“O Temor do Sábio – A Crônica do Matador do Rei: Segundo Dia”

25 março 2015
Com certeza se fosse outro livro, eu teria abandonado. Justamente no período em que comecei a ler “O Temor do Sábio – A Crônica do Matador do Rei: Segundo Dia”, o meu mundo começava a tremer mais do que gelatina, chegando perto do desabamento. E a casa só não caiu por causa da fé que nutro nesse Deus lindo e maravilhoso, sem contar o apoio da minha alma gêmea Lulu e também de meus irmãos.
Cara, a morte do Kid Tourão foi um soco na ponta do queixo... não, foi pior: imagine um chute com uma bota de bico fino e ponteira de ferro direto nos bagos. Foi essa a dor que senti na alma com a partida de meu velho.  A mesma dor que invadiu a minha alma, justamente quando eu estava no início da história de Patrick Rothfuss.
Vi a ‘partida’ do meu ‘papi’ querido, enquanto, ao mesmo tempo, observava o livro que repousava tranquilamente no criado mudo de um quarto de hospital. Lembro-me ainda que Lulu me disse: “A vida prossegue, a vida continua e ela, ainda, vai lhe presentear com muitas coisas boas”. Foi a partir daí que resolvi guardar em minha memória apenas as boas lembranças do velho Kid, mas para isso tinha que me livrar de tudo aquilo que lembrava da sua morte, incluindo o tal livro. Doei, joguei, queimei e escondi uma infinidade de coisas; pra ser sincero, absolutamente tudo, menos... o livro.
Galera, decide contar essa experiência de vida, para que vocês entendam como “O Temor do Sábio – A Crônica do Matador do Rei: Segundo Dia” é um livro especial e que merece ser lido e relido.
Patrick Rothfuss
Cada vez que pegava no livro me lembrava dos momentos tristes que havia passado com o Kid Tourão no hospital, mas apesar disso, não abandonei a sua leitura porque o enredo desenvolvido por Rothfuss é simplesmente f-a-n-t-á-s-t-i-c-o!
Falando escrevendo agora sobre a obra em si; nessa segunda parte da saga de Kvothe, o autror foge completamente do padrão convencional adotado pela maioria dos escritores de trilogias. Estes autores do gênero, quase sempre ‘guardam’ a ação para o último volume da saga, fazendo do primeiro livro uma vitrine de apresentação dos personagens e do segundo, uma sequência morna, tipo enrolação de lingüiça, preparando o leitor para a ‘montanha-russa’ do ultimo livro da trilogia.
Rothfuss, surpreendeu e fez tudo diferente nesta segunda parte da trilogia. A ação ‘pega pra capá’ e a cada página virada... Ufa!! Haja fôlego! Resultado: o leitor nem vê as quase mil páginas ‘passando’.
Diferente de “O Nome do Vento: A Crônica do Matadordo Rei: Primeiro Dia”; o “O Temor do Sábio” mostra as aventuras de Kvothe fora do ambiente da Universidade. O pequeno arcanista viaja para terras estranhas, perigosas e encantadas em busca de aventura. Neste livro vemos um Kvothe muito diferente do primeiro: mais ousado, inclusive com as mulheres. Entendo que “O Temor do Sábio” marca a transformação de um menino em homem. Rothfuss mostra um personagem herói e ao mesmo tempo assassino.
Neste segundo livro da saga, Kvothe passa a ter um crescimento meteórico na Universidade graças a sua inteligência brilhante. No entanto, seu temperamento difícil e a crescente rixa com seu rival Ambrose continuam metendo-o em encrencas, até que um dos professores o adverte de que seria melhor que ele se afastasse de lá por um período. Kvothe parte, então, numa jornada de aventuras de tirar o fôlego dos leitores. Ele combaterá bandidos perigosos na floresta, invocará o nome do vento, aprenderá a lutar com os mercenários ademrianos, salvará mocinhas de estupradores e viverá ações inusitadas na corte de um poderoso fidalgo. Também conseguirá um feito sem precedentes: sairá são e salvo de um encontro com Feluriana, um ser dos Encantados e a mulher mais linda do mundo, que seduz os homens e depois os mata ou enlouquece.
Como já coloquei no início desse post, o ritmo de escrita de Rothfus é alucinante. Todos os capítulos não negam fogo, mas na minha opinião, o capítulo sobre os ademrianos é ‘estupidamente fantástico’. Cara, Kvothe tem que provar que é bom, de fato, já que decide aprender a lutar com um grupo de mercenários que defende sua cultura milenar com garras afiadas, não permitindo que nenhum estranho conheça os segredos de sua arte.  O nosso herói, então, tem que provar que é merecedor desse privilégio passando por várias provas arriscadas colocando em jogo a sua própria vida.
O capítulo onde Kvothe encontra-se com Feluriana e escapa por um triz, também merece ser lembrado. Há também outros trechos impagáveis repletos de ação. Costumo dizer que “O Temor do Sábio” transpira ação em suas páginas.

E que venha agora, o último livro da trilogia: “As Portas de Pedra”. Quando? Só Deus sabe...

2 comentários

  1. Alguma notícia de quando "As Portas de Pedra" irá lançar?

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    1. Nada de nada. Nos últimos três anos, muito se especulou sobre o lançamento de "The Doors of Stone", mas na realidade ninguém tem uma previsão a não ser Patrick Rothfuss.
      Acredito que para 2016, a obra não sai. Prá ser sincero, acho difícil até para 2017. Vamos ver...
      Abcs!

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