30 maio 2014

Cinco livros que transformaram-se em séries antológicas de TV nos anos 70



Pessoal, hoje não estou a fim de escrever sobre séries contemporâneas, dessas que atualmente forram os vários dos vários canais de TV. E a falta de inspiração tem um motivo: a ojeriza pela maioria desses programas com enredos tão chatos e simplórios. É claro que há exceções, raríssimas, mas há; como por exemplo: “Arrow”, baseada nas histórias em quadrinhos do Arqueiro Verde. No momento, acho que é só.
Para aqueles que são fãs de carteirinha dessas séries, quero pedir desculpas pela minha falta de inspiração. Please! Aceitem o desabafo desse blogueiro acostumado a assistir aquelas séries fantásticas de TV dos anos 70 e 80. Séries tão boas, mas tão boas, que muitas delas ganharam o status de ‘antológicas’. Cara, será que estou mentindo quando falo que “Terra de Gigantes”, “Viagem ao Fundo Mar”, “O Túnel do Tempo”, “James West”, “A Super-Máquina”, “Além da Imaginação” e “O Homem de Seis Milhões de Dólares” literalmente engolem as séries de hoje? Acho que não.
Portanto, no post de hoje, quero escrever sobre essas séries marcantes que me trouxeram tão boas recordações. Para não fugir da proposta do “Livros e Opinião” que é a de explorar apenas assuntos literários, resolvi selecionar cinco séries de TV “animais”, baseadas em livros e que fizeram a alegria da minha geração nos anos 70. Aliás, é importante esclarecer que a onda de produtores e roteiristas buscarem nos livros inspiração para a criar as suas séries televisivas não começou recentemente. No,No, No... Essa prática já é bem ‘véinha’ como vocês poderão constatar a partir de agora.
E vamos à elas: as séries!
01 – “O Homem de Seis Milhões de Dólares” (1974)
Livro: Cyborg (1972) - Martin Caidin
Podem acreditar meus amigos! A famosa série sobre Steve Austin e seus membros biônicos foi baseada num livro! Na história, Steve (Lee Majors) é um astronauta que sofre um acidente enquanto testa um novo modelo de avião. Gravemente ferido, ele é levado à sala de cirurgia onde é submetido a uma operação que substitui seu olho e braço direito, bem como as duas pernas, por partes biônicas. Seus novos membros lhe dão a capacidade de enxergar a longas distâncias, bem como uma visão infravermelha, além de ser capaz de correr em alta velocidade. Embora sinta-se como um monstro de Frankenstein, Steve acaba cedendo às exigências do governo que gastou, na época, a fortuna de seis milhões de dólares para trazê-lo de volta à vida. Assim, ele se torna um agente que cumpre missões para um departamento secreto conhecido por OSI, uma espécie de CIA dos tempos atuais.
Muito pouco foi alterado do livro para a TV. Os roteiristas fizeram uma adaptação praticamente fiel às páginas escritas por Caidin. No livro, lançado em 1971, o personagem também é um astronauta de teste que sofre um acidente catastrófico e acaba tendo várias partes do corpo substituídas por membros biônicos de última geração. Seguindo os passos de seu sósia na TV, o Steve das páginas acaba se tornando um agente secreto à serviço do governo.
Lee Majors: o cyborg da televisão
A diferença se restringe a alguns dos componentes biônicos transplantados em seu corpo. O Cyborg adaptado para a TV é muito mais poderoso e sofisticado do que o seu homônimo dos livros. Já no primeiro episódio da série foi revelado que o olho biônico de Austin tinha uma característica telescópica (mais tarde expandido para incluir visão noturna ), enquanto o Cyborg original de Caidin tinha apenas uma mini-câmera no olho, além de ser cego no mesmo.
Quanto ao braço biônico do personagem do livro era algo bem rústico e funcionava essencialmente como um cacete ou aríete, inclusive nas sequências de luta, ele é frequentemente descrito como um esmagador de crânios. Já na televisão, o braço de Austin é de última geração bem mais complexo.
Anotem aí outras diferenças: o Steve Austin idealizado por Caidim ainda tinha em um dos dedos de sua mão biônica uma arma que disparava dardos venenosos e um transmissor de rádio implantado nas costelas. Já as pernas biônicas eram semelhantes as do  personagem da TV.
