As luzes de setembro

23 outubro 2016
Ok galera, vou repetir o que já escrevi no post sobre “O Príncipe da Névoa”. Anote aí: “Se você leu “A Sombra do Vento”, “O Jogo do Anjo” ou “Marina” não vá com tanta sede ao pote quando encarar “O Príncipe da Névoa”. Vá com calma, sem expectativas exacerbadas. É fácil explicar esse chamado “pé no freio”, afinal de contas “A Sombra do Vento” é considerada a obra máxima de Carlos Ruiz Zafón, escrita no auge de sua carreira...”
Este mesmo trecho referente ao “Príncipe da Névoa” que escrevi em 2014 vale também para “As Luzes de Setembro”, terceiro romance de Zafon, ainda em início de carreira. Acredito que o estilo de escrita que conquistou leitores em todo o mundo, consagrando Zafon como um dos autores mais talentosos das últimas décadas, teve início com “Marina”, publicado originalmente em 1999. Este livro também fecha o ciclo de romances direcionados  aos leitores adolescente que começou com “O Príncipe da Névoa (1993), passando pelo “O Palácio da Meia Noite (1994), “As Luzes de Setembro (1995) e finalmente encerrando com “Marina”. Depois desses quatro livros juvenis, o escritor espanhol passou a publicar histórias para um publico mais adulto. “A Sombra do Vento” foi a porta de entrada para esse novo ciclo de escrita de Zafon, deixando evidente a sua evolução como autor. Nesta nova fase teríamos ainda “O Jogo do Anjo” e “Prisioneiro do Céu”.
Sei que muitos leitores discordam do meu ponto de vista, mas coloco “Marina” no mesmo nível de “A Sombra do Vento” e muito melhor do que “O Jogo do Anjo”. Não posso dizer o mesmo sobre os três primeiros livros do autor barcelonês. Eles são apenas razoáveis. Tem mistério? Sim. Tem terror? Também. Tem suspense? Claro. Mas apesar dos seus três primeiros livros possuírem todos os ingredientes que transformaram “A Sombra do Vento” e “Marina” em leituras prazerosas, eles não conseguem decolar. Digamos que as obras dão apenas um vôo rasante, nada mais que isso.
Não estou afirmando que “As Luzes de Setembro” seja um livro ruim. Estou apenas alertando a galera que já leu “A Sombra do Vento” que não espere encontrar um estilo semelhante. Vocês vão encontrar um Zafon ainda tímido, mas mesmo assim, com qualidades.
Em alguns trechos a leitura de “As Luzes de Setembro” fica um pouco arrastada, principalmente no início quando o autor ‘enrosca’ no romance entre Irene e Ismael. O enredo só esquenta nos últimos capítulos quando ganha um ritmo acelerado, com cara de filme de ação, suspense e terror. Tudo misturado. Mas até chegar nesse ponto quando também virão revelações importantes que esclarecerão o mistério inicial da trama, o leitor terá que ‘penar’ com o ritmo arrastado de várias páginas.
O enredo de “As Luzes de Setembro” se passa em 1937 quando Simone Sauvelle fica de repente viúva e abandona Paris junto com os filhos Irene e Dorian. Eles se mudam para uma cidadezinha no litoral, e Simone começa a trabalhar como governanta para Lazarus Jann, um fabricante de brinquedos que mora, com a esposa doente, numa sinistra mansão chamada Cravenmoore.
Tudo parece caminhar bem. Lazarus demonstra ser um homem agradável, trata com consideração Simone e os filhos, a quem mostra os estranhos seres mecânicos que criou: objetos bem-feitos que parecem poder se mover por conta própria. Irene tem uma atração imediata por Ismael, o pescador primo de Hannah, cozinheira da casa.
Todos estão animados com a nova vida quando acontecimentos macabros e estranhas aparições perturbam a harmonia de Cravenmoore: Hannah é encontrada morta, e uma sombra misteriosa toma conta da propriedade. O que Irene, Dorian e Ismael não sabem, é que a fabrica de brinquedos de Lazarus guarda um terrível segredo que precisa ser descoberto a qualquer custo para salvarem a vida de Simone.
Enfim, o resumo da obra é esse aí.

“As Luzes de Setembro” é um livro razoável, apenas. Só isso.

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