As 10 crianças mais malvadas da literatura

24 agosto 2012

Durante as minhas décadas de leitura “cruzei” com muitas crianças malvadas nas páginas de romances que foram devorados com avidez. Estes diabinhos disfarçados de anjos inocentes me despertaram sentimentos que foram do medo ao terror e da raiva a ira.
Quantos heróis e heroínas comeram o pão que o diabo amassou nas mãos dessas crianças. Alguns “mocinhos” acabaram se sucumbindo, partindo dessa para outra melhor, como foi o caso dos padres Merrin e Karras. Este último, mesmo conseguindo vencer a diabólica criança possuída por um espírito do mal, acabou pagando a sua vitória com a própria vida.
Hoje resolvi fazer uma listinha ‘meio’ atípica, ou seja, enumerar as 10 crianças mais malvadas da literatura. Vamos à ela:
01 – Damien Thorn (A Profecia)
Li esse livro nos meus 15 ou 16 anos, tão logo foi lançado em 1976. Ainda bem que a minha mãe não tinha esse lance de ficar me proibindo certos tipos de leitura; quer dizer, desde que não fossem aquelas revistinhas que se julgavam capazes de competir com a Playboy... entenderam né? Afora isso, valia tudo. Terror, literatura adulto, policial, suspense; enfim, desde que fosse o  bom e velho livro, tudo na paz.
E confesso que o livro “A Profecia” de David Seltzer me impressionou. Desde que li a história e vi o filme sobre o menino Damien Thorn, supostamente tão inocente, mas que na realidade era a incorporação do próprio anticristo, o número 666 nunca mais foi o mesmo. Hoje, sei lá, não me sinto bem com essa combinação numérica, por isso mesmo, procuro fugir dela. Segundo o romance de Seltzer, o 666 seria o número da besta ou do anticristo em hebraico. Esse número aparecia no couro cabeludo do pequeno Damien.
Seltzer conta a história de um famoso embaixador do Reino Unido, cuja mulher perdeu dois bebês e não agüentaria o choque de uma terceira perda, então Robert Thorn, ao descobrir que Katherine Thorn perdera uma terceira criança, faz um acordo com um padre numa maternidade italiana. Ele adotaria um recém-nascido cuja mãe morrera no parto e nada contaria a sua esposa. Ocorre que o bebê adotivo tem origem satânica, sendo o anticristo em pessoa.
Damien transforma a vida do casal num verdadeiro inferno, matando de uma maneira cruel todas aquelas pessoas que desconfiam de sua verdadeira personalidade. Ele tem um objetivo mais do que diabólico para todos da raça humana. Damien não é uma criança... ele é a encarnação do mal.
02 – Regan MacNeil (O Exorcista)
Uma pestinha dos infernos! Não existe definição melhor para essa menina de 12 anos, após ter sido possuída pelo demônio Pazuzu. Regan MacNeil, outrora tão inocente, acabou se transformando no próprio demônio.
Não teve, certamente, quem não sentiu aquele friozinho na espinha ao ler “O Exorcista”, de Willian Peter Blatty, onde a Regan possuída aprontou coisas horríveis e repugnantes dando um trabalho danado para os padres Merrin e Karras. Durante o ritual de exorcismo, os dois sacerdotes acabaram morrendo, mas antes de perder a vida, Karras conseguiu expulsar o demônio, a socos, do corpo da menina.
03 – Gage Creed (O Cemitério)
Gage Creed nem sempre foi um menino do mal, ao contrário, ele, juntamente com a sua irmã Ellie formavam uma dupla amorosa e até mesmo obediente aos pais. Quer dizer... até o momento em que Gage foi atropelado por um caminhão e o seu pai, ensandecido, decidiu enterrá-lo num misterioso cemitério indígena que segundo a lenda devolvia a vida aos mortos que ali fossem sepultados.
De nada adiantou o pai de Gage ser alertado por um amigo seu que já conhecia a fama do local. Lá vai o Sr. Louis Creed enterrar a criança na terra amaldiçoada. Resultado: Gage Creed volta a vida como um ser monstruoso e horripilante com corpo de criança, mas voz de adulto. Isso não é nada perto da personalidade maldosa que esse pequeno zumbi adquiriu, capaz de matar por simples prazer.
Gage Creed é o personagem principal do livro “O Cemitério”, de Stephen King, escrito em 1983 e que se transformou num dos maiores sucessos do mestre do terror, ganhando uma adaptação para o cinema em 1989 que se chamou "Cemitério Maldito".
04 - Isaac (As Crianças do Milharal)