02 – Kolchak e os Demônios da Noite (1974)
Livro: The Kolchak Papers – Os Papéis de Kolchak (1972) - Jeffrey Grant Rice
Fico triste e frustrado ao saber que o livro de Jeffrey Grant Rice que serviu de inspiração para a conhecida série “Kolchak e os Demônios da Noite” não chegou a ser lançado no Brasil, ficando restrito ao comércio literário europeu. Uma pena mesmo, pois queria demais compará-lo com os dois filmes lançados em 1972 e 1973 e que alavancaram o surgimento da famosa série um ano depois. Mas, fazer o quê; paciência. Hoje, concretizar esse sonho é praticamente impossível, já que o livro não existe nem mesmo em inglês para download. Acessei ‘dias desses’ a Amazon e encontrei a foto do livro ‘bunitinha por lá’, mas só a foto, já que a edição estava esgotada. Talvez volte qualquer dia desses. Vamos esperar com fé. Afinal de contas, nem todos os livros que desejamos e ansiamos são lançados aqui na terrinha. Aliás, em tempos idos escrevi um  post sobre esse assunto.
O livro de Rice foi lançado numa edição de bolso em 1972. Nele, o autor conta a história de um repórter de Las Vegas, Carl Kolchak,  que perseguia um perigoso serial killer chamado Janos Skorzeny que acaba por se revelar um vampiro. Kolchak acaba passa por poucas e boas, mas consegue derrotar o sanguessuga dos tempos modernos.
Apesar do livro ter tido vendas apenas razoáveis, nada de excepcionais, coincidiu de cair justamente nas mãos de um produtor da ABC que viu muito potencial na história e decidiu, então, comprar os seus direitos e transformá-lo num filme.
O pessoal da ABC ficou tão empolgado com a novela de Rice e decidiu abrir os cofres para convencer Richard Matheson - autor de “A Lenda” e “A Casa Infernal”, além de alguns roteiros para séries clássicas como Além da Imaginação e Galeria do terror – à escrever a adaptação para um filme de TV. Matheson aceitou e surgia assim em 1972 o primeiro filme baseado no livro de Rice: “The Night Stalker” (O Perseguidor da Noite) já com Derrin McGavin na pele do engraçado e carismático repórter.
Kolchak inspirou muitas outras séries na TV
A produção fez tanto sucesso que a ABC acabou encomendando em 1973 um segundo filme, também adaptado por Matheson, que se chamou “A Noite do Estrangulador”. De olho em alguns dólares a mais, Matheson também escreveu uma novelização desse segundo filme que vendeu  mais do que o livro original escrito por Rice. Pode um ‘tróço’ desses!!
Como o segundo filme repetiu o êxito do primeiro, a ABC achou melhor produzir uma série de televisão, ao invés de um terceiro ou quarto filme que poderiam cair no ‘azedume’. Para os chefões do estúdio, uma série seria bem mais lucrativa; e de fato, foi. “Kolchak e os Demônios da Noite” estreou em 1974 com altos índices de audiência e ao longo de um ano (período em que durou a série) ganhou o status de antológica, passando a influenciar outros seriados famosos do gênero, entre eles, “Arquivo X”.
Em cada episódio semanal, Kolchak, um repórter do Independent News Service, investigava assassinatos envolvendo sobrenatural e ficção científica. A série trazia ainda uma boa dose de humor negro.
Saudades demais dessa série!
03 – O Homem Invisível (1975)
Livro: O Homem Invisível (1897 – 1ª Edição) – H.G. Wells
Neste livro de H.G. Wells, o protagonista, Dr. Griffin, se torna praticamente invisível após uma experiência parcialmente bem sucedida. A obra foi adaptada inúmeras vezes para o cinema e a televisão. A primeira adaptação cinematográfica aconteceu pela Universal Pictures em 1933, num longa-metragem dirigido por James Whale,tendo no papel principal Claude Rains como Doutor Jack Griffin, um cientista que para provar a autenticidade de uma fórmula química, aplica em si mesmo, transformando-se num ser invisível. Mas como efeito colateral dessa experiência, o cientista vai perdendo a razão, aos poucos, até ficar completamente louco e transformar-se num perigoso assassino invisível.
O sucesso do filme deu origem a várias continuações, entre elas: “O Retorno do Homem Invisível” (1940), “A Mulher Invisível” (1940) e “O Agente Invisível (1942).
Se no cinema, o livro de H.G. Wells teve várias adaptações; na televisão, então, nem se fale! Foram muitas as séries contando a saga do Dr. Griffin, cada uma à sua maneira, mas todas tendo por base o livro de Wells.
“O Homem Invisível” chegou pela primeira vez na televisão em 1958, em preto e branco e num pacote de 26 episódios produzidos pela ITC Entertainment para a Associated TeleVision na Inglaterra (ITV). Depois vieram outras adaptações. Confiram: “O Homem Invisível” (1975), “Gemini Man” (1976) e “O Homem Invisível” (2000).
David McCallum era o homem invisível no seriado de TV (1975)
Bem galera, de todos esses seriados, aquele que mais marcou para o “sujeito aqui, foi “O Homem Invisível”, exibido em 1975 com aquele ator lourinho o David McCallum que também trabalhou nos anos 60 numa outra série famosa: “O Agente da Uncle”.
