Marina

10 fevereiro 2012
Carlos Ruiz Zafon e a sua Marina me fizeram pagar o maior mico da minha vida. Vejam bem, sempre procurei nos meus posts ser o mais sincero possível com vocês e não é agora que debulhei lágrimas ao ler um livro de Zafon que vou esconder da galera. Taí! Revelei! Chorei e chorei, de fato, como se estivesse lendo uma obra do Nicholas Sparks ou então assistindo um filme lacrimoso da minha geração do tipo “Love Story” ou “Uma Janela para o Céu”. E agora vem o pior: ch....orei em público. Cara! Que micão!!! Teve até um casal de namorados que estava sentado no banco de frente ao meu que me olhou assim... meio de “esgueio”. O rapaz deve ter pensado: “Esse cara é pinéu; chorando ao ler uma obra de Zafon??!”
Pois é, infeliz hora que decidi ler as últimas páginas de “Marina” em público num clube de campo da minha cidade. Pode acreditar, os três últimos capítulos da obra do autor espanhol arrebenta o mais duro dos corações. É nessa hora que o pequeno Oscar Drai desvenda todo o mistério envolvendo a sua querida e amada Marina.
Sei que é estranho alguém derramar lágrimas ao ler um enredo criado por um autor especialista em tramas de suspense, mistério e com algumas pontinhas de sobrenatural como aconteceu nos Best-Sellers “A Sombra do Vento” e “O Jogo do Anjo”. Ocorre que “Marina” é uma obra que foge, um pouco, das características de Zafon. Tudo bem que ele mantenha o seu estilo narrativo direcionado para o suspense, mistério, sobrenatural e aventura, mas também acrescenta um outro elemento, pelo menos desconexo de suas obras anteriores e posteriores: o amor incondicional.
Quem já leu “A Sombra do Vento” pode discordar ao afirmar que Zafon explorou muito bem esse sentimento na relação do casal de protagonistas Daniel Sempere e Bea Aguilar, mas cá entre nós, o amor que Oscar Drai nutre por Marina e vice-versa, não se compara ao do casal de “A Sombra do Vento”. Como já disse, tanto Oscar quanto Marina alimentam um pelo outro, o chamado amor incondicional. Um sentimento capaz de transformar o pior defeito da pessoa amada na mais bela das virtudes. Portanto, acredito que o meu choro ao ler os três últimos capítulos do livro está justificado (rs).
Comentando, agora, a obra no seu todo, só tenho a dizer que “Marina” é o tipo do livro para se ler numa ‘tacada’ só. O enredo te prende do início ao fim e faz com que o leitor, mesmo cansado e todo arrebentado depois de um dia extenuante de serviço, acabe brigando com o sono para poder continuar lendo sempre uma página a mais.
Zafon cria um enredo de suspense envolvente na antiga Barcelona dos velhos casarões. Oscar Drai, um garoto de 15 anos que estuda num internato, passa o seu tempo livre andando pelas ruas e se encantando com a arquitetura de seus casarões. É um desses antigos casarões que desperta a atenção do garoto que logo resolve se aventurar no interior da construção. O motivo que levou o pequeno Oscar a entrar na casa foi a voz linda e suave de uma mulher reproduzida num vitrolão. Ao mesmo tempo, ele fica completamente vidrado num relógio de bolso quebrado e muito antigo. Mas, ele se assusta com uma presença na sala e acaba fugindo com o relógio. Depois de alguns dias, Oscar retorna ao casarão para devolver o objeto roubado, e então... conhece Marina.
A bela jovem de pele branca como leite e olhos cinzentos pergunta se Oscar gosta de aventura. Ao ouvir um sim como resposta, ela convida o garoto para irem juntos à um cemitério, onde uma mulher coberta por um manto negro visita uma sepultura sem nome, sempre à mesma data, à mesma hora. Os dois passam então a tentar desvendar o mistério que ronda a mulher do cemitério. A partir daí, o leitor é, literalmente, engolido para dentro de uma investigação cheia de mistérios, conhecendo, a cada capítulo, novas pistas e personagens de uma intrincada história sobre um imigrante de Praga que fez fama e fortuna em Barcelona e teve com sua bela esposa um fim trágico. Ou pelo menos é o que todos imaginam que tenha acontecido, a não ser por Oscar e Marina, que vão correr em busca da verdade.
Além de Oscar e Marina, o livro de Zafon presenteia o leitor com a história de outros personagens misteriosos que ao longo de suas 189 páginas vão revelando os seus segredos. Temos Germán, o pai da garota, que perdeu a esposa de uma maneira trágica e triste. E apesar de Marina ter tido uma participação indireta na morte da mãe, o amor que Germán sente pela filha é algo insuperável. Durante o desenvolvimento do enredo, ficamos sabendo como foi o nascimento tumultuado de Marina e também a bela história de amor de seus pais que está intimamente ligada ao relógio quebrado encontrado por Oscar.
Mas sem dúvida nenhuma, o eixo principal do romance de Carlos Ruiz Zafón gira em torno do misterioso imigrante de Praga que conquistou fama e fortuna na Barcelona de décadas passadas e de sua esposa, mais misteriosa ainda.
Em busca da verdade sobre a morte terrível do casal; Marina e Oscar se envolvem em várias situações perigosas e aos poucos vão desnudando o grande mistério. Garanto que a descoberta da verdade é de tirar o fôlego, trágica ao extremo. Esta verdade é revelada com a ajuda da misteriosa mulher de manto negro; aquela que visita a sepultura sem nome no cemitério, sempre no mesmo dia e horário.
Uma revelação que inclui manequins vivos, estufas assombradas e criaturas deformadas. Enfim, uma verdade surpreendente, daquelas que muda todo o contexto da história que você vinha construindo em sua cabeça desde as primeiras páginas.  
No final desse post, gostaria de fazer uma observação importante: “Marina” foi escrito bem antes de “O Nome do Vento”, e como o próprio Zafon afirma: é a sua obra favorita.
Uma leitura que vale a pena, mas cuidado com os três últimos capítulos para não pagar um mico em público como eu.

4 comentários

  1. Muito bom seu blog.

    Abraço.

    Augusto
    regthorpe.blogspot.com

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  2. José Antônio,

    Eu já li resenhas positivas de Marina, mas ngm tinha revelado tanto quanto o enredo quanto você. Adoro um suspense, e também adoro livros que me fazem chorar! O último que me fez isso foi Morte de Tinta... rs Mas não foi em público, que mico! rs
    Imaginava que fosse um livro enorme, mas já vi nas livrarias e é bem fininho.
    E as pessoas também elogiam outros livros do autor...
    Prciso ler!

    =)

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  3. Mico mesmo... Aliás, "Micaço!!" Quem manda ster coração de manteiga. Qto a outras obras do autor recomendo "A Sombra do Vento". Fantástica! À exemplo de "Marina".

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  4. José Antônio, chorar em público não da né hahehahaee

    Não conhecia esse autor, mas já até adicionei uns livros dele na minha lista de futuras leituras no skoob. Recomendação bacana!

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