Alguns pensam que o filme “Colheita Maldita” foi baseado num livro homônimo de Stephen King. Nada a ver. Na realidade, esse livro não existe, o que há é um conto chamado “As Crianças do Milharal” que faz parte do livro “Sombras da Noite”, uma antologia de contos fantásticos do mestre. Qualquer dia desses comentarei todas as histórias da obra nesse blog.
Em “As Crianças do Milharal”, King narra de maneira dramática o drama de um casal que vai parar numa cidade que fica lá onde o Judas perdeu as botas. Durante uma viagem, eles se perdem e acabam entrando numa misteriosa cidade onde só vivem crianças; e diga-se de passagem, apenas crianças do mal. Nem preciso dizer que o jovem casal vai comer o pão que o diabo amassou ao ficar sob o domínio desse maléfico grupo.
O exército de crianças é comandado por um garotinho de nove anos chamado Issac que tem o ‘péssimo’ hábito de sacrificar os seus colegas quando eles atingem a idade adulta. Está explicado porque, nessa cidade medonha só tem pirralhos.
05 – Eli (Deixa-me Entrar)
Adicionar legenda
Nem Owen, nem Abby... Ah! Esqueça também o filme dirigido por Matt Reeves em 2010 e que alcançou um relativo sucesso nos cinemas. No livro “Deixa-me Entrar” as coisas são bem diferentes, à começar pelo nome dos protagonistas. Na obra literária do sueco, John Ajvide Lindqvist, o garotinho que sofre bullying na escola se chama Oskar e não Owen, e a sua amiguinha sanguessuga protetora se chama Eli. O enredo filme x livro também é bem diferente, com um golzinho a mais para o livro que é bem melhor.
Mas agora não estou aqui para falar escrever sobre o enredo do livro ou filme. O foco desse post são os personagens da obra de Lindqvist; para ser mais explícito: a personagem.
Eli, apesar de ter o seu lado protetor e amigo com Oskar é uma menina má, aliás, muito má. Essa mudança em seu caráter acontece quando ela fica sedenta por sangue e então sai à caça de suas vítimas. Eli, na realidade é uma vampira, e sem aquele lance de ‘vampirinha do bem’ que acabou virando uma mania mundial após a saga Crepúsculo. A menina, quando se transforma fica má e passa a atacar as suas pobres vítimas com toda a determinação do mundo, já que é uma predadora.
Merece estar nessa galeria!
06 – Mary Bell (Gritos no Vazio)
Mary Bell difere muito dos outros cinco personagens acima: ela é real. Isso mesmo, Mary Bell existiu de fato e a sua vida acabou se transformando num livro de grande sucesso escrito pela jornalista austríaca Gitta Sereny.
Bell foi um serial killer mirin. Ela cometeu os seus assassinatos com apenas 10 anos! A menina estrangulou um garoto de 3 anos chamado Martin Brown e dois meses depois, mataria Brian Howe de 4 anos. Sabe o que ela fez com Howe? Ok, lá vai... foi você que pediu, por isso não reclame. Primeiramente, ela estrangulou a vítima, assim como fez com Brown; logo depois perfurou suas coxas e genitais, e para encerrar a barbárie com chave de ouro,  escreveu um M na barriga do garoto com uma lâmina de barbear. Krrrrrrrrrrrrr. Cara, toda essa atrocidade com apenas 10 anos!! Esses crimes aconteceram em 1968
Os psiquiatras classificaram Mary Bell como psicopata. Ela acabou sendo recolhida para uma clínica de doentes mentais, onde ficou por tempo indeterminado.
A infância de Bell provou que a garota tinha instinto assassino. Certo dia ao ver um grupo de meninas brincando, ela tentou estrangular uma delas que acabou escapando por pouco. Além disso, agrediu a enfermeira de sua escola que sofreu horrores em suas mãos.
Mary Bell foi libertada em 14 de maio de 1980, arrumou um emprego como garçonete, voltou a morar com a mãe e também se casou. Em 1984 nasceria o seu filho, criança a qual ganhou o direito de cuidar. Tudo indica que os anos de tratamento surtiram efeito, já que ela acabou se tornando uma boa mãe.
A ex-serial killer pediu na Justiça anonimato para ela e sua filha. Aos 51 anos, segundo informações, virou avó. Hoje, ninguém sabe de seu paradeiro. Em 2000, antes de “desaparecer”, concordou em contar a sua vida para a jornalista Gitta Sereny. Nasceria assim, o livro “Gritos no Vazio”, enorme sucesso de vendas na época e que certamente valeu um bom dinheiro para Bell.