Em “O Homem  Invisível”, McCallum interpretava o Dr. Daniel Westin que após várias experiências acaba descobrindo o segredo da invisibilidade. Após testar a sua fórmula com sucesso em vários objetos inanimados, temendo que o seu experimento caia nas mãos da indústria bélica, ele decide testar a fórmula em si mesmo para que ninguém mais pudesse utilizá-la. Dessa forma, o cientista passa a trabalhar para uma organização, usando a sua invisibilidade como arma secreta em diversas missões. Para se tornar visível ele utiliza uma máscara semelhante ao seu rosto, fabricada por um outro cientista, amigo seu. Quando deseja ficar invisível, basta retirar a máscara e as suas roupas e pronto!
O meninão aqui, nos seus 15 anos, não perdia um só episódio dessa série. Pena que durou apenas uma temporada com 13 episódios. Atualmente estou à sua procura na Net para recordá-la. Saudadessss!
04 – M.A.S.H (1972)
Livro: Mash (1968) - H. Richard Hornberger
Quem não se lembra de Radar e do armeiro Trapper. Caraca! Quantas gargalhadas dei  em minha pré adolescência com essa galera! O Radar com aquela cara de bobo (mas que de bobo não tinha nada) era o mais engraçado.
O capitão Benjamin vivido pelo Alan Alda também era o máximo. Tinha ainda outro ator – o qual não me lembro o nome – que ficava contando piadas infames e cantando as enfermeiras enquanto operava soldados com ferimentos graves num hospital improvisado no meio de um campo de batalhas. Com certeza os internautas que fizeram parte da minha geração já sabem de qual série televisa estou falando. É claro que só poderia ser M.A.S.H.
My God! São recordações especiais que jamais esquecerei e por isso mesmo, M.A.S.H estará para sempre guardada na memória desse ex-pré adolescente. Cara, parece que é hoje! Vejo-me assistindo as peripécias de Radar, Benjamin e Cia na televisão em preto e branco da sala da casa dos meus pais. Acho que a série era exibida durante a noite e enquanto ficava curtindo as aventuras hilárias daquele grupo de militares que tinha a tarefa de cuidar dos feridos na Guerra da Coréia, minha saudosa ‘mama’ ficava deitada no sofá-cama tirando um ‘ronco’. My mother era minha companheira das noitadas televisivas. Ela até gostava de M.A.S.H, mas não agüentava o tranco de ver o seriado até o final e caía nos braços de Morfeu. Eu não; aguentava firme até o final porque a história daqueles  caras era por demais engraçada.
Elenco fixo da série M.A.S.H, uma das mais longas da TV
Foi a série mais longa de toda a história da televisão americana, com 251 episódios e ficando por onze anos no ar, de 17 de setembro de 1972 a 28 de fevereiro de 1983.
Antes da série, o diretor Robert Altman dirigiu um premiadíssimo filme para o cinema em 1970 que faturou a Palma de Ouro em Cannes e o Oscar de Melhor Roteiro (adaptado). A produção cinematográfica fez tanto sucesso que acabou sendo levada para TV.
O que muitos desconhecem é que tanto o filme de Altman quanto a série televisiva foram baseadas num livro escrito por H. Richard Hornberger em 1968, baseado em suas experiências no Hospital Cirúrgico Móvel do Exército durante a Guerra da Coréia. Ele foi um cirurgião americano que tornou-se médico do Exército dos Estados Unidos, sendo convocado para aquele conflito. A obra autobiográfica foi escrita em conjunto com o famoso jornalista esportivo , W.C. Heinz. Para escrever o livro, Hornberger adotou o pseudônimo de Richard Hooker.
05- Os Pioneiros (1974)
Livro: Os Pioneiros (10 livros) (1932) – Laura Ingalls Wilder
Primeiro livro da série "Os Pioneiros"
Com toda a certeza, você se lembra dessa série produzida entre 1974 e 1983. “Os Pioneiros” fez tanto sucesso na TV, mas tanto sucesso que atingiu a marca histórica de nove temporadas!
O que nem todos sabem é que o enredo de “Os Pioneiros” foi baseado, literalmente, na série homônima autobiográfica de 10 livros da escritora Laura Ingalls  Wilder onde narra a saga de sua própria família.
Ingalls nasceu em 1867, numa pequena cabana de troncos, à beira da Grande Floresta do Winsconsin. Ao longo dos anos, viajou com a família de carroça através de Kansas, Minnesota e, finalmente, do Território de Dakota, onde conheceu e casou com Almanzo Wilder.
