Os contos fantásticos de eu sou a lenda

11 abril 2011
Pretendia escrever esse post pela manhã, tomando um gostoso café com chocolate enquanto organizava as idéias e as colocava no editor de texto. O plano original seria fazer um comentário sobre o livro “Eu sou a lenda”, de Richard Matheson. Como já havia o havia lido, há muito tempo, resolvi fazer uma leitura dinâmica das partes que não me lembrava mais. Foi então, que acidentalmente abri o livro num dos seus 10 contos (excetuando “Eu Sou a Lenda”), chamado “O Quase Defunto”. Resultado: estou escrevendo o post agora a noite e ainda por cima completamente diferente da minha idéia original.
Peço desculpas... Aliás, peço não. Porque não estou arrependido do que fiz. Passei a manhã inteira lendo os contos de Matheson e nem vi o tempo passar. Quando terminei, tomei a decisão de não mais comentar sobre o conto principal que abre a obra. Os outros 10 contos extras me conquistaram por completo e por isso, resolvi escrever sobre eles. Além do mais, a internet está abarrotada de opiniões e resenhas sobre “Eu sou a lenda”. Que o livro é melhor do que o filme, que a história que passa no cinema é completamente diferente do que Matheson colocou no papel, que o diretor e roteirista do longa-metragem optaram por substituir os vampiros do livro por uma espécie de zumbi ou humanóide, enfim, tudo isso, tenho certeza de que a maioria daqueles que acompanham esse blog já sabem. Por isso vamos falar dos outros contos da obra. Vale a pena.
Na época em que li “Eu sou a lenda” não tive oportunidade e nem tempo de ler os outros 10 contos que completam a edição de 295 páginas lançada pela Novo Século e que traz na capa uma cena do filme com Will Smith. Mas agora, confesso que me deliciei, As histórias são ótimas e a impressão que tive é que estava assistindo um seriado do tipo “Além da Imaginação” ou “Galeria do Terror” que fizeram muito sucesso nos anos 60 e 70.
Os contos que mais me agradaram foram: “O Quase Defunto”, “Presa”, “Guerra de Bruxa”, “Dança dos Mortos”, “Casa Louca” e “O Funeral”.
“O Quase Defunto” e “O Funeral” são duas histórias terror muito bem humoradas e que se passam numa funerária. Na primeira delas, um agente funerário recebe a visita de um viúvo que se diz muito triste com a morte de sua esposa e pede para que o papa-defunto providencie todos os detalhes do velório e que não economize em nada, pois ele amava muito a sua mulher. Quando o leitor pensa que a história está se encaminhando para um lugar comum, vem a reviravolta e na última linha do conto. Um final trágico e cômico ao mesmo tempo.
Em “O Funeral”, o dono de uma funerária recebe outra visita muito estranha. Um homem tímido que pede para comprar o caixão mais caro e alugar a maior sala de visitas da funerária. Já pensando no dinheiro extra que irá ganhar, o agente funerário acredita ter fechado o negócio de sua vida, mas o arrependimento chega quando ele descobre quem é o seu cliente e também quem são os convidados – muito atípicos – para o misterioso velório.
Não sei porque, mas esse negócio de boneca assassina assusta meô! E como assusta! Lembro-me de um filme em que uns bonequinhos macabros que se escondiam numa casa, saíam à noite para atacar os donos. Brrrrrrrr. Na época, ainda era adolescente e sei que me borrei todo de medo. Richard Matheson foi o responsável por fazer esse antigo medo reviver em mim através do conto “Presa”. A história de uma mulher que chega em casa e encontra uma boneca “feia que dói” dentro de uma caixa embrulhada num pacote é horripilante. Como ela pensa que se trata de um presente de seu namorado resolve ficar com o estranho “souvenir”. É então que o bicho pega! Só para que você tenha idéia do pesadelo que a pobre mulher vai enfrentar, basta dizer, que junto com a boneca há um manuscrito que diz o seguinte: “Este é Ele , o que mata” e “Ele é um caçador mortal”. Será que preciso dizer mais alguma coisa?
No conto “Guerra de Bruxa”, sete meninas com uma fisionomia angelical e demonstrando ser a “inocência em pessoa” são recrutadas pelo exército para realizarem uma missão atípica. É então que descobrimos que as sete garotas com menos de 16 anos não tem nada de anjinhos... pelo contrário!
“Dança dos Mortos” se passa num cenário pós-apocalíptico onde numa pequena cidade corpos de amigos e inimigos, reanimados por uma estranha substância descoberta pelo exército durante a guerra, dançam para alguns sobreviventes do holocausto nuclear. Esta dança macabra acontece numa boate mais macabra ainda. Vale lembrar que esse conto chegou a ser adaptado para a minissérie “Mestres do Terror” exibida no canal Showtime dos Estados Unidos em 2005 e posteriormente lançada em DVD no Brasil.
De todos os contos que fazem parte do livro “Eu sou a lenda”; “Casa Louca” foi aquele que achei mais perturbador. É a história de um homem com uma raiva incontrolável, melhor dizendo, uma fúria incontrolável, capaz até mesmo de se auto-mutilar. Uma ponta de lápis que se quebra ou um garfo que cai no chão  já é o suficiente para desencadear um ataque de fúria no personagem. Matheson narra com uma perfeição impressionante como esse temperamento destrutivo vai influenciando todo o ambiente em que o pobre homem vive. O final é surpreendente.
De todos os contos do livro, “Talentos Enterrados” foi aquele que menos gostei, mas mesmo assim não chega a ser ruim; o achei apenas muito estranho e com um final vulgar. “De Pessoa para Pessoa”, “Dos Lugares Sombrios” e “Vestido de Seda Branca” também não negam fogo. São histórias de terror com aquela pitada de humor negro. Vale a pena!
Segue a relação de contos:
01-   Eu sou a lenda
02-   Talentos enterrados
03-   O quase defunto
04-   Presa
05-   Guerra de bruxa
06-   Dança dos mortos
07-   Vestido de seda branca
08-   Casa louca
09-   O funeral
10-   Dos lugares sombrios
11-   De pessoa para pessoa

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