Especialistas acreditam que a infância sofrida de Mary Bell tenha contribuído para o desenvolvimento de seu “lado negro”. Só para que os leitores entendam, ela era filha ilegítima de uma prostituta de 17 que sofria de transtornos mentais.  Durante a sua infância, Mary Bell era constantemente humilhada pela mãe que, inclusive, tentou matá-la, entupindo- a de remédios. Como se isso não bastasse, a sua mãe a obrigava – mesmo sendo uma criança – a se despir e fazer sexo oral com os seus clientes. Resumindo, a menina teve uma verdadeira escola para se tornar a assassina perigosa em sua infância. O livro de Sereny conta em detalhes a vida de Bell. Para leitores e leitoras fortes...
07 – Bruna (A Corrente, Passe Adiante)
Há pouco tempo escrevi, nesse blog, uma crítica sobre “A Corrente - Passe Adiante”, livro do brasileiro Estevão Ribeiro que nos apresenta uma criança infernal. Quem ainda não viu o post, recomendo que leia, pois assim, irá entender melhor do que é capaz uma menina chamada Bruna.
Este ser sobrenatural na pele de uma criança demoníaca tem como hábito enviar correntes pela internet para as suas vítimas. Caso, os desavisados que não acreditam nessas balelas, se recusem repassar a corrente para outras pessoas, eles sofrerão a fúria de Bruna que passará a perseguí-los até matá-los da forma mais horripilante e surreal possível..
08 – Voldemort (O Enigma do Príncipe)
Tom Servolo Riddle, ou simplesmente, Lord Voldemort, considerado o mais poderoso bruxo das trevas de todos os tempos. Quem acompanhou a saga do menino-bruxo Harry Potter sabe do que estou falando. Em “O Enigma do Príncipe”, 6º e penúltimo livro da série escrita por J.K. Rowling, ganhamos a oportunidade de conhecer o Voldemort ainda criança, nos seus 11 anos de idade.
Na história, Potter descobre na escola de Hogwarts um diário bem velho que teria pertencido a Tom Ridlle ou, simplesmente, Voldemort.
Neste livro, J.K. Rowling nos dá uma noção da maldade existente em Tom Riddle quando não passava de uma simples criança. Ficamos conhecendo também como o pequeno Hiddle acabou se transformando no perigoso e traiçoeiro bruxo das trevas, temido por todos.
09 – Kevin Khatchadourian (Precisamos falar sobre Kevin)
Olha, vou revelar algo. Estou criando coragem para ler a obra da escritora Lionel Schriver. Não que eu esteja com medo, mas existem livros tão densos que se não estivermos com as nossas baterias 100% carregadas, “a coisa complica’. Então bate aquela melancolia, aquela tristeza e pronto, lá se vai o nosso dia. Quero ler esse livro sem nenhuma preocupação, bem tranqüilo, afinal de contas eu não sou de ferro! A história de Schriver é braba meu amigo! E bota braba nisso! O leitor tem que ser mais forte do que truque de caminhão.
O autor nos apresenta Kevin Khatchadourian, que aos 16 anos promoveu uma chacina fictícia, liquidando numa só tacada: sete colegas, uma professora e um servente de uma escola. A história é narrada em primeira pessoa pela mãe do pequeno assassino, Eva Khatchadourian, no formato de cartas que escreve ao pai de Kevin.
Um amigo meu, também fissurado em literatura, leu a obra de Schriver e me revelou que Kevin é o mal em forma de criança/adolescente. O garoto é malcriado, dissimulado, mimado, grosso, enfim, tudo isso e muito mais.
Disse que ficou horrorizado com o trecho em que Kevin, ainda criança, de propósito, fura o olho da própria irmã como se fosse algo normal; além de realizar ‘umas’ brincadeirinhas pisicóticas com cães, gatos e ramsters. Ah! Advinhem, se eles conseguem viver... nem preciso falar...
O livro “Precisamos falar sobre Kevin” foi adaptado para o cinema em 2011 e recebeu muitos elogios da crítica.
10 – Lavinia Herbert ( A Princesinha)
Depois de tantos vilãozinhos e vilazinhas letais, decidi fechar esse post com uma “criancinha do mal” mais maneira. Ela não é um serial killer, não tem instinto assassino e muito menos está possuída por algum espírito das trevas; mas que ele é má, isso é! Estou me referindo a Lavinia Herbert, a criança que estudava no mesmo internato de Sara Crewe, a princesinha do título.
No romance de Frances Hodgson Burnett, a maldosa Lavínia tentava fazer de tudo para prejudicar Sara no internato. Lavinia, na verdade, tinha inveja. O ciúme que tinha de Sara era fora do comum. Até a chegada da nova aluna, Lavinia se sentia a menina mais importante da escola, a chefe do mundo. Dominava as crianças menores e tinha ares de importante com aquelas de seu tamanho. Lavinia era ardilosa e chegava ao ponto de inventar calunias para desmoralizar Sara.
Uma vilã dos contos infantis, que certamente deixou muitas crianças e pré-adolescentes com raiva.
Por hoje é só!