Era uma vida de privações e trabalho árduo. As colheitas eram destruídas por tempestades e enxames de gafanhotos. Porém, o mais importante e mais ressaltado em seus livros eram os momentos felizes de amor e riso, passeios de trenó, festas em feriados e eventos sociais. Os livros descrevem com vigor a história da família Ingalls e reproduzem com perfeição o verdadeiro espírito pioneiro americano.
Os Pioneiros, série de grande sucesso na televisão
Mas como a série de livros foi parar na TV? Bem, foi mais ou menos assim. Um sujeito chamado Ed Friendly, acostumado a produzir séries menores para a TV, leu por acaso “Uma Casa na Floresta”, primeiro livro da série. O cara se apaixonou tanto pela história que acabou comprando os direitos de todos os 10 livros, com a intenção de adaptá-los para a TV. Preparou o espelho de um roteiro às pressas e ao saber que o seu colega Michael Landon havia acaba de deixar o seriado Bonanza, o procurou e pediu para que desse uma olhada no roteiro. Resultado: Landon adorou o roteiro, e a sua filha, os livros. Nascia dessa maneira, o seriado “Os Pioneiros”. Landon que tinha fortes ligações com os chefões da NBC, mostrou o roteiro aos todos poderosos que decidiram arriscar uma temporada.  Após o sucesso estrondoso do primeiro ano de exibição, a série não parou mais de crescer até chegar a sua 9ª temporada, em 1983.
E Zefini!

22 maio 2014

10 preciosidades do armário secreto do meu irmão

 
Você se lembra da primeira ‘coisa’ proibida que 'aprontou' em sua infância? O primeiro cigarro que fumou junto com alguns colegas do ginasial, escondidos debaixo de uma ponte? O primeiro trago ingerido naquela festa de arromba quebrando assim o protocolo de proibição de sua mãe? No meu caso, o fato proibido que marcou o finalzinho de uma infância bem vivida foi a ‘invasão’ do armário secreto de meu irmão mais velho.
Venho tentando escrever esse post já há algum tempo, mas tenho protelado por vários motivos, entre os quais, o mais óbvio de todos: a descoberta de um segredo ‘milenar’ por parte do Carlos, algo que ele viria saber a partir do momento que lesse esse texto. Então fui adiando, adiando, até que decidi escrever. Depois me entendo com ele. Bem... e  conhecendo-o do jeito que conheço, certamente, daremos boas risadas daqueles tempos.
Como já escrevi em posts anteriores (aqui), meu irmão tinha um armário onde guardava as suas bugigangas com todo esmero. Cara, tinha de tudo por lá: cartas e fotos de namoradas, livros didáticos, revistas, enciclopédias, troféus, álbuns de figurinhas e o escambau à quatro. Uma verdadeira sala secreta de Hogwarts! O espaço maior era ocupado por um número infindável de Best-Sellers, de bolso, brochura, capa dura, mole e etc mais etc. Eu sabia que ali havia um verdadeiro Oasis à ser explorado; não com água fresca, cercada de coqueirais e mata virgem, mas dotado de um ‘manancial’ de livros à ser devorados.
Ocorre que o mano tinha um ciúmes enorme desse “Oasis” e o guardava com a sua própria vida, não deixando ninguém chegar perto; mas após várias ‘campanas’ acabei descobrindo onde ele escondia a chave. A partir daí, teve início a ‘coisa’ proibida mais gostosa que fiz em toda a minha infância: explorar aquele Oasis e que Oasis!!
Hoje irei compartilhar com vocês todos os segredos de um armário maravilhoso que me proporcionou momentos muito especiais.
Os seus segredos eram tão sedutores que eu não via a hora de terminar as aulas do período matutino para poder invadir aquele espaço mágico e começar a viajar no mundo maravilhoso da leitura ali existente. Caramba! Depois do almoço, passava horas e horas sentado no sofá da sala me deliciando com o conteúdo do tal Oasis. E vamos à eles!
01 – Vinte Mil Léguas Submarinas (Julio Verne)
Antes de tudo, prestem atenção na capa da obra de Julio Verne publicada pela Edições Melhoramentos porque foi ela que me introduziu no fantástico mundo submarino idealizado pelo escritor francês. Esta capa da coleção Obras Célebres me hipnotizou logo na primeira vez que a vi. Não sabia quem era Julio Verne, não sabia do sucesso de Vinte Mil Léguas Submarinas, não sabia do filme com Kirk Douglas e James Mason, enfim, não sabia nada de nada desse ‘mundo’. Mas as gravuras de Walt Disney, principalmente da capa e sobre-capa me seduziram tanto que acabei mergulhando de olhos fechados na saga do Capitão Nemo e do seu fantástico submarino Nautilus.
