Histórias Extraordinárias

21 setembro 2017
Quem sou eu para cometer o sacrilégio de criticar o gênio Edgar Allan Poe. Não sou e tampouco serei maluco para isso, mas...
Caraca! Perceberam como essa conjunção, o afamado ‘mas’, que é parente em primeiro grau do “porém”, “contudo” e do “todavia” é um baita de um bagre ensaboado? Para não ficar em maus lençóis com alguém ou alguma coisa que pretende criticar, ele primeiramente passa com toda a delicadeza o algodão com o álcool para depois dar a picada. E neste texto, o tal do ‘mas’ tem essa função e justamente com Poe.
Gente, os textos desse escritor americano influenciaram grandes nomes da literatura contemporânea, mas não podemos negar que eles – os textos – seguem uma dinâmica literária característica do século XIX:  linguagem rebuscada, vocabulário culto e descrições detalhadas. Poe faz parte dessa geração.
Portanto, se você  já está acostumado ou viciado na linguagem descompromissada, leve e direta dos autores atuais, com certeza irá estranhar “Histórias Extraordinárias”, já que todos os 18 contos que compõem o livro foram escritos no século XIX.
No meu caso, fiquei incomodado com o rebuscamento e detalhismo das primeiras três histórias e juro que pensei em abandonar o livro, mas fui persistente e prossegui com a leitura. Resultado: acabei me adaptando com o estilo literário de Poe e daí para frente tudo fluiu normalmente. É importante lembrar que encontrei a mesma dificuldade inicial com os livros “Contos Fantásticos do Século XIX” e “Contos de Horror do Século XIX”.; pelo mesmo motivo: conflitos de linguagens. Pois é, e tudo por culpa do meu vício literário em Stephen King, César Bravo e Clive Barker (rs).
Mas isto serve como desculpa para criticar a obra de Poe. Desde que você se adapte à linguagem daquela época, as histórias do autor, pelo menos a maioria, são ótimas.
Gostei de “Os Crimes na Rua Morgue”, uma mistura de suspense e investigação; “O Gato Preto”, um conto angustiante com doses generosas de violência, o final me deixou com taquicardia; “ O Escaravelho de Ouro” também pode ser considerado ‘trucão’, onde três personagens saem a caça de um tesouro que poderá trazer sérias conseqüências; além de vários outros.
Um livro muito bom para os leitores contemporâneos, desde que eles passem por um processo de adaptação para a linguagem de dois séculos atrás.
Inté!


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