9 comentários

  1. O garoto de O Cemitério chama-se Gage e não Cage.

    Ótimo post.

    ResponderExcluir
  2. Esse post me lembrou o filme "A Orfã", a personagem principal tem características que combinam com o resto da lista. Confira, você vai gostar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Seu comentário chegou em boa hora porque estava na dúvida se locava ou não "A Orfã". Alguns amigos elogiaram o filme, enquanto outros criticaram...Uma coisa é certa: o cartaz do filme com aquela menina com uma cara super esquisita chega a arrepiar... Acho que vou assistir.
      Abraços!!

      Excluir
    2. Mas a orfã, era apenas uma mulher adulta já com um problema de crescimento, tanto que apenas usava vestidinhos fofos para as curvas não aparecerem e ela ter um aspecto mais de criança.
      Então se for no termo tecnico, a orfã não poderia estar na lista por não ser uma criança.

      Excluir
  3. Hmm Legal, mais o Príncipe Mestiço que é dono do livro de poções que o Harry usa é o Prof. Snape, e todoos nos sabemos que o Snape nao é "do mal"

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Carolina...
      Tem razão... Potter encontrou o Diário de Tom Riddle no banheiro feminino; enquanto o livro que pertenceu ao Príncipe Mestiço (Prof. Snape)foi descoberto num armário, antes da aula sobre poções. Um não tem nada a ver com o outro... ou melhor, Tom Riddle não tem nada a ver com o livro do Príncipe Mestiço.
      Obrigado pelo alerta.. Já reportei o erro.!
      Grde abraço!

      Excluir
  4. Só a nível de esclarecimento,no caso do livro Precisamos falar sobre Kevin ele "supostamente" teria colocado um acido corrosivo no olho da irmã.

    ResponderExcluir

Instagram