Com certeza a minha iniciação nos livros de Verne aconteceu com “Vinte Mil Léguas Submarinas”. E tudo começou com uma capa.
Quando soube que o ‘manão véio de guerra’ vinha comprando vários livros da coleção “Obras Celébres” comemorei muito, pois tinha certeza de que ao abrir o armário mágico encontraria capas e histórias maravilhosas. E foi assim que aconteceu com Moby Dick, Robson Crusoé e Os Irmãos Corsos. Ah.... Os irmãos Corsos... mas isso é assunto para o sub-post abaixo.
02 – Os Irmãos Corsos (Alexandre Dumas)
Taí uma nova história de amor platônico por uma capa. Depois de “Vinte Mil Léguas Submarinas” me apaixonei pelo livro de Alexandre Dumas. Sei lá, a gravura daqueles três espadachins - entre os quais, dois irmãos gêmeos - se degladiando e com um dos irmãos caído, já morto, com um ferimento no pescoço me chamou a atenção. Na época minha mãe dizia que aquela gravura não deveria fazer parte de uma obra infanto juvenil. Ah! Antes que me esqueça: mamãe conhecia o meu segredo, ou seja, sabia da invasão ao armário secreto do Carlos, mas tudo bem, acabou se tornando minha cúmplice.
As gravuras que abriam os capítulos do livro “Os Irmãos Corsos” da coleção Obras Célebres também eram fantásticas. Recordo do mordomo da família De Franchi segurando dois bebês no colo – um em cada braço – enquanto corria por um corredor tentando escapar de alguém e me lembro ainda da gravura de um dos irmãos gêmeos (Luís) tombando em duelo após receber um tiro.
O curioso é que na história de Dumas não havia duelo de espadas, mas apenas de revólveres, destoando dos motivos da capa das Edições Melhoramentos. Mesmo assim, aquela gravura colorida me incentivou a ‘devorar’ a saga dos dois irmãos 'De Franchi'.
03 – Brigitte Montford (Lou Carrigan)
Para aqueles que quiserem conhecer mais à fundo a história de Brigitte Montfort (codinome Baby) recomendo a leitura desse artigo (aqui) que escrevi há algum tempo. Agora, não pretendo falar sobre a origem dessa mulher estonteante e ao mesmo tempo fatal, porque todos os elogios e homenagens que tinham para ser feitos, já foram feitos; inclusive até sonhei com um filme dedicado à musa o que originou um post com as atrizes ideais para interpretá-la no cinema (veja aqui).
Neste momento só quero agradecer ao armário secreto do Carlos que me apresentou essa mulher capaz de enlouquecer qualquer homem com a sua beleza. Putz, Benício, não precisava caprichar tanto nos traços da moça! Para quem não sabe, José Luiz Benício da Fonseca ou simplesmente, Benício foi o desenhista que criou os traços voluptuosos e sedutores de Brigitte.
Lia os livros de bolso da coleção ZZ7 da Editora Monterrey com as histórias da espiã da CIA, geralmente a tarde. Creio que li todos aqueles que existiam no armário, não sobrou nenhum. Ficava de prontidão quando o mano chegava do trabalho no início de noite, curioso para saber se ele havia comprado mais algum pulp fiction de Baby para que pudesse lê-lo no dia seguinte.
Gostava tanto dos enredos criados por Lou Carrigan e dos traços desenvolvidos por Benício que em apenas dois dias já concluía a leitura. As histórias que mais marcaram – tanto é que até hoje me lembro de vários detalhes do enredo - foram “A Pitonisa”, “O Mundo me Ensinou a Pecar” e “Uma espiã em Órbita”.
04 – O Coyote (José Mallorquí)
Depois de Brigitte Montfort, “El Coyote” era o meu pulp fiction preferido.Cara, cada história!! O justiceiro mascarado não perdoava! Se o Zorro tinha como marca registrada um “Z” cravado no peito do inimigo; o Coyote era muito mais radical. Ele, simplesmente, ‘queimava’ a orelha do adversário. Explico melhor: o herói californiano atirava na orelha daqueles que ousavam cruzar o seu caminho. Etcha pontaria certeira!! Assim, se alguém visse um pistoleiro com a orelha mutilada, com certeza o pobre homem tinha acabado de cruzar o caminho de El Coyote e o chamado para um desafiado.
Como o Carlos era fã do Coyote. Acho que de todas as bugigangas adoráveis existentes em seu armário secreto, os livros de bolso do justiceiro californiano eram o seu maior xodó. Por isso mesmo, o menino aqui, era cuidadoso ao extremo quando explorava o local. Depois que concluía a leitura, procurava deixar a coleção dos livrinhos do jeito que os encontrava. Todo cuidado era pouco (rs).
