para lá de uma escola especial. Apesar de ser deficiente visual, os seus novos amigos percebem que ele tem outras formas de enxergar, jeitos diferentes de ver as coisas. E como todo mundo, tem talentos e pontos fracos com os quais tem que lidar.

Rodrigo enxerga tudo trem uma abordagem sensível e tocante. Leitura ideal para as crianças na faixa etária de nove a doze anos.

O autor da obra, Markiano Charan Filho, ficou completamente cego logo que nasceu. Por isso, bem pequenino, já aprendeu Braille, uma forma de ler e escrever inventada especialmente para auxiliar deficientes visuais. E aí ninguém segurou o Markiano: ele estudou pra valer, fez faculdade e tem dedicado a sua vida na defesa dos direitos de outros deficientes. Além disso, começou a escrever contos e crônicas e também literatura infantil, como o livro Rodrigo enxerga tudo.

Livro: Do jeito que você é (Telma Guimarães)

Estre livro vai ensinar as crianças a respeitarem as diferenças que existem entre elas. A premiada escritora Telma Guimarães instiga as descobertas e experiências que permitem o amadurecimento de meninos e meninas. 

A história é de uma garotinha chamada Sandra, que se muda com a família para morar em um prédio. Lá, as outras crianças a acham diferente, com cabelo esquisito e roupas estranhas, e passam a criticar e rejeitar a menina. Depois de alguns dias rejeitada, Sandra ensina aos pequenos vizinhos que, apesar das diferenças, eles têm muito em comum e podem ser amigos de verdade.

Livro: Daniel no mundo do silêncio (Walcyr Carrasco)

Taí mais um livro muito importante sobre inclusão escrito por Walcyr Carrasco. Desta vez, ele conta a história de um menino chamado Daniel que perde a audição, aos 7 anos, por isso, ele precisa aprender a se comunicar de outra maneira: com as mãos. 

Seus pais e o irmão mais novo dão o maior apoio durante essa adaptação, e os pais o matriculam em uma escola especializada em educação para surdos, onde ele aprende a LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais. É assim que ele e a família se comunicam.

Depois de um tempo, Daniel passa a frequentar simultaneamente uma escola comum. Nesta, porém, ele sofre bullying e não consegue interagir com os colegas, pois ninguém compreende a língua de sinais. Tudo muda quando o garoto por pouco não sofre um grave acidente devido à surdez. A cena é presenciada por uma colega de classe que, naquele instante, entende o que é ser surdo.

A partir daí surge a solidariedade. Os colegas descobrem que falar com as mãos pode ser divertido e ganham um amigo esperto e inteligente. E a diretora da escola providencia um intérprete de LIBRAS para acompanhar Daniel durante as aulas – uma obrigatoriedade legal que ela desconhecia.

Galera, por hoje é só, mas volta ainda nessa semana para “falarmos” de livros.

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