Água para Elefantes

16 março 2011
Há livros que tem o poder de emocionar; arrancar lágrimas não dos olhos, mas do nosso coração. Livros que são pura emoção e que ao terminarmos a sua leitura, ficamos com a sensação de termos realizado uma viagem que jamais esqueceremos. Pronto! Acho que já define, em poucas palavras, o conteúdo da obra prima de Sara Gruen,  “Água para Elefantes”.
Há muito tempo eu estava com vontade de ler um livro que abordasse a magia do mundo do circo. Este desejo surgiu e foi aumentando logo depois que assisti o filme “O Maior Espetáculo da Terra”, de Cecil B. Demille,  com Charlton Heston, James Stewart, Cornel Wilde e mais uma constelação de astros e estrelas. Queria  ler uma história que se aproximasse do conteúdo e da qualidade do filme, mas não estava encontrando nenhuma. Então numa madrugada, quando estava revirando as livrarias on line, descobri a jóia rara “Água para Elefantes”. Como as críticas eram muito positivas, tomei a decisão de comprar o livro, e não me arrependi.
A obra é narrada em flashback por Jacob Jankowski que aos 93 anos e viúvo se encontra numa casa de repouso para idosos, onde raramente é visitado pelos seus filhos e netos. Quando um circo chega na cidade e começa a armar as lonas ao lado da casa de repouso, Jacob inicia a sua viagem no tempo, recordando o período de sua juventude quando trabalhou para uma modesta empresa circense.
A partir daí, é como se Jacob pegasse o leitor pelas mãos e o conduzisse para dentro da história, de sua história. O felizardo que lê a obra tem a oportunidade de conhecer à fundo toda a engrenagem que mantinha em funcionamento os saudosos circos ambulantes das décadas de 20 e 30 dos Estados Unidos, cuja trupe viajava de trens de cidade em cidade para se apresentar. Jacob não esconde absolutamente nada.  Ele revela os códigos de honra e conduta dos artistas daquela época, as leis rigorosas que muitas vezes chegavam a ser desumanas. Enfim, como a própria autora define na “orelha” do livro: “Um mundo de encanto, repleto de maravilhas e paixões, mas que também abriga muita dor e ódio”.
Os personagens de Água para Elefantes são cativantes e envolventes e por isso não deixam a história perder o ritmo. Tio Al é o empresário impiedoso e mau caráter do Circo Irmãos Benzini, que além de sugar e explorar os artistas, tratadores de animais e peões que ajudam na montagem das lonas, ainda ordena aos seus capangas que jogue para fora do trem (em movimento e de preferência quando estiver passando por um viaduto bem alto) os trabalhadores e artistas doentes ou velhos que se tornaram improdutivos para o seu espetáculo. August, é o chefe dos tratadores de animais, casado com Marlena. A personalidade ambígua de August, ora encantadora, ora intratável, onde às vezes deixa vir a tona uma raiva e ódio incontroláveis, acaba dividindo a preferência dos leitores, que em alguns momentos sentem uma certa empatia pelo personagem e em outros, torcem pelo seu fim. Marlena, é a bela estrela da principal atração dos Irmãos Benzini: um número de cavalos.
Não posso, também, deixar de citar mais três personagens cativantes: o anão Kinko, no início ranzinza e egoísta, mas após Jacob conquistar a sua confiança; leal e sincero; a elefanta Rosie, que tem um papel decisivo na história e a cadela Queenie, inseparável companheira e mascote de Kinko.
O ponto forte do romance é o triangulo amoroso vivido por Jacob, Marlena e August, gerando conflitos, disputas e vingança, tendo como pano de fundo este misterioso e mágico mundo do circo. E é para lá que Jacob nos leva...
Uma obra insuperável e que sempre terá um lugar de destaque em minha biblioteca.
Que Sara Gruen mantenha sua inspiração por muito tempo para escrever novas obras tão boas quanto Água para Elefantes.
 

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