Se você se interessou pela história desse herói emblemático que conquistou toda uma geração de leitores, basta acessar aqui e ler um post especial que escrevi sobre o mascarado, contando detalhadamente a sua origem, além de curiosidades sobre o pulp fiction. Fiquem à vontade!
05 – As Aventuras de Hans Staden (Monteiro Lobato)
Como já escrevi um post sobre esse livro, prometo que serei breve. "As Aventuras de Hans Staden" escrito por Monteiro Lobato foi uma das últimas descobertas que fiz no armário secreto. Quando já havia explorado de tudo, desde gibis até livros, passando por álbuns de figurinhas e enciclopédias, eis que cai em minhas mãos essa jóia rara.
O livro narrado por Dona Benta, conta numa linguagem fluida e de fácil entendimento a história de um explorador alemão chamado Hans Staden que fora aprisionado pelos índios tupinambás no litoral fluminense, em 1554. Depois de ter voltado para casa, escreveu, provavelmente, um dos primeiros best-seller sobre o Novo Mundo.
Lobato fez uma adaptação para as crianças e que foi lançada pela Melhoramentos que caprichou e muito. A obra tinha capa dura e várias ilustrações, mas o que chamava a atenção era a gravura da capa com o personagem agarrado numa tora, tentando escapar de um naufrágio.
Taí, mais uma história de amor platônico por uma capa que me induziu à leitura da obra. E não me arrependi.
06 – Conhecer (Enciclopédia – fascículos)
O meu irmão mais velho colecionava muitas enciclopéidas. Quase todos os dias, lá estava ele chegando em casa com vários fascículos de Conhecer, Os Bichos, Nosso Século, Medicina e Saúde. Estas são as que eu me lembro. De todas elas, a que mais me chamava a atenção era “Conhecer”. Caraca, que enciclopédia! Ela te seduzia em tudo, como uma mulher do tipo Brigitte Montfort parada em sua frente, fazendo biquinho com os lábios, lhe pedindo para beijá-la apaixonadamente. Uhauuu! Demais! Que alegria ao ver o mano chegando com um novo fascículo de “Conhecer”.
Acho que ele percebia a minha ansiedade, porque certo dia – me lembro como se fosse hoje – o manão retirou alguns fascículos da famosa enciclopédia do interior de seu armário e me entregou para que eu lesse. – “Zé, cuidado heinn! Se eu perceber alguma rasura, acabou a festa”. Depois da pseudo-bronca, ele deu um sorriso e acrescentou: “Divirta-se!!”. Mêo!! Não acreditei! Milagre! Milagre! Ele simplesmente entregou nas minhas mãos o seu maior sonho de consumo. É verdade! De todas as enciclopédias que ele estava colecionando, “Conhecer” foi a única que fiz questão de concluir tim tim por tim tim. Você pensa que é moleza montar uma enciclopédia de treze volumes formada por 180 fascículos? Acredite amigo, o manão conseguiu. E apesar de todo o esmero com essa enciclopédia da Abril, ele não fez questão que um menino de apenas 13 anos manuseasse tal tesouro.
Os artigos de “Conhecer” me transportavam para o mundo mágico do saber. Eles eram muito interessantes e o melhor: redigidos numa linguagem simples, sem rebuscamentos. As capas, então, eram um show a parte. A vontade que eu tinha era a de penetrar naquelas gravuras para fazer parte do tema. Queria me 'auto-transportar' para aquele mundo tão magicamente ilustrado.
Quando o meu irmão concluiu a montagem dos treze volume, eu praticamente já tinha lido todos os fascículos da enciclopédia.
Que saudades!
07 – Kripta (Revista de terror)
Brrrrrrrrrrr!!! As revistinhas de terror da Kripta me faziam tremer até os ossos. O grande mano começou a adquirir as publicações, tão logo elas começaram a ser publicadas no Brasil pela Rio Gráfica Editora (atual Editora Globo), se não me engano no final de setembro de 1976. Nesta época, eu já era um pré adolescente com os meus 15 anos e já havia ganhado certa intimidade com o famoso armário secreto, mas mesmo assim, apreciar-me com as histórias de terror da Kripta, confesso, era muito difícil, uma verdadeira aventura. Tinha que fazer isso escondido, já que tanto minha mãe quanto o manão achavam que aquele tipo de leitura e ilustrações não eram apropriadas para mim. Então, só restava fazer isso escondido. Valia de tudo: lia no banheiro; com a porta do meu quarto fechada, simulando que estava estudando para prova; sozinho em casa quando não havia ninguém; e por aí afora. Mas li todos os exemplares adquiridos; não eram muitos, mas li e gostei.
