A Incendiária

03 maio 2018

“A Incendiária” me ensinou uma lição muito importante: “um livro considerado ruim por muitos, pode ser ótimo para mim”. Digo isso porque o livro escrito por Stephen King em 1980 e relançado recentemente pela Suma de Letras na coleção “Biblioteca Stephen King” é apontado  pela maioria dos leitores e também pela critica especializada como uma obra menor do autor, daquelas que não empolgam.
Infelizmente quase me deixei influenciar por essas opiniões e por muito pouco não menosprezei essa obra ‘f-a-n-t-á-s-t-i-c-a’. Há muitos anos venho adiando a compra do livro – lançado nos anos 80 pela Record e também pelo Círculo do Livro – e  confesso que só acabei adquirindo porque firmei o propósito de ter em minha estante todos os livros da coleção “Biblioteca Stephen King”. Portanto, se não fosse esse detalhe, teria perdido uma das melhores histórias escritas por King.
Cara, “A Incendiária” é muito bom! E curiosamente não se trata de uma obra de terror, gênero que consagrou o seu autor, mas uma mistura de ficção científica, drama familiar e ação, muuuiita ação.
No enredo, um jovem casal - Andy e Vicky McGee - decidem participar de uma experiência científica na faculdade onde estudam. O desconhecido por eles é que na realidade essa experiência está sendo conduzida por um órgão secreto do governo chamado “A Oficina’ que quer testar substâncias ilícitas capazes de modificar o DNA das cobaias, conferindo á elas certos poderes psíquicos. Andy ganha o poder de impulsionar as pessoas a fazer coisas que ele deseja, por outro lado, a sua mulher adquire um poder telecinético muito pequeno. Anos depois, após terem a substância injetada em suas correntes sanguíneas, eles tem uma filha (Charlie) que acaba herdando a capacidade de provocar incêndios com a ajuda da mente. Juntos, pai e filha são obrigados a fugir  da “Oficina”  que descobre os poderes adquiridos por Charlie.
Em resumo, esse é o enredo de “A Incendiária” que consegue engolir o leitor.
O drama vivido pela família McGee,  principalmente por Andy e Charlie, já que Vicky tem uma participação curta, mas decisiva no enredo, é muito bem construído por King. As dificuldades enfrentadas por pai e filha, enquanto forem dos agentes da “Oficina”, colaboram para que eles se aproximem cada vez mais, além de contribuir para o amadurecimento de Charlie que vai aprendendo a entender e principalmente controlar o seu poder.
Os trechos em que Andy dá os impulsos em suas vítimas para que ele e Charlie possam fugir são muito bem escritos e prendem o leitor. A cada impulso dado, o cérebro de Andy vai se deteriorando de maneira irreversível, fazendo com que o leitor fique na expectativa do desfecho do personagem no final da história.
Os capítulos onde Charlie utiliza o seu poder são fodásticos. A impressão que ficou, pelo menos para mim, foi a de estar assistindo um filme – não aquela adaptação  medonha do livro produzida em 1984 com Drew Barrymore – mas a uma superprodução rodada na minha mente.
A parte final do livro, quando entra em ação o vilão Rainbird – o frio assassino de aluguel da “Oficina” - é pura tensão. O embate entre Rainbird e Charlie, juntamente com o seu pai é muito tenso. Prestem atenção na cena do galpão onde se estão vários cavalos. Caraca! Aguenta coração, tenso demais!
Após ter terminado a leitura, disse para um amigo que considero “A Incendiária” um dos livros que retratam com perfeição o crescimento de determinado personagem, no caso Charlie. No virar das páginas, ela vai conseguindo vencer os seus medos, as suas inquietações e dúvidas  até atingir o seu amadurecimento. O curioso é que por conta das dificuldades, Charlie conseguiu fechar esse ciclo ainda criança.
No final, achei o máximo a cutucada sutil que King dá nos meios de comunicação de massa, principalmente nos grandes jornais. Segundo ele, quase  toda a mídia impressa está atrelada ao governo e por isso só publicam matérias que não causem estragos nesse mesmo governo, menos um jornal. Descubra qual na ultima página da história onde acontece uma conversa antológica entre Charlie e um bibliotecário.
Adorei o final em aberto.
Que leitura!


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