“Kripta” tinha em média 60 ou 70 páginas e o forte, de fato, eram as ilustrações de suas capas que metiam muito medo naquela época. Foram 60 edições publicadas no Brasil até 1981. A revista durou aproximadamente cinco anos – pelo menos por aqui – mas nesse período se transformou numa verdadeira febre, sendo considerada até hoje, a melhor revista do gênero publicada no Brasil.
Se você, assim como eu, foi um dos fãs dessa revista, sugiro que leia esse post que publiquei no blog sobre as tão propaladas “revistinhas” de terror que marcaram época.
08 – O Machão (Harold Robbins)
Os livros de Harold Robbins também tinham espaço cativo no armário secreto. E como tinham! O mano era fã número um desse autor e fazia questão de comprar os seus livros. Na década de70 estava na moda as famosas edições de bolso com capas cafonérrimas e páginas em papel jornal, mas apesar dessas limitações físicas,o enredo das histórias convencia e a galera comprava os tais “livrinhos” aos borbotões.
Posso afirmar que obras como “79 Park Avenue”, “O Garanhão” e “O Machão” fizeram parte da minha vida de leitor compulsivo (rs), graças ao tal armário.
O livros de Robbins que mais curti, sem dúvida nenhuma foi post. Tudo bem que seja um daqueles dramalhões baratos, mas sei lá... gostei. Tanto é que não me esqueci da capa do livro e muito menos da história.
09- O Moço e seus Problemas (Harold Shryock)
Não cara, não deu. Juro que estava além das minhas forças encarar esse trucão. Palavra de homem – um moleque ainda naquela época - que lutei com toda disposição, mas parei nas primeiras páginas. O livro é brabo! Talvez um dos piores de toda a história da literatura. Fico imaginando o mal que ele fez para a cabeça de muitos jovens que arriscaram a sua leitura naqueles tempos.
Parei de lê-lo porque o achei muito surreal e apesar da minha pouca idade não conseguia engolir o que o seu autor, um médico chamado Harold Shryock expunha como verdades intocáveis. Então, fiquei com raiva do cara e do seu livro por conter tantas baboseiras e acabei parando a leitura.
Mais tarde fiquei sabendo que o mesmo médico também havia lançado um livro direcionado só para as meninas, chamado “A Moça e seus Problemas”. Enquanto o livro endereçado aos homens tinha a capa azul clara, o das mulheres era cor de rosa. Lembro-me bem do capítulo inicial onde Shryock se refereia à masturbação. Na versão masculina, o autor dizia que “a masturbação não deve ser praticada. Ela consome a reserva de força vital, deixando o indivíduo cansado, apático e alquebrado”. E como brinde, ele acrescentava que tal pratica podia levar os jovens à loucura, ‘ganhando graves transtornos mentais' . Dizem que o livro das moças dedicava mais páginas a criticar a masturbação e o fazia com um tom mais apavorante. O autor afirma que para evitar os “efeitos trágicos” da masturbação, é importante que a adolescente não passe muito tempo sozinha. Shryock chega a dizer que as jovens masturbadoras ficam privadas “de grande parte da alegria de viver”.
Hoje entendo o posicionamento do autor, já que o livro foi publicado em 1954, uma época onde predominavam vários tabus sobre o sexo; mas que ele pegou pesado, isso pegou!
Caraca, como esse livro foi parar no armário secreto do mano?? Quem foi o autor do crime?? Kid Tourão? O manão ‘véi’ de guerra? Ou será que foi presente de alguém? Se foi presente, quem deu a ‘precisoidade pro mano? Chega mêo! Chega de conjecturas infestadas de curiosidades (rs).
10 – Almanaque do Biotônico (Almanaques de farmácia)
Quem tem mais de quarenta anos não há como deixar de gostar daqueles almanaques que eram distribuídos gratuitamente nas farmácias. Eles eram editados pelos laboratórios como forma de divulgar os seus produtos e repassados para os farmacêuticos ou donos de farmácias que, por sua vez, os distribuíam aos seus fregueses.
O mais famoso de todos era o almanaque do Biotônico que continha de tudo um pouco: piadas, charadas, calendários, fases da lua, dicas de saúde, receitas culinárias, cartas melodramáticas, jogo dos sete erros, caça-palavras, calendário agrícola, horóscopo, santos do dia, oráculo e, lógico, propagandas de remédios.
My brother  tinha o hábito de colecionar esses manuais, principalmente os do Biotônico. Resultado: o seu armário ficava abarrotado dos ‘livrinhos’ que eu adorava.
Gostava tanto desses almanaques que até hoje sinto a sua falta. Prometo que brevemente farei um post exclusivo sobre eles para homenageá-los. Afinal de contas os livrinhos de farmácia merecem!
Taí galera! Espero que tenham gostado e curtido as velharias do armário do mano. Velharias que para mim foram tão especiais e marcantes.
Inté!


16 maio 2014

Três livros de Stephen King estarão aterrissando na terrinha: o relançamento de “A Coisa” e os inéditos “Mr Mercedes” e “Doctor Sleep”



Os Kingnianos inveterados, assim como eu, devem estar soltando rojões ‘prá’ tudo o que é lado: prá cima, de lado e até prá baixo! E cá entre nós, só quem é fãnzão do mestre entende uma atitude dessas, afinal de contas, nós estamos aguardando o lançamento de três  obras da fera que estarão ‘aterrisando’ brevemente nas livrarias da terrinha.
Já foram confirmadas pela Suma de Letras - editora responsável pela publicação dos Best-Sellers de Stephen King no Brasil – o relançamento de “A Coisa” para o mês de agosto e os lançamentos dos inéditos “Doctor Sleep” e “Mr. Mercedes” para novembro de 2014 e o primeiro semestre de 2015, respectivamente.
O palhaço assassino Pennywise será o primeiro à desembarcar por aqui e diga-se de passagem, bem na hora, já que as edições anteriores do livro publicadas pela Objetiva praticamente desapareceram dos sebos. Aqueles que tiverem mais sorte, talvez, poderão encontrar a obra do mestre do terror por preços astronômicos; algo do tipo: R$ 200 ou R$ 250,00!!. Por isso gostaria de gritar com toda a minha energia: - “Chega logo Pennywise!!!”
Pelas sondagens que fiz nas redes sociais, a maioria do pessoal acredita que a Suma não irá economizar no glamour, devendo caprichar no layout do livro. A princípio o que se sabe é que o seu relançamento será em papel pólen (amarelado), com o título de “IT: A Coisa”. Quanto a capa, toda a sua produção vem sendo mantida em segredo total para que as imagens não vazem na Net. Ahahaha!!! E você acredita que isso não irá acontecer dentro de mais alguns dias??.
“IT: A Coisa” conta a história de sete indivíduos que, quando crianças, enfrentaram uma criatura centenária que se alimentava do medo e mudava de forma, ora chamada de It (Coisa), ora de Pennywise (o palhaço Parcimonioso) na cidade fictícia de Derry, no Maine, e 30 anos depois eles são chamados de volta para o confronto definitivo quando a criatura volta a matar crianças.
Se você quiser conhecer mais detalhes desse livro que eu considero o mais assustador de King acesse o post que escrevi há algum tempinho. Quanto ao ‘money’, o seu valor de venda ainda não foi definido pela Suma.
“Doctor Sleep” também chega neste ano às mãos de todos nós Kingnianos. A previsão é de que a Suma de Letras publique o livro inédito de King em novembro. Juro que estou ansioso para ler a continuação de “O Iluminado” que me tirou muitas horas de sono durante a minha jornada de leitor inveterado. E acredito que com “Doctor Sleep” não será diferente. Desta vez, King conta a história de Danny Torrance já adulto, morando em Nova York e trabalhando em um hospital, onde com os seus poderes, ajuda doentes terminais a morrer em paz.
E que novembro venha logo!
Quanto a “Mr. Mercedes”, teremos de esperar um pouco mais ou para nós, fãs de King, bem mais; já que a obra tem previsão de chegar no Brasil apenas no primeiro semestre de 2015. E quando digo escrevo primeiro semestre, isso significa que “Doctor Sleep” pode dar os ares da graça em terras tropicais tanto em janeiro quanto em junho. Aiaiaiai... junho não! Toma jeito Suma, vamos colocar o pessoal daí para trabalhar!
Com relação ao enredo da obra, dessa vez, King dá uma reviravolta em seu estilo, deixando de lado o chamado “terror arrepia ossos” para se aventurar num thriller policial. Na história, um homem atropela e mata com a sua Mercedes Benz roubada oito pessoas que esperavam em fila por uma chance de conseguir emprego. O maníaco é tão piradaço que mesmo tendo atropelado violentamente as pobres vítimas, ainda faz questão de engatar uma ré em seu carro e passar novamente sobre os seus corpos agonizantes espalhados na rua. Saldo: oito mortos e quinze feridos.
Este crime faz com que um velho detetive deixe a aposentadoria e comece a investigar o caso, antes que o enlouquecido assassino cumpra a sua promessa de praticar um crime ainda mais diabólico.
Tudo indica que, apesar da fuga do gênero terror, “Mr. Mercedes” será uma leitura para nervos e estômagos de aço. Pelo menos, a capa da obra que será lançada em junho nos States promete.
Bem... anunciadas as novidades, agora só resta aguarda-las esfregando as mãos. Como já disse, Pennywise já está pintando